Parece que meu pensamento ouve uma musica,
Triste, que não sei de onde vem, talvez do tempo,
Ou, de dentro de mim, como uma melodia sofrida
Que a saudade, ou a angustia, ou mesmo a carência,
Foram buscar ou compor não sei. As notas se perdem
Em acordes mudos para os ouvidos, só a alma escuta,
Os olhos se perdem ao olhar o vazio, quem dera fosse
Apenas o vazio que cerca os tristes, mas é o vazio
Que me invade, me toma e se faz um pedaço de mim.
As lágrimas saem lentas, brincam em meu rosto e...
Depois, num ir suicida, se atiram dos olhos ao chão
E desaparecem, como se quisessem levar com elas
A dor que sinto mas que insiste em ficar, solta, livre,
Indo entre os sonhos que não sonho mais, as lembranças
Que caducaram e nem sabem se ainda são lembranças
Ou desejos ilusórios que a alma cria para fingir-se
Completa. E eu... buscando nos ontens o que lá deixei,
Como se não tivesse deixado lágrimas também.
José João
24/08/2.018
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