Já caminhei por estradas vazias, perdido no nada,
Até mesmo perdido de mim, estradas sem margens,
Chão de pedras, cheio de solidão, suspiros tristes,
Passos reticentes, e a tristeza, como fosse poeira
A levantar-se soprada pela dor, sufocava a voz,
O grito, que a alma queria que a vida ouvisse.
Estradas frias, sem rastros, vazias de sentimentos
Onde os ontens sucumbiam num atroz esquecimento,
Os sonhos que foram sonhados se esvaziavam
Do pensamento e os sonhos novos não se criavam.
Caminhei por estradas assim, teimando na loucura
De sonhar que a vida era apenas um espaço meu,
Levava comigo pedaços de saudades, de momentos,
De palavras soltas que as vezes ouvir doía tanto!
Mas tinha a estrada para seguir, mesmo sozinho...
Ainda hoje a estrada é a mesma mas a dor é bem maior,
O tempo já não é só meu, está ficando tão pesado!
O pranto ficou mas fácil, a solidão... morbidamente
Mais zelosa comigo... a estrada continua a mesma,
Meus passos é que estão mais velhos, e a vida
Mais difícil de sonhar! Ainda mais quando se sonha
Sozinho.
José João
21/01/2.018