É noite, os sonhos correm em louca agonia
E escondem-se na sua pecaminosa nudez
Ela, toda nua, se entrega promiscua ao tempo
Que a faz amante e lhe acaricia passando lento
A solidão, por ciúme ou despeito, quem sabe?
Se prende no nada, sufocando, gritando calada
Que a noite é sua, e se espalha num vasto querer
E estar nessa noite é o mesmo que não viver
A lua, aparvalhada, olhando sem dizer nada
Se põe desenhando imagens no chão da rua
E eu, sentado, grito as dores dessa vida crua
Essa vida em que amar, é não viver, é chorar,
É o mesmo que ir sem ter lugar para chegar
Ou ficar e nunca mais ter pra onde poder voltar
José João
18/12/2.017
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