quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Eu, sem saber de mim.

Já me escrevi como mentiras, como verdades,
Como histórias de dores que senti e chorei,
Já me escrevi em versos de angustias fingidas, 
De sonhos que não sonhei. Já fingi até ser eu mesmo!
Brinquei de sorrir bebendo prantos, gargalhei
Ironizando a tristeza que tanto doía em mim...
Povoei a solidão com imagens que inventei,
Enganei o silêncio fazendo que ele me falasse
Coisas que só a alma podia ouvir, e ele, o silêncio,
Se quebrava em ecos pelo tempo, jurando que era
Minha a voz com que ele contava meus segredos.
Já perfumei versos com o cheiro de lágrimas...
Brinquei de artesão com a saudade e lhe esculpi
Em forma de poesia, sem métrica, sem rimas,
Cheia da inocência transparente dela mesma.
Ah! Já me fiz tanto... que hoje nem sei de mim!
Se sou uma dessas histórias que ninguém acredita,
Se sou uma dessas mentiras verdadeiras, irônicas,
Que a vida insiste em contar pra fazer rir...
Quem me dera eu fosse o sonho de alguém...
Que me busque, quem sabe até em desespero...
E que por mim tenha algum zelo!?

José João
14/12/2.017

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