Um dia, alguém chorava em minha frente
E as lágrimas eram tão tristes... tão tristes
Que nem vi a cor dos olhos que choravam,
Vi apenas a dor da alma que parecia
Se contorcer em dolorida convulsão,
Pedindo, com os tantos prantos, apenas
Uma palavra, um abraço um sussurrar
De: estou aqui. Ah! Essa minha alma!
Também carente, se propôs chorar junto
E chorou, com lágrimas vivas a outra dor.
E juntas, abraçadas naquele doloroso
Sentir, não viam cor, apenas se entregavam
Sabendo que as lágrimas se misturavam,
Se abraçavam num inocente abraçar,
E as almas pareciam mais alividas
Se faziam uma só, sem medo, sem temor,
Sem se olharem com os olhos, tão poucos!
Preferiram se tocar com a plenitude
De suas existências. Até que um dia...
Outra vez as lágrimas, mas dessa vez,
A saudade não era doída, era só mesmo
Saudade, e as lágrimas se misturaram,
Mas sem dor, ficava um pedacinho de cada
Coração dentro do outro...
José João
30/10/2.017.