sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Não sei mais do que preciso

Já não sei mais do que preciso, me perdi.
Fiquei procurando caminhos, horizontes,
Procurando sonhos que não podia sonhar,
De repente, tudo ficou tão triste, tão vazio
Que até as lembranças se foram, perderam-se
Entre meus tantos perdidos e os caminhos
Se fizeram veredas que vão a lugar nenhum.
Os versos se repetem sem palavras novas,
As rimas se esconderam, se fizeram sombras
Como se fossem pedaços soltos da alma
Dizendo  o que ninguém mais quer ouvir.
Não me escrevi mais nas poesias, até elas,
Pela falta de mim, se calaram, emudeceram,
E nesse silêncio que dói tanto me procuro.
Tudo se foi e não vi. Só agora percebo..
Estou só e, um temor, quase um desespero,
Me toma quando me pergunto e, sem resposta,
Por medo de me ouvir, calo, olho para o nada,
Um soluço sai sutil da alma e... não sei...
Não sei mais do que preciso.

José João
29/08/2.017

sábado, 23 de setembro de 2017

A magia dos sonetos

Que santificada magia tem os sonetos?
Contam vidas inteiras em poucas linhas
Fazem amores e tristezas pares perfeitos
Até fazem que outras dores sejam minhas!!

Tão mágico são, que neles cabem saudades,
Cabem espinhos e flores no mesmo verso,
Cabem sonhos, mentiras se fazem verdades
Onde nem a dor pari sentimento tão perverso

Sempre brincam de brincar com os momentos
Buscam sonhos e pensamentos tão distantes
Que faz ser saudade o que antes eram tormentos

Que magia santificada é a magia dos sonetos!!
Tão pequenos que, olha, cabem na palma da mão
Mas tão grandes que fazem de mundo um coração


José João
23/09/2.017


Meu mais perfeito alento

Se essa saudade se fizer de sempre, te juro
Que em mim a farei divina, eterna e tanto
Que me farei, lavado em lágrimas, tão puro
Para te rezar anjo mulher de infindo encanto

Te rezarei em orações na mais perfeita prece,
Tua imagem, em mim será perfeito templo
Serás a mais perfeita dadiva que a vida oferece
E gritarei aos anjos que deles és o exemplo

De braços abertos em clamor vindo da alma
Aos céus peço que nunca faça ir essa saudade
Que se faça, pra sempre, vida e perene verdade

E dentro dessa saudade do tamanho do tempo
Te amarei como se nada mais fosse preciso
E serás com ela o meu mais perfeito alento.


José João
23/09/2.017


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Eternamente saudade

Ah! Esse movimento inconstante da vida!
As vezes traz tristezas, outras vezes, sonhos...
Mas quase sempre traz saudades, 
Algumas risonhas, outras em lágrimas, 
Mas sempre traz e ... onde se estiver.
Algumas vezes,  palavras ditas não sei por quem,
Apenas ouvidas no que seria um simples ouvir
Te trazem tão intensamente, que vens com prantos,
Com dor, com a imensidão da falta de ti,
Tão grande que me faz o menor de mim. 
As vezes, sem que eu peça, tu me vens, lentamente,
E vai chegando.... e vai crescendo, me tomando,
Me invadindo, tanto que te apossas de mim
Como se minha alma vivesse por nós dois,
Aí não sinto dor, nem tristeza, apenas sinto
Nossas vidas pulsando dentro dessa saudade
Que se fosse sempre assim, doce, sem dor,
Sem angustias, pediria em orações
Para que fosse eternamente saudade.


José João
21/09/2.017

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

... pago com lágrimas...

Ah! Essas mágoas que tanto me afligem agora!
Quem me dera voltasse a paz de tempos idos!
Em que tudo era alegria ser feliz não tinha hora
Não havia tristeza, não havia sonhos perdidos

Livre a envolver-me em saudades passageiras
Brincando de escrever versos em rimas soltas
Sabendo que das saudades não havia derradeira
Com todas elas brincava dizendo ser a primeira

Que belos tempos! Há muito perdidos de mim!
Hoje caminho só, tropeçando em passos lentos
Cantando cantigas rotas que me servem de alento

Se hoje choro sozinho o vazio das ilusões perdidas
Foi minha culpa, brincava fingido, dizendo amar
Portanto, só lágrimas para redimir esse meu pecar


José João
20/09/2.017


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Brincando de solidão.

Não que não queira ouvir o que me dizem
Mas sempre repetem: Porque és tão sozinho?!
Mas como sozinho? Me pergunto em silêncio.
Pra que serve a solidão? Não é para dar carinho?

A mim ela me ouve como se fosse toda minha
Se entrega por horas sem lugar, sem escolher
Não sei de nós dois, um ao outro quem busca
Só sei que, paciente, me escuta até o alvorecer

Me faz que eu seja história, até me faz sonhar
Me deixa livre no tempo para eu ir me buscar
E se venho com lágrimas, ela me ajuda chorar

Não sei porque dizem que sou tão sozinho!!
Até firmam, que esse vazio me toma de mim
Mas a solidão, pra mim, brinca de ser carinho 


José João
11/09/2.017


domingo, 10 de setembro de 2017

Para te amar...

Para te amar não me bastam todos os dias,
E, até te juro, talvez uma vida seja pouco.
Para te amar me fiz alma, pura e ingenua 
Me fiz tempo, me fiz homem, me fiz louco

Para te amar, fiz da eternidade do tempo
Meu abrigo, Te fiz meus sonhos divinos
Busquei nos teus olhos a beleza de viver,
Te fiz anjo pra poder te louvar em hinos

Para te amar, te fiz toda minha verdade
Te escrevi em poesias, orações e ladainhas
E pedi aos céus que fosses minha saudade

Não essa saudade que todos dizem sentir
Essa minha vem da alma, vem aos prantos,
Viva, como se ontem ainda estivesses aqui.


José João
10/09/2.017


sábado, 9 de setembro de 2017

Costurando retalhos de mim

Ah! Essa tanta dor que minha alma chora!
Essa tua ausência que me divide em pedaços
E, de mim, faz meu próprio resto, perdido,
Dentro de uma solidão que, talvez por pena,
Se desmancha com meus prantos e vai...vai
Com eles buscar uma saudade que alivie a dor.
Me perco no escrever versos que não vêm,
Risco palavras, apago pensamentos, paro,
Olho para o tempo e nada, nenhum pensar,
Nem sonhos. Costuro retalhos de mim
Para completar uma história...mas só vazios,
Reticências mudas, murmúrios incoerentes
Que se vão soltos como se fossem orações
Que não sei rezar, mas vão como eco
Do silêncio e se perdem no tempo ou...
Até mesmo dentro de mim. Alinhavo versos
Com entrelinhas mudas misturadas com rimas
Rotas, em frangalhos, assim como estou.


José João
09/09/2.017


quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Eu, o passageiro

Lá, bem longe, onde o olhar quase não chega,
Lá, onde os olhos acham ser o fim do mar,
Desliza um batel ligeiro levado pelo vento,
Indo sem rumo, sem porto para ancorar,
Mas vai, sem paradas, volteando por entre ondas
Cantantes, cantando uma canção que ninguém
Sabe os acordes. Dentro dele, do batel ligeiro,
Mesmo tão longe, ponho meus pensamentos,
Ilusões e assim me faço dele um passageiro...
E vou. deixo que me leve, sinto e até ouço
A  brisa murmurando poesias que só sei ouvir
E, calado, me ponho a sonhar com horizontes
Que nunca vi, que nem sei se existem...
E dentro do batel ligeiro, sonhando sonhos
Cheios de vontades, escuto alguém dizendo:
Te amo. De repente acordo e nada vejo...
É a ilusão, enganando a mim e minha alma...
Na verdade estou só, foi apenas um sonho...
Que me deixou ainda mais vazio.


José João
07/09/2.017


Por força do silêncio

Silêncio! Tão intenso que se faz denso,
Mórbido, tanto que parece engolir
O tempo com avidez, enche a casa de vazios,
De angustias, de ausências que até a saudade,
Vindo de longe, se recusa chegar, fica na soleira,
Espiando assustada, com medo de entrar,
Os pensamentos se atropelam num tormentoso ir,
O sonhos fogem correndo em histérica algazarra
Como se nenhum quisesse ficar por último
E fazer-se vítima de um mero esquecer
Que a solidão, em prodigioso existir, faz de sonhos,
Vontades, até momentos vividos, apenas pedaços
De vida completos de tristezas, dessas que o silêncio,
Até mesmo dentro da alma, onde o vazio
É preenchido pela dor de um adeus 
Fará sempre dor... jamais chegará a ser saudade.
Tudo se faz lágrimas, até os momentos,
Que antes se enfeitavam de risos, hoje, coitados,
Se prendem no tempo como pequenos detalhes
Que nem de lembranças de fazem mais.

José João
07/08/2.017


sábado, 2 de setembro de 2017

Hoje não era dia de poesia

Estou tão vazio de mim que até a poesia
Se esconde onde nem meus sonhos podem busca-la.
Ficam arredias, fogem, me deixam só, sem razão,
Sem vontade, e nesse desesperado silêncio, 
Que o vazio de mim impõe á minha alma, me perco.
Silenciosas lágrimas fazem meus olhos brilharem,
Sussurros moribundos num reticente nada dizer
Insistem em vã tentativa de, coitados, se fazerem voz.
Olho em volta  procuro por veredas, caminhos 
Que me levem ao horizonte, lá, bem distante,
Onde quem sabe, uma poesia esperando por mim
Esteja pronta para me fazer gritar nos versos
E nas entrelinhas, mesmo em rimas soltas e tortas 
Que uma poesia se fez minha, poesias são como anjos,
Volteiam por aí até encontrarem seu poeta e a ele
Se entregam toda, cativas, falando de saudades,
De tristezas, mas hoje nenhuma poesia 
Quis ser minha. Hoje só me foi permitido chorar...

José João
02/08/2.017