terça-feira, 27 de junho de 2017

Que a saudade se faça destino

Depois de tantos momentos tão intensamente vividos,
Guardados dentro da alma, como se a eternidade
Ali também estivesse, guardando como se fosse divino
Os que a vida permitiu. Depois de tantos sonhos
Que se fizeram apenas um como verdades de dois,
Depois dos detalhes que de história se fizeram,
O viver de agora, sem essa saudade, não seria viver.
Me perco em vagos devaneios nos buscando
No tempo, te trago para perto como se tudo
Ainda estivesse tão aqui, como se os ontens
Fossem hoje e tudo estivesse em volta de mim,
Até a brisa se perfumou com teu perfume doce,
Único, como se apenas ele existisse no tempo.
Não seria vida não fosse essa saudade, viva,
As vezes cheia de risos, outras de lágrimas
Mas a te trazer, a te fazer, apesar do tempo,
Minha maior verdade. Te amar tanto assim
Me ensinou que o que o destino não permite
Ser para sempre, que para sempre seja a saudade
A lembar o que vivemos e ainda ...amamos.
Talvez seja isso a eternidade.


José João
27/06/2.017

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Pobre sombra de mim!

Pobre sombra esvaecida de mim mesmo
A caminhar num vazio que se fez mundo
A ir sem saber onde, caminhando a esmo
Como se fosse estrada abismo tão profundo

Sou aquele a quem os olhos já não vêm mais
Aquele a quem chamam pobre alma perdida
Que faz de arrimo qualquer pedra de cais
Como se fosse o mar sonho que o leve a vida

Talvez seja este meu sonho mais verdadeiro
Esse que se sonha torpe em demente medo
Desses que se faz de hediondo pesadelo 

Sou, talvez, alma que procura em desespero
O que um dia o tempo ou destino lhe tomou
E aos céus blasfema porque nunca encontrou 


José João
26/06/2.017


sábado, 24 de junho de 2017

Perdoa se fui tão pouco.

Perdoa se não soube te amar, me entregar mais.
Perdoa, mas foi tudo que pude fazer... tudo...
Se achaste pouco, que seja eu a sentir essa angustia,
Que me doa na alma ter sido tão pequeno, mas te amei,
Te amei como se fosses a própria vida a fazer-me
Flutuar entre os momentos, todos teus, sem reservas.
Perdoa, se me fiz tão pouco mas dentro de minha alma
Só tu existias, todos os meus pensamentos eram teus.
Perdoa se minhas palavas, abraços, beijos e carinhos
Não traduziram meus sentimentos ou, talvez...
Não os tivesses percebido, mas eram todos teus...
Sozinho, rezava orações com teu nome, meus olhos
Desaprenderam a ver tudo que não fosse tu...
Respirava o teu ar, sorria teus sorrisos e até...
Sonhava teus sonhos, nunca fui além de ser
Todo, pleno e totalmente teu. Não percebeste...
As vezes somos tão pouco que o tudo que se dá
Não é percebido. Que pena não teres visto
Meus olhos gritarem mais que as palavras
Quando, em lágrimas alegres, diziam te amo
Com a ternura que minha alma te olhava.
Perdoa, pelo tanto ter sido tão pouco, Perdoa.

José João
24/06/2.017


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Gritos que a alma não ousa gritar.

A saudade, corria na noite, alucinada, louca,
Tentando encontrar sonhos disponíveis
Que trouxessem pedaços vividos dos tantos
Ontens que se fizeram viver, se fizeram poesia,
Os tantos momentos que se fizeram de sempre
Mesmo que agora se pareçam poesias inacabadas.
A noite, não sei se por maldade, se arrasta lenta
Sem nenhuma pressa de passar, sem quer ir-se,
A solidão, cor de treva, de gosto amargo,
Num escuro sem brilho, com um olhar demente
Desnuda a alma cabisbaixa, carente, ajoelhada
Em contrita oração pedindo baixinho que ela,
A solidão, não doa tanto. E a noite, sem
Nenhum alvor, se deixa ficar vazia e...
O escuro vazio da solidão grita em mórbido
Silêncio que não é preciso ser feliz para viver.
Mas a saudade, sempre prestimosa, fica ali,
Parada no pensamento, fazendo o coração
Bater mais forte e a alma fingir sorrisos,
Cheios de lágrimas que sofrem nos olhos
Como se fossem gritos que ela não ousa gritar.

José João
22/06/2.017

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Talvez... brincar de ser feliz.

Hoje quero gritar, correr entre quintais,
Correr no tempo sem ter onde ir, mas ir...
Correndo por caminhos sem rumo, por veredas,
Descobrir horizontes, ouvir o eco de minha voz,
Mesmo sem saber o que digo, quero apenas gritar.
Não é raiva, talvez seja um descabida angustia,
Talvez buscando uma saudade que não senti ainda,
Um sonho que ainda não sonhei. Procurar sorrisos
Que ainda não foram dados, palavras não ditas,
Escrever poesias no chão, conversar com o tempo,
Ouvir a brisa de um lugar onde nunca fui,
Hoje quero fazer diferente, até gritar, te amo,
Mesmo sem ninguém ouvir. Não importa.
Quero ver outros mares, andar na multidão
Cheia de palavras diferentes, sem sentido,
Não sei se é loucura, se é solidão, se é medo,
Ou se é essa vontade de viver, de amar, não sei.
Mas hoje quero gritar, correr, até brincar...
Brincar de ser feliz, é isso,. Brincar de ser feliz.


José João
21/06/2.017


Quantas vezes já te esqueci!

Quantas vezes, te juro, já te esqueci!
Mas sempre voltas, viva e mais forte
A atirar-me nos momentos que vivi
A fazer-me chorar por tudo que já senti

Te esqueci ontem quando chorei sozinho
Te esqueci a noite, dormi sem te lembrar
Esqueci palavras, detalhes, esqueci carinhos
Até vires, sorrateira, dentro de um sonhar

Até a saudade, que também quis esquecer
Te traz sem que eu queira, sem eu pedir
As vezes, com raiva, finjo que te esqueci

Mas a bem da verdade, finjo quando minto
Quando juro te esquecer, a saudade sorri
E faz de sempre essa loucura que sinto.


José João
21/06/2.017

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Se a solidão tivesse cor...

De que cor seria a solidão, se cor ela tivesse?
Seria cor de tristeza? Ou cor do vazio?
Seria da cor das lágrimas que se chora sozinho?
Que cor teria a solidão, se cor ela tivesse?
Não teria a cor da saudade, nem de lembranças,
Não teria a cor dos sorrisos, mesmo fingidos,
Talvez tivesse a cor do tempo, desse tempo
Que não passa, quando a dor é mais doída
Pintada com a cor da solidão por serem parecidas.
Que pintor pintaria a solidão? E com que tinta?
Talvez fosse cor da ausência que dói dentro da gente,
Ou seria da cor dos prantos que a alma chora,
Quando sozinha, em mórbido silêncio, se entrega
Submissa à própria solidão? A cor da solidão...
Será que parece com a cor daquela lágrima
Que sofre nos olhos sentindo a dor demente
Que faz viver ser tão difícil, tão sem viver?
Quem dera a saudade soubesse a cor da solidão!
Mas penso que solidão que se preza não tem cor...
Se tivesse não seria solidão, e ela é apenas
Aquilo que não se sabe dizer, só se sabe sentir.

José João
19/06/2.017


domingo, 18 de junho de 2017

Sempre atento para amar-te

Apraz-me essa saudade tua, mesmo estando toda
Entre alegres sorridos fingidos e lágrimas tristes.
A ela me entrego todo, como se senti-la
Fosse viver outra vez a plenitude de estar contigo.
Me faço criança a sonhar-te, me faço poeta 
A buscar-te entre as poesias ainda não escritas
Mas cheias de ti. esperando inocentes e passivas.
Dou-me ao tempo no prazer de pensar-te minha,
Ainda minha, sem distâncias, sem medos,
Por saber que os amanhãs, ainda cheios de ti,
Não me permitirão nunca pensar em ausência.
Entrego-me a cativar-te em minha memória,
Te deixo toda, plena e comodamente  habitar
Minha alma, no espaço mais divino dela,
Onde apenas os sentimentos mais puros
Se fazem história, se fazem vida, se fazem nós.
Não me permito, e nem mesmo ao tempo, 
Que o esquecimento se faça voz em mim
Fazendo de nós um passado esquecido.
Minha alegria é triste, mas é essa saudade tua
Que me faz estar sempre atento para amar-te...
 e ... viver.


José João
18/06/2.017
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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Ah! Essas divinas poesias!

Que seria de minha alma não fosse a poesia!
A doce e terna poesia, mesmo escrita em lágrimas,
Gritando saudades... mesmo fazendo versos
Chorados pela dor da solidão, versos tristes,
Que até despertam prantos, mas se fazem poesias,
Histórias vividas em que corações se juntaram,
Se confessaram e se amaram, as vezes em segredo,
Outras vezes como versos inacabados, em que sobram
As saudades, as lembranças e até mesmo a angustia.
Ah! Essas poesias que me deixam a alma viva,
Transbordante de sentimentos, buscando palavras,
As vezes soltas, outras vezes versos sem rima...
Mas brincando de pintar histórias, qualquer história,
De risos, de prantos, de dores as vezes tão doloridas
Que são escritas com risos fingidos mas fazem pulsar
Corações, fazem a vida ter tantos sentidos
Que loucura e razão se confundem, se cruzam,
Se trocam, se tocam numa insensatez divina.
Ah! Essas poesias que me fazem a alma brincar
Seriamente de ser livre, de ser viva...
De ser eterna..

José João
16/06/2.017


segunda-feira, 12 de junho de 2017

A dor que a alma sente

Grita, minha pobre alma, tua dor
Reza blasfêmias ou santas orações
Ajoelha-te, submissa em clamor
E pede aos céus, pede com fervor

Que as tantas cicatrizes mal saradas
Essas que a solidão lambe sem pudor
Se façam dores passadas, esquecidas
Sejam histórias no tempo já perdidas

Cuida que se em ti chegarem prantos
Deixa que em mim todo se derrame
Que deles farei versos, farei cantos

Que as lágrimas, pela tua dor parida
Corram em meu rosto como alento
Que a ti sempre, juro, estarei atento


José João
12/06/2.017

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Minha amiga... saudade

Lá fora, a noite brinca de esconder fantasmas,
A chuva cai como se fosse prantos chorados,
Não se sabe por quem, talvez pelo tempo
Que, coitado, eterno, deve ter muitas dores 
Para chorar, muitas histórias tristes pra contar.
No quarto, sozinho, sentindo meu próprio vazio,
Os fantasmas não precisam de portas nem janelas
Para entrar, apenas se fazem donos da noite
Ocupam todo o espaço, sufocam meus momentos,
Já mesmo quase todos perdidos num torpe esquecer.
A solidão, silencioso fantasma a fabricar silêncios,
A angustia,, a esgueirar-se sorrateira em volta de mim,
A tristeza, sentada comodamente no canto dos olhos,
Em louca frenesi fabrica lágrimas, muitas lágrimas,
Tantas que se atropelam, esperam um soluço apenas
Para explodirem, como em convulsão pelo rosto
Escrevendo nomes que não esqueço. Só a saudade,
Num comovente esperar, me traz um sorriso,
Num fingido sorrir, e me diz baixinho:
Não te aflijas, estou aqui para chorar contigo

José João
09/06/2.017

quinta-feira, 8 de junho de 2017

A beleza dessa saudade tua

Ah! Não fosse essa saudade tua! Que me toma,
Me invade, me trás vida entre as tantas tristezas.
Com ela brinco de viver, de estar contigo,
Passo por sobre o tempo e me entrego todo
A senti-la como se estivesses aqui, perto de mim.
É verdade que as vezes choro, que as lágrimas,
Como crianças matreiras, brincam em meu rosto,
Nele rabiscam teu nome, e que meus soluços
Se fazem inocentes tentativas de gritar,
Ainda te amo... que o tempo pára e o momento
Se faz eterno dentro da alma que entre sorrir
E chorar se põe a guardar-te carinhosamente.
Ah! Não fosse essa saudade tua a despertar-me!
A me fazer correr entre os sonhos e buscar-te
Toda e plena e me vestir de ti! Se ainda
Sei sorrir, é essa tua saudade que me permite,
Sorrisos alegres, tristes, sorrisos que as vezes
Confundo com um silencioso confessar
A dor que sinto. Mas é ela que, quando me vem,
Te traz toda, me tomando e se apossando de mim.


José João
08/062.017

quarta-feira, 7 de junho de 2017

A te ouvir me ponho atento (loucura)

O que me fazes, saudade? E porque me vens?
Deixa-me aqui no silêncio de mim, no vazio,
A oferecer-me, além da dor, o que mais tens?
Mas te fazes tanto que presumo estares no cio

Perco-me entre os sonhos, coitados, mortos,
Se não, pelo menos, pobres sonhos caducos
A me fazerem descabida e patética companhia
Companhia que, alma sã, te-los não se atreveria

Mas essa minha loucura demente, cheia de ti
Me faz buscar-te no mais escondido de mim
E brinca de saudade eterna de dor sem ter fim

Calo-me, e no silêncio que me toma o tempo
Deixo-me ficar na demência de tentar te ouvir
Se te amar é viver, a te ouvir me ponho atento

José João
07/06/2.017






segunda-feira, 5 de junho de 2017

O que não permito da solidão

Que me seja a solidão uma santa companheira
Se assim o desejarem a vida ou mesmo a alma
Que se faça em mim de hospede ou de passageira
Mas que me seja a primeira, a última, a derradeira

Que minha alma se faça forte e me faça entender
Que mesmo assim, em plena solidão, sem nada ser
Com o silêncio comum aos que sozinhos vivem
Sinta-me repleto do que sobrou de mim e...viver.

Mesmo que saudades se percam dentro de mim,
Se façam pedaços de momentos até já esquecidos
Que a alma não esqueça de um dia te-los vividos

Dou-me todo à minha solidão, gentil companheira,
Mas só não lhe permito que mesmo em vazio estar
Não sejam minhas as lágrimas e a vontade de chorar.


José João
05/06/2.017


Saudade... é uma história

Pobre alma minha, tantos segredos escondidos!
Tantas dores guardadas, tantas angustias choradas!
Reza, pobre alma minha, pelos amores perdidos
Chora, com lágrimas que, em silêncio, gritem caladas.

Chora, minha pobre alma, nos tantos versos molhados
Alguns cheios de mim, contando coisas que escondo
Outros, talvez por pena, não sei, se deixam inacabados
Mas chora, pobre alma, chora o que a dor está impondo

Não te sintas ridícula, deixa que o sentir te tome toda,
Deixa que os soluços se façam orações rezadas
Ou faz que tuas dores se façam contos de fadas

Assim fingirás que dor é apenas brincar de chorar
Que amar é viver um sorrir e chorar um depois
E que saudade é a história que um chora por dois


José João
05/06/2.017


quinta-feira, 1 de junho de 2017

Essa angustia da falta de mim.

Queria poder sorrir como tantos sorriem,
Mesmo que fosse um sorriso triste...
Desses que ninguém quer sorrir... me serviria.
Queria ter menos segredos escondidos...
Queria partilhar alegrias, cantar, brincar...
Fazer poesias com a primavera, pincelar nos versos
A beleza das flores, fazer do meu lápis um cinzel
E esculpir sorrisos, pássaros gorjeando trinados
Que só sei ouvir. Ah! Como gostaria!!
Gostaria de sentir a beleza do alvor do dia...
Declamar para o sol criança uma poesia alegre,
De sentir a brisa passar inocente entre as cercas,
Passear nos quintais, fazer dançar, suavemente,
As flores do pé de flamboyant! Mas lágrimas...
É só o que sei fazer, prantos que chegam,
Se fazem veredas em meu rosto por onde
a saudade, pálida, por também sentir a dor
Que sinto, passeia em passos lentos, carregada
Por um lágrima triste que insiste em não cair
Do rosto, pendura-se tenazmente na esperança
De que um sorriso lhe faça atirar-se sorrindo
Ao Tempo. Mas nada! Só mesmo essa angustia
Da falta de mim.

José João
01/06/2.017