segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ainda escuto aquele seu olhar

Havia uma estranha eloquência no seu olhar
Quando ela gritava, a plenos olhos: te amo,
Minha alma tremia em devaneios incontidos,
Meu coração, aos pulos, sem saber se conter,
Por vezes até chorava alegre. E as palavras...
Envergonhadas, se escondiam dentro de sussurros
Que nem precisávamos ouvir... nada diziam.
Até hoje, ouço no meu angustiante silêncio,
O grito do seu olhar, vejo ainda o inocente sorriso 
Que só seus olhos sabiam sorrir... e choro...
E minhas lágrimas, desenham sonhos em meu rosto,
Escrevem seu nome, brincam de me enganar
Fingindo, em meus lábios, que são seus beijos. 
Grito, com um mórbido silêncio dentro de mim,
Orações que não sei rezar, blasfêmias que aprendi
Com essa toda tristeza que tua ausência me impõe.
As vezes até rezo baixinho orações antigas,
Que aprendi quando estavas aqui, mas elas,
Coitadas, só serviam quando éramos apenas um,
Agora se perdem como se nem mais fossem orações.
Mas ainda hoje, é aquele olhar que ainda ouço
Me dizendo: te amo.

José João
28/11/2.016


Lágrimas... uma poesia sem palavras

Palavras! Tão poucas para tanta saudade!
De que valem se não sabem dizer a dor que se sente?
As vezes, a dor da saudade é tanta, que nem as lágrimas
Dizem o que a alma chora, e um silêncio cheio de angustia,
Falando baixinho, diz o que ela já não precisa mais ouvir,
Nesse vazio, em que solidão e tristeza se fazem vivas,
A alma tenta enganar-se, finge um sorriso que nem existe,
Se põe num vagar entre o nada e os sonhos que se foram,
E tudo fica sem razão, outra vez as palavras se escondem
Por serem poucas, por nada dizerem e, envergonhadas,
Se fazem mudas. Só o pensamento, feito louco, gritando
Desesperado, nomes que perdidos dentro de um adeus
Já nem se faziam mais saudade, mas uma tão louca carência
Faz que traga, sonhos caducos, sorrisos antigos,
Momentos que se foram a tanto tempo, só a loucura
Da carência para traze-los de volta, faze-los vivos
Dentro da gente... como se para viver fosse preciso
Chorar... em silêncio e... sem palavras...


José João
28/11/2.016


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Amar é não ter medo de chorar

Desde quando perdi o medo de chorar 
Perdi o medo de amar e de viver os amanhãs,
Me fiz livre para me entregar ao prazer de amar,
De deixar que a alma se entregue toda, nua e pura
Por apenas amar, e se faça intensamente viva.
Perdi o medo de me fazer amante, de sonhar
Os sonhos mais impossíveis, de gritar ao mundo:
Te amo, como se assim fosse respirar e viver.
Mas me dispus a fabricar lágrimas e guarda-las,
Carinhosamente, num canto escondido de mim,
Estão guardadas, saudades inteiras, sonhos...
(o amar tem dessas coisas, um dia pode também 
Ser triste) Por isso perdi o medo de chorar.
Se um dia houver um adeus que não queira dizer,
Tenho lágrimas guardadas para chorar, e sem medo
De chora-las, tenho saudades inteiras guardadas,
Basta nomeá-la, senti-la e deixa-la comodamente
Dentro de mim. E se a alma perguntar passiva,
- O que faremos hoje? Respondo apenas...
Temos uma saudade pra sentir e lágrimas pra chorar...
- Sem medo - isso também é amar.


José João
23/11/2.016

Era uma vez um sonho que...

Era uma vez, há muito tempo atrás, um sonho,
Um sonho desses que se sonha quando a carência
Toma conta da alma e a faz perder-se na tristeza
De todos os dias. E o sonho não se faz verdade,
Continua apenas esperança, e os dias passam...
O sonho vai envelhecendo, vai ficando caduco,
Os detalhes vão se perdendo, ficando esquecidos,
Lentamente cedendo lugar a uma mórbida tristeza,
E uma saudade, mais doída que qualquer saudade,
(por ser saudade do que não se viveu) toma conta
Da alma, a carência fica do tamanho dos dias,
Que lentos, como se não quisessem passar,
Como se estivessem esperando chegar a solidão,
Que vem sem pressa, por saber que a alma, triste,
Está aberta pra que ela entre, se aposse, tome conta
Dos pensamentos, se faça única dona do tempo.
Era um vez, há muito tempo atrás, um sonho
Que deixou de ser sonho, não porque aconteceu...
Mas porque se perdeu no tempo e nunca mais voltou.


José João
23/11/2.016


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Soneto do prazer de amar

Ainda vou amar e sempre e mais e tanto
Que amores passados se façam pedaços
Dos amores que ainda vou amar e viver
Como fosse a vida um eterno amanhecer

Vou me entregar todo e tanto que até o pranto
Se por acaso um dia em mim vier aos olhos
Hei chora-lo como fosse oração... um canto
Que ainda seja repleto de ternura e de encanto

Que a cada amor que hei de amar seja a saudade
Um livro de histórias que conte nas entrelinhas
Momentos que de sonhos se fizeram só verdade

Que a cada amar em mim se faça doce loucura
Para que todos os amores se façam o primeiro
E que não seja o último o meu amor derradeiro



José João
22/11/2.016

Dor para doer tem que ser...

Se há de ser dor, que doa como qualquer dor,
Que se sente, que se chora, e ela sem nada dizer,
Calada... dor que se preza só faz mesmo doer
E fica... desdenha das horas é o que sabe fazer

Mas dor, pra de verdade doer, há sempre de haver
Uma lágrima, uma saudade, até mesmo um pranto
Desses que enganam, entre ri, chorar e lembrar
Desses que é a alma que chora e... sentindo prazer

Louca a alma demente, num não saber incoerente
De sentir prazer numa dor que só ela sabe sentir
E fica parada, aos gritos, com um chorar indecente

Antes nua, agora se veste, sem querer se vestir
Com lágrimas bordadas de uma tristeza carente,
Com um sonho perdido de uma lembrança ausente


José João
22/11/2.016



terça-feira, 15 de novembro de 2016

As vezes os versos falam por mim

Porquê me perco ao tempo? A mim pergunto,
Fazendo versos de saudades tão doídas?
Fazendo poemas sem que neles nada fale
A não ser de tristezas, e dores tão sentidas?

A mim pergunto e não vem qualquer resposta
Só exclamações que também nada me dizem
Versos secos porque as lágrimas se foram
Com os sonhos, que já há muito se perderam

Me vejo sempre juntando saudades e adeus
Pedaços de mim remendados pelo pranto
Que não choro mas que a alma faz de canto

Não sei de onde vem dor assim tão doída
Que até os versos, talvez por pena, não sei
Gritam por mim coisas que nunca falei


José João
15/11/2.016


sábado, 12 de novembro de 2016

Minha alma...uma criança sonhando.

Lágrimas, pensamentos, sonhos, todos saem
Em desesperado procurar, por ruas, entre canteiros,
Pelas esquinas do tempo, alguém de quem não sei,
E nem onde está, mas que deixa essa saudade
Dolorida, tão difícil de sentir que o pranto,
Se fazendo de oração, reza um nome que não sabe
Dizer, apenas deixa que o silêncio, sussurrando, diga.
Não sei se partiu ou nunca chegou, não sei do tempo,
Nem quem escreveu essa história e se um dia aconteceu,
Mas a alma sente e manda os sonhos buscarem momentos,
Fragmentos, que façam lembrar o que uma saudade
Descabida diz que um dia foi verdade e fica insistindo
Que até um vazio se faça tanto e a alma chore
Como se fosse verdadeira a dor que sente, e grita,
E se angustia, como se tudo tivesse sido um dia.
Pedaços de canções parecem vir também não sei de onde,
Melodias que nem sei se existem, se fazem vivas,
Poesias incompletas me fazem declamar a esmo
Um sentir que não sei se sinto ou se sonho...
Mas tudo, as vezes é tão real... que acho minha loucura
Coerente e minha alma ...uma criança sonhando...


José João
12/11/2.016


Minha outra oração

A ti, te peço de joelhos, entre as tantas lágrimas
Que ainda me permites chorar, ao me fazer saber
Que ainda posso amar, como se amar fosse viver.
Ainda que a dor da solidão, que aos gritos me tortura,
Me diga que não acredite que me possas ouvir...
Me diga que para tanta dor, só as blasfêmias aplacam,
Mas minha alma, embora tão só e tão carente,
Ajoelha-se ao tempo em orações que a angustia
Ensinou rezar, passiva e solene, ergue os olhos,
Te abre os braços e pede: Me faz que a solidão se vá,
Que essa tortura do vazio também e não deixem rastros.
A ti te peço ouvir-me, faz que essa saudade doa menos,
Que outros caminhos tragam de horizontes ou do tempo
Coisas novas pra sentir, sorrisos novos pra sorrir,
Olhares que nunca vi, que mesmo falando idiomas
Que não conheço me façam entender de amar outra vez.
Se minhas orações chegarem todas desencontradas,
Entrecortadas com soluços, em fragmentos inaudíveis,
Por favor olha a suplica dos meus olhos, nas lágrimas,
Que minha alma chora como fervorosas orações...
...Por favor.

José João
12/11/2.016



Um sonho que tentei sonhar

Desenhei um sonho pra mim, cheio de cores e luzes,
Fiz tudo a beira da perfeição, ornamentei meu sonho
Com flores primaveris, pedi aos anjos um fundo musical,
Tão angelical quanto divino... busquei beijos inocentes,
Olhares que se davam na imensidão de uma entrega
Tão intensa que a razão se perdia em inocente loucura.
Refiz caminhos, horizontes, refiz até o eco do meu grito
Para se fazer oração pedindo eternidade para o momento.
No meu sonho, me despi de todas as saudades antigas,
Chorei todas as lágrimas que poderiam me surpreender
Chorando adeus antigos que não queria mais lembrar.
Me fiz nu de mim mesmo num renascer sem medo,
No meu sonho, trazia um bornal de beijos novos,
Poesias para serem ditas em momentos especiais,
Carícias que a mais doce e suave brisa me ensinou,
Acreditem, até um eu te amo com um sussurro 
Que nunca havia feito antes, trouxe comigo, tudo novo
Como se não tivesse havido um antes. Ah! Meu sonho!
De repente, como se a noite despertasse aos gritos,
Meu sonho se espantou, se foi por entre as sombras,
E... fiquei dentro do vazio que ele deixou.

José joão
12/11/2.016


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Nem as lágrimas dizem o que sinto

Um dia meus sentimento sorriram como sorriem
As crianças... por apenas serem felizes.
Um dia, brinquei de brincar com o tempo,
Percorria horas e horas com o mesmo sorriso,
Os dias se faziam quase iguais, e só não eram
Porque cada um se esmerava em me fazer mais feliz.
Plena e constante primavera perfumando a vida,
A Brisa, cantando canções desconhecidas...
Tão terna que se parecia com o abraço dela,
Que, sem palavras, só com meigos e eloquentes
Olhares me faziam tremer quando diziam, te amo.
Uma história nossa, que ninguém nunca entenderia
Não fosse o destino com a mania de por ponto final
No que é belo (histórias de amor infinito nunca
são entendidas, pois em toda história é só no final 
que se entende tudo que foi dito) E a nossa...
Se fez uma poesia incompleta, tantas coisas
Ficaram caladas dentro de nós, sem tempo
De serem ditas, tanto, que nem as lágrimas
Conseguem dize-las agora.

José João
11/11/2.016


terça-feira, 8 de novembro de 2016

As vezes pareço comigo mesmo (rsrsrs)

As vezes me pareço tão criança
Por brincar de esperança...
De crescer e ser feliz.
As vezes me pareço um menino
Brincando de traçar o seu destino
Pensando que ainda pode ser feliz.
As vezes me pareço adolescente,
Que traça sua vida livremente
Sonhando que ainda pode ser feliz.
As vezes me pareço ...
Um rapaz de trinta anos,
Que parece ter sofrido alguns enganos
Mas que pensa ainda pode ser feliz.
As vezes me pareço um senhor...
De cinquenta ou sessenta
Que por vezes se lamenta...
Lembrando tudo que não fez.
As vezes me pareço até comigo,
Com sonhos mortos e até já esquecidos,
Dizendo que viver...
É melhor que ser feliz.

José João
08/11/2.016 (publicação)
30/09/2.000


Hoje...sou apenas o papel

A poesia se recusou, literalmente, a se deitar
Sobre o papel... que ficou pálido,
Branco, vazio, sem dizer nada,
Como se nada devesse ser dito,
Mas ficava ele ali... deitado,
Deitado sobre a mesa...passivo, aparvalhado
E a poesia escondida, não se sabe onde.
Se fazia muda, como se falar fosse pecado,
E o papel, sem nenhuma poesia, ficava nu,
Como se a nudez fosse um grito,
...Que a poesia não quis gritar...
Se deixava ficar vazio, calado...
Se deixava ficar apenas papel... e eu
Que não tinha nada a ver com a poesia,
(Nem com o vazio)
Que não tinha nada a ver com inspiração,
Que não tinha nada a ver
Se a poesia se escondia ou era muda,
Se a poesia não preencheu o vazio...
Que culpa tenho se o papel ficou nu?
Tomara o pepel encontre alguém
Para lhe vestir de poesia...
Porque hoje não estou poeta,
Porque hoje não sou poesia...
Porque hoje ...sou apenas o papel!

José João
08/11/2.016 (publicada)
11/05/2.004

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Esse meu silêncio que fala tanto!!

Eu e meu silêncio, sentados entre a tarde e um vazio
Que se estendia infindo pelo tempo até no horizonte
Que brincava de trazer sonhos que nem sonhados foram.
Calados, porque a voz nem sempre é preciso pra se falar
Ainda mais quando falamos de saudade, de ausência,
Falamos de coisas que só mesmo o silêncio entende...
Até as lágrimas que vêem só ele entende, nos olha
E nada diz, como se ele, por si, já fosse nossa voz.
Buscamos sonhos antigos, risos caducos de velhos,
Que nem lembrava mais, perdidos no esquecimento,
Lágrimas antigas viriam se já não as tivesse chorado,
Mas os olhos insistiam em chorar com lágrimas novas
A dor de tanto tempo, que veio de carona com um adeus
Que pensei, nem doesse mais, tivesse ficado no tempo
Perdido como pedaços de histórias que a alma esqueceu.
Mas o silêncio... sempre se faz mais forte, pára tudo,
Rebusca nos mais escondidos "cantos" da alma,
Saudades escondidas, lágrimas antigas, que se esconderam
Por achar sempre que nem uma dor lhes valia a pena vir,
Até poesias inacabadas o silêncio traz e  brinca com elas
Que as vezes voltam completas como se a história
Tivesse sido mudada. Ah! Esse meu silêncio...
Que não se cala nunca!!


José João
03/11/2.016