domingo, 30 de outubro de 2016

Noite, solidão e vazios.

Um canto de saudade começa a brincar com a noite,
Uma melodia, talvez cantada por um anjo, se atira
Ao tempo em acordes que só se sabe ouvir chorando,
Como se as lágrimas corressem aos olhos, ansiosas,
Para com a melodia que o silêncio canta, cantar também
A saudade que a alma sente, chora, soluça e grita 
Como se fosse uma Ave Maria chorada aos prantos
De angustia e clamor pedindo que a dor não doa tanto.
O dia, lentamente, esvaindo-se entre as horas, se vai,
Num caminhar triste como se não quisesse ir
Para que a solidão custe mais que a noite a chegar,
E a alma não se entregue tanto ao desespero de ficar só
E o pensamento não vá buscar sonhos que agora,
São meros pedaços incompletos do que foi vivido, 
Não se façam mais dolorosos que o próprio vazio
Que fica vivo gritando bem alto essa tanta ausência  
Que a alma não sabe sentir sem chorar, sem blasfemar, 
E até os olhos se perdem no nada sem saber mais mostrar
Nem o que é viver.


José João
30/10/2.016


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Eu?! Chorei apenas um vez.

Eu!? Não, nunca chorei tanto como muitos choram,
Choram hoje por qualquer adeus, amanhã riem,
Depois amam outra vez... adeus, saudades, lágrimas...
Como se brincar de sentir saudade fosse viver.
Eu chorei apenas uma única vez, há muito tempo!
Quando meus sonhos ainda eram sonhos inocentes,
Cheios de divinas promessas de amanhãs coloridos,
De ilusões que jurava ser resplandecentes verdades
Mas que um dia se fizeram escombros e rui com eles,
Perdi o passar do tempo, dor e saudade se fizeram mais,
Se fizeram maior que eu...e chorei, sem nenhum pudor,
Mas isso foi há muito tempo, quase não lembro mais
Não fosse um pedaço de sonho contar desse momento,
Foi um adeus, que se fez ausência, depois se fez dor.
Depois ainda se fez uma saudade triste, infinda...
Mas chorei apenas uma vez, na inocência da vontade
De amar...e de repente um adeus...mas eu...chorei
Apenas um vez desde quando, como ainda hoje são
Meus sonhos...inocentes, Assim chorei apenas
Uma vez, uma vez apenas. Meus olhos?!
O que têm meu olhos? Vermelhos? Ah! Sim...

José João
26/10/2.016


A poesia de dentro de mim

Dentro de mim tem uma poesia que a alma
Escreveu aos prantos, num angustiante momento
De uma saudade mais triste que qualquer tristeza,
Uma poesia inacabada, com versos molhados
Em que as rimas se desmancharam em prantos
E o começo dos versos eram feitos de reticências...
Como se a dor escondesse as palavras e o silêncio
Calasse o tempo, o pensamento, calasse a vida.
Há um verso dentro de mim que minha alma escreveu
Dentro de um vago e silencioso vazio de uma saudade
Que faz da poesia pequenas histórias sem sentido
Por ninguém acreditar que possa existir uma dor
Que doa tanto, que rasgue a alma em torturantes
Cicatrizes, que  faça eterna uma dor que parecia
Ser passageira do tempo e se fez para sempre,
Se fez eterna para que minha alma começasse
Os versos com reticências, molhasse as rimas
Com prantos, e escrevesse versos inacabados 
Para que não houvesse palavras que contassem
O tamanho dessa dor, mesmo na poesia que a alma
Escreveu dentro de mim.


José João
26/10/2.016



segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Coisas que o tempo não leva

Minha alma chorou tanto depois daquele adeus,
Partiu por caminhos perdidos à tua procura,
Perdeu-se entre vazios, entre os nadas que ficaram
Como fossem labirintos, sem voltas, sem retornos...
Correu por entre paredes frias, muros altos...
Por entre pedaços de sonhos que nem sonhos eram mais.
Recordações se conflitavam com as tantas ilusões
Como se a alma em aparente demência nem soubesse 
O que doía mais, se a tristeza ou o vazio de tua ausência.
As lágrimas ficavam confusas nos olhos sem saber
Que dor chorar, se a dor da perda, da ausência,
Ou de uma saudade triste que insistia em chegar.
Parece que o tempo parou quando o adeus foi dito
E um silêncio, desses bem maior que o mundo,
Desses que sufoca a voz, que cala os pensamentos,
Se faz tão forte que se escuta o que diz a solidão,
Que se ouve o arrastar-se do tempo indo sem pressa,
Sem levar nada...como se pra ele toda dor que se chora,
Saudade que se sente, tem que ficar... dentro da gente.


José João
24/10/2.016


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O prazer de sentir saudade

Não sei, mas as vezes penso ser eu, e só eu
O dono da maior saudade que alguém já sentiu,
As vezes penso que lhe sou a maior paixão...
Porque ela se faz toda, se faz tão completa
Que vai muito além de mim, vai dentro da alma
E lá faz morada, se deita confortável, sem medo,
Sem nenhum temor. Ah! Essa mania do tempo! 
Trazer do passado momentos que não voltam mais!
Fazer ser dor o que foi tão perfeito quando existiu!
Fazer a alma, de joelhos, implorar pra onde quer voltar!
Ou o que quer ter de volta. E sempre dói muito mais
Quando as saudades não se encontram porque só um
Sente. Assim, até a dúvida, por mais atroz que seja,
É melhor que essa verdade. Parece doer menos
O que dói tanto. As vezes nem sei do que sinto saudade
E nem de quem sinto. Só sei que ela está sempre 
Bem perto de mim como carinhosa companheira
A me seguir ao ver que sem ela a vida é tão vazia,
Porque só ela sabe trazer de volta o que não se tem mais.


José João
            20/10/2.016           

Sim...sou eu

Caminhei por estradas que nem conhecia,
Busquei horizontes distantes e perdidos no tempo,
Passei por entre eles e fui, sem rumo, apenas indo.
Naveguei por mares desconhecidos por noites e dias,
Por vezes sem nenhuma rota, mas não importava,
Precisava ir sempre, o mais longe que pudesse ir,
Ou que meus sentidos mandassem, e assim fazia.
A alma, sonolenta, e cheia de mágoas se fazia órfã
De sonhos, de razão, de lembranças, tudo era vazio,
A não ser pelas orações rezadas e vãs esperanças.
Nas noites, deitado entre a solidão e a tristeza...
(ainda assim o frio era cortante, de corpo e alma)
Olhava as estrelas, lhes dava um nome, ainda sorria,
Imaginando estradas entre elas (riscadas aqui no chão)
Que me levassem a outros lugares onde ainda pudesse
Haver motivos para olhar o tempo e esperar amanhãs
Mais risonhos. Mas pouco a pouco, e tristemente,
Ia percebendo que esse lugar não existe...não existe,
Onde eu chegasse lá estariam, solidão, tristezas,
Saudades, pois o transporte delas... sou eu

José João
20/10/2.016


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O eco de um grito.

Me perdi indo por caminhos desconhecidos,
Sem marcas, sem horizontes, cheios de silêncio,
Ia com passos trôpegos. pensamentos perdidos,
Palavras reticentes a se perderem no tempo,
Sem nada dizerem por serem tão pequenas para a dor
Que dentro de mim insistia em me fazer seguir...
E ia, não por querer, mas pela inútil e vã tentativa
De encontrar um lugar para fugir, não sentir...
Mas ela estava  dentro de mim, como parte viva,
A me fazer levar momentos que me sufocavam,
Me espremiam o peito, me molhavam os olhos,
Que gritavam um adeus que não queria ouvir.
As vezes me sentava na beira do nada buscando
Os porquês, mas o pensamento, em silêncio...
Por demência ou preguiça de pensar...nada dizia.
Os sonhos ficaram para trás, pálidos, desbotados,
E de repente um grito da alma? Onde estás?
E o eco do grito foi indo... até onde? Não sei...
Mas talvez, quem sabe, ela escute um dia...


José João
15/10/2.016



terça-feira, 11 de outubro de 2016

Não vejo mais poesia...

Não vejo mais poesia na primavera, 
Nas flores que nascem, nas canções que a brisa
Canta acalentando os botões que se abrirão amanhã.
Não vejo mais poesia no cantar do rouxinol,
No abrir-se o dia orvalhado com o perfume do tempo,
Nem nos meus sonhos, não vejo mais poesia...
Meus versos deixaram de ser versos, ficaram mudos,
As palavras perderam a alma, se esvaziaram de sentido
E vazias, sem alma, não dizem mais nada, e caladas
Ficam no silêncio de mim. Só as lágrimas gritam...
Mas não gritam mais versos, só gritam mesmo dor,
Não uma dor qualquer, mas a dor de uma saudade...
Uma saudade, de quem não sei, e por isso dói muito mais.
De longe, de muito longe, me chega, como se viesse
De dentro de um sonho, um pedaço de vida
Que nem sei quando vivi. Fragmentos de momentos 
Confundem beijos, perdas, adeus, ausências...
E o que deveria ser verso, se fazem meus pedaços...
Não vejo mais poesia... nem nas poesias que faço.


José João
11/10/2.016


domingo, 9 de outubro de 2016

Eu e meu silêncio

Hoje caminhei com meu silêncio, só nós dois.
Caminhamos por entre saudades, lembranças...
Ele me contou meus segredos, sim... meus segredos,
Alguns até já esquecidos, perdidos dentro do tempo.
Falamos de adeus que ficaram guardados na alma,
De momentos que, passado tanto tempo, ainda hoje, 
Se fazem histórias recentes, como se pra eles
O tempo tivesse parado. Falei das tristezas novas,
Dessas que vão crescendo lentas dentro da gente
Até se fazerem dor, angustias, se fazerem vazios
Dentro da alma. Falamos de despedidas, de ausências, 
De encontros, desses que acontecem ontem e amanhã
Já se fazem desencontros, perdas, sem que se queira,
Por apenas a vida decidir assim. Eu e meu silêncio!
Caminhamos por horas e horas com meus passos
E pensamentos. Contei dos sonhos impossíveis,
Das tantas vontades vãs, Eu e meu silêncio, hoje,
Em tão plena sintonia, nos fizemos apenas um. Eu

José João
09/10/2.016


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A gaveta do poeta

Ao poeta foi permitido a magia de ver o invisível.
Põe suas ideias e emoções dentro de uma gaveta qualquer,
Sem chaves, sem trancas, sem medos e deixa
Que a abram. só ele sabe o tesouro que guarda,
Os outros o chamam de louco por acharem a gaveta vazia,
Mas dela, saem sonhos dourados, saudades distantes...
O poeta, em sua gaveta, guarda até o tempo,
Guarda estrelas, flores, guarda até mesmo pensamentos.
Na gaveta do poeta estão guardados o silêncio, a saudade, 
Ilusões, até versos ainda não escritos...nela, o poeta guarda 
Todas as palavras, ainda que em desordem, mas sabe 
Busca-las quando precisa, sabe onde está cada uma delas,
Por vezes nem é preciso abrir totalmente a gaveta.
Muitas e muitas vezes perguntam se ela é mágica,
Por caber ou guardar tanto...outras, por não conseguirem 
Vê-la, coitados! Acham que não existe, mas há momentos
Que até mesmo o poeta não consegue abri-la, em outros,
Seus guardados saem tão efusivamente, quase que fugidos, 
E lá vai o poeta busca-los lentamente no tempo,
Como o  passado, uma saudade antiga, o silêncio,
E por vezes, até o homem que guarda o próprio poeta.
E assim ele guarda seu tesouro em uma gaveta  
Que alguns acham que não existe, outros acham que é magica,
E só mesmo o poeta sabe abri-la, com um simples toque
De coração, ou talvez de ... saudade.

José João
reedição (a pedido)
19/03/2.011
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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Um dia...nós dois

Um dia, não sei quando, mas um dia, ainda que distante,
Haverá de haver um sorriso só pra mim, um olhar,
Palavras que nunca ouvi. mãos que me acariciem
O rosto como se eu fosse único, que me sintam
Na plenitude de uma entrega, que façam meu corpo
Tremer, o coração pulsar mais forte, e a alma...
A alma, fazer-se ternamente cativa, deitar no colo,
E sonhar sem medo de acordar, sem medo de viver.
Um dia, mesmo não sabendo onde e ... nem quando
Haverei de sentir meus dias repletos de certezas...
As cinco, sentir saudade das quatro, no instante seguinte
Essa saudade esvair-se na entrega irrestrita de nós.
Um dia farei versos infinitos em poesias completas
Que contem para a alma dela todos os meu segredos, 
E ela, em sutis e inocentes sorrisos, me falar baixinho:
Te amo. Um dia, haverei de caminhar de mãos dadas,
Com passos lentos, deixando nossos rastros no tempo...
Para que os beijos que nunca tenham sido dados
Nos encontrem e se façam todos nossos. Um dia!

José João
05/10/2.016

domingo, 2 de outubro de 2016

Como sinto a solidão.

Há quem diga que a solidão é má, até cruel,
Que deixa o tempo vazio sem nada para ver ou sentir,
Deixa a alma demente chorando convulsivos prantos 
Em tão dolorido chorar que a própria tristeza
Se apieda por tanta dor. Assim dizem da solidão.
Nas noites, também dizem, ela faz as horas lentas,
Faz o sono perder-se por entre pensamentos vazios,
Os sonhos se fazem apenas pedaços de momentos
Que ficaram sem história sem mais nenhum dizer.
Ah! Essa solidão! Só entende quem com ela vive,
Não por momentos, por adeus ditos em palavras,
Mas por perdas sentidas desde de dentro da alma.
Pra mim, a solidão, coitada, não é o que dizem,
Eu a sinto bem mais carente que mesmo triste,
Sempre a entregar-se plena, submissa à vontade
De quem chora, muda, no silêncio do seu dever
De apenas ouvir. Se faz companhia, se faz tempo,
Se faz mundo, como se ela, a solidão, tivesse
Medo de ficar só. Ela não existe se não houver 
Alguém para senti-la. Nos completamos e assim...
Povoamos um mundo só nosso, ela só me ouve...
Atenta, sem nunca fazer julgamentos de mim


José João
02/10/2.016

sábado, 1 de outubro de 2016

Talvez nunca seja saudade, seja ...

Não é tua saudade que me faz chorar, traz essa angustia,
É a tua ausência, ela é que definha as horas, os dias,
Deixa essa ansiosa vontade de ir sem lugar pra chegar,
Faz a alma ajoelhar-se chorando prantos que nunca chorou,
Atirar-se num denso vazio de sonhos mortos e vontades vãs.
Um silêncio, como se tudo estivesse dentro de um nada,
Parece fazer o mundo parar, esse mundo onde tua ausência
Me deixa caído, sem força pra gritar ou caminhos para seguir,
Me perco entre os restos dos sonhos que me fizeste sonhar,
E um sussurro, como se o tempo me quisesse falar, dizer
Em segredo o que não quero mais ouvir... nem sentir.
Lentamente, caminho entre os medos que agora sinto,
Dos amanhãs, com certeza, cheios de tristezas e aflições,
Das noites, cheias de tua ausência, das torturantes perguntas
Que não terão respostas porque as lágrimas só sabem chorar,
Dessa desmedida agonia da alma a sufocar-se com essa dor.
Quem me dera essa saudade gritasse dentro de mim,
Como gritaram as outras pelos tantos adeus que ouvi,
E até chorei, mas com tua ausência é tão diferente!
Talvez nunca se faça saudade, talvez, para sempre,
Se faça apenas ...minha vida.


José João
01/10/2.016


Um ontem para sempre

Ontem, dancei com o tempo, uma musica
Que nunca tinha ouvido. Hoje acordei no silêncio
De uma saudade que até pensei ter ido embora,
Mandada pelo ontem, mas não, o ontem é que se foi
Num silencioso ir, como apenas tivesse sido um sonho,
Tudo em volta ficou vazio, ficou triste. Os soluços
Se perdiam entre palavras reticentes, uma vontade
De chorar, vinda da alma, chegava aos olhos, úmidos,
Tristonhos, cabisbaixos, com medo de olhar o tempo
Como se este fizesse a dor ser maior, ser mais sentida.
O ontem, fez hoje, essa saudade nova ser mais doída,
Porque faltaram palavras... as que não foram ditas,
Segredos que não foram contados, almas que, de longe,
Se tocaram em apenas poesias, não disseram das vontades 
Que sentiam. Não ficaram rastros, porque nem caminhos
Existiram, ficou apenas a promessa de um por do sol,
E minha alma, pela loucura comum de toda alma amante,
Regozija-se, e a cada por do sol se veste toda de ternura,
Se perfuma de saudade e se põe a espera-lo, atenta
A qualquer sopro de brisa, que jura ser um beijo.
E assim o ontem se fez eterno, vai existir, eu sei,
Enquanto houver um por do sol ...um ontem eternamente
...Para sempre.


José João
01/10/2.016