Quanta dor ao peito aflige em triste angustia!
Quanto pranto, por tristeza, derramado!
Mas que seria da alma... muda e silenciosa
Não fosse, por sorte, o prazer de ter chorado?
Chorando um pranto, que mesmo triste ainda é belo
E nela, na alma, que bom a saudade ter ficado
Assim o tempo não se faz cruel carrasco
E da alma, o pranto, é prazer por ter amado
Por destino, o tempo para a alma, não é passageiro
Nem tão pouco a alma, para o tempo, é viajante
As duas existências se confundem e por tanto
De eterno, para a alma, também será o pranto
E eu, da alma, pequeno espaço a contentar-me
A ser somente provedor de lágrimas e de pranto
Que em soluços e tristes ais se vão ao tempo
Apagando lembranças do que um dia me foi encanto
José João
reedição (04/10/2.011)