segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Vivo tua saudade

Eis-me aqui, prostrado aos pés do teu silêncio
A fazer-me mudo gritando com a pobre alma
Essa tanta dor que não vês, por ser tão minha
E que dentro de mim cruelmente ela caminha.

Com os restos de teu olhar me banho todo
Com as migalhas de teu sorriso me consolo
Oh! Amor! Louco e febril a fazer-me demente
A esquecer-me sem orgulho se ainda sou gente

Atiro-me ao pensar, ao sonhar em vago tédio,
Mas te busco como fosses vida e não me nego
A ver-te como fosses da morte o meu remédio

Nessa loucura, em toda ela, existe uma verdade
Que não calo e grito no mais íntimo de mim
Que vivo ainda estou...  por viver tua saudade

José João
31/08/2.015








domingo, 30 de agosto de 2015

As orações que rezei

As Ave-Maria que rezei, acho que se perderam...
Se foram ao vento, se foram com as nuvens...
Se foram com a minha desesperança, por entre caminhos
Perdidos, rotas sem rumo, se perderam talvez,
Até mesmo dentro da minha pouca fé, acontecida
Depois de tantas perdas, tantos adeus, tantos sonhos mortos!
As orações, as antigas, foram rezadas em perene contrição,
As orações novas foram ditas, como ladainhas
Que se canta quase que num murmurio, rezei...
Até orações inventadas, pela tanta angustia de vazios
Deixados por ausências que até agora se fazem vivas.
Rezei recitando nomes que até hoje marcam a alma...
Rezei com olhares perdidos em pensamentos idos
Por horizontes que se fizeram apenas lembranças...
Rezei com gritos que se faziam eco entre minhas dores...
Rezei, no silêncio de mim, entre convulsivos soluços,
Por saudades sentidas na alma, marcando o tempo,
Contando histórias que nunca foram contadas
Com palavras, foram apenas sentidas e caladas
Como se assim enganasse a dor para não doer tanto.


José João
29/08/2.015


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A dona de mim

                             A casa está tão deserta! Não fosse essa saudade
Estaria vazia...tua ausência se acomoda nela toda,
Se faz sombra, entra nos quartos, no jardim,
(agora sem flores) Brinca com a solidão,
Atiça o silêncio a calar-se ainda mais, e mudo
Fica até o pensamento, como se estivesse demente,
Sem uma lembrança para trazer, um fragmento
Que não se tenha ainda perdido no esquecimento,
Mas nada, apenas o vazio, uma vontade de chorar,
Como se apenas isso, nesse momento, fosse preciso
Para viver. As lágrimas, atrevidas, se atiram no chão...
Parecem loucas, como se quisessem voar,
Gritar, marcar meu rosto em caminhos molhados
Como se assim despertassem os sonhos que...
Coitados, se perderam dentro dessa ausência
Que se faz tão viva, tão grande, como se apenas ela
Pudesse habitar em mim, como dona, ou senhora.


José João
28/08/2.015


Loucura? Talvez

Te amei, com ternura em doce anseio,
Te dividi em minha vida, meio a meio
Metade de mim és tu, a outra metade...
A outra metade é essa toda tua saudade

Te vejo nas luzes de estrelas distantes
Como fossem lembranças que nunca perdi
E essas dores agora bem mais constantes
Me deixam ainda... bem mais perto de ti

As vezes, em sonhos, te vejo voltando
Numa estrada de nuvens, vindo brincado
Tudo é tão verdadeiro... acordo chorando

Converso com a noite, com tua saudade
Já, no alvor da aurora, ainda sonho contigo
E na minha loucura...te vejo comigo


José João
28/08/2.015










sábado, 22 de agosto de 2015

Nunca estive só...sem uma saudade


Ah! Como  vivi! Como amei! Como gritei te amo,
Sem medo dos amanhãs, nem das lágrimas...
Amei muito e intensamente, sem medo de ouvir adeus,
De me perder em estradas vazias quando tivesse
Que caminhar sozinho, quando o eco do meu próprio
Silêncio me acompanhasse e o tempo dizendo baixinho
Que, outra vez, estava só. Caminhei meus passos...
Fiz marcas nas estradas, as vezes de mãos dadas
Colhendo as flores das margens, olhando o tempo
Nos olhos de quem amava. Outras vezes sozinho...
Com medos e incertezas mas flutuando nos meus sonhos
De amanhã ser um outro dia... mas amei...amei tanto
Que o amor me fez assim, como se fosse uma poesia,
Que nem alegre, nem triste...apenas uma poesia
Que voava ao tempo por vezes entrando em corações
Vazios, outras vezes como um mero pensar...
Mas sempre amei, intensamente, sem deixar vazios,
E quando sentia-os perto vinha a saudade...
As vezes, chorando com minhas lágrimas 
Outras fingindo sorrir com meus sorrisos...mas
Nunca fiquei só, sempre havia alguém dentro... 
Da saudade, dessa saudade que é só minha 


José João
22/08/2.015

Ah! Como brinquei de viver!

...Já brinquei de viver, trocando carinhos com o tempo,
Brincando de ser criança, depois brincando de ser amante...
Brinquei de viver, vivendo entre tantos amores, 
Sem medo dos dias, sem medo de ser, de ir ou de vir.
Brinquei de fazer esperanças, fazer promessas...
De jurar momentos ou sentimentos que nunca senti.
Ah! Como brinquei!! Hoje vejo o tempo passando
Sem pena de mim, meus olhos buscando sem ter onde ir,
Voz reticente sem saber dizer as palavras que um dia,
Talvez por vaidade,  não sei, nunca quis falar.
Hoje é esse medo de mim...esse medo dos amanhãs...
Desse vazio que deixei ficar, que me cerca, sufoca,
Que grita em silêncio o que perdi, o que deixei para traz.
Os caminhos que percorri envelheceram, se perderam
No meu próprio esquecimento, ficaram sem rastros...
Que se apagaram na memória, se foram como vento...
Agora perdido, sem palavras para ouvir ou dizer,
Sem  mesmo saber para onde ir, que horizonte seguir,
Me perco nas recordações  do que tive e...perdi.

José João
22/08/2.015





sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Hoje as palavras fugiram de mim

Não sei o que está acontecendo comigo, com as palavras,
Chegam saudades, chegam lágrimas, o vazio se faz infindo
Dentro de mim, se faz maior que eu, os momentos 
Se arrastam preguiçosos, histórias vividas, hoje perdidas
Me chegam em tantos fragmentos que misturo lembranças,
Troco nomes, choro dores que já não eram para ser choradas,
E as palavras...essas se perdem no tempo, fogem de mim,
Se escondem da minha vontade de escrever versos...
Contar essa angustia que sinto agora, gritar na poesia
Essa tristeza que preciso esconder para, pelo menos, fingir,
Mentir pra mim mesmo que isso não é dor...é só saudade.
Meus pensamentos se perdem na confusão do tempo,
Me perco nas datas, nos dias, e as angustias sentidas
Se fazem de sempre... a alma chora qualquer dor...
Como se importante não fosse chorar a dor que sente
Mas apenas chorar, como se assim, no meus rosto,
As lágrimas escrevessem em silêncio, as poesias
Que as palavras se recusam  escrever


José João
21/08/2.015


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Que esse hoje...seja apenas hoje

Hoje, não sei porque... meu olhar está cor de tristeza,
Meu sorriso com gosto de lágrimas, os pensamentos
Perdidos no vazio de mim...na demência de uma saudade,
Uma saudade que grita, que sufoca, que silencia
Até os soluços que choro. Uma ausência do tamanho
Do mundo me tomou o tempo, invadiu minha alma,
E lembranças de um adeus dito sem palavras,  
Apenas com um olhar cheio de nãos, cheio de nunca mais,
Gritavam eloquentes um adeus que não podia ouvir...
Só sentir. E uma dor, maior que qualquer dor...
Dessas que não se sabe dizer, que não tem  palavras
Para explicar, brincava de fazer doer até a vontade
De viver. Silêncio e solidão se faziam donos do tempo,
Num cruel brincar de fazer os lábios se contorcerem
Num arremedo de riso que mais parecia um chorar,
Um clamar, um pedir em desespero, até em orações
Perdidas, orações que não se sabe nem rezar,
Que o hoje, fosse apenas hoje, não se fizesse de sempre.

José João
17/08/2.015









quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Para amar...basta estar vivo


Na noite silenciosa, a solidão, acostumada com a escuridão,
Caminha calmamente sem medo de se perder de mim.
Como se para me proteger, a saudade corre a buscar sonhos,
Buscar pensamentos povoados agora por pequenos pedaços,
Fragmentos que ainda não se perderam no tempo...
E me chegam como restos de primavera onde as flores
Se despedem tristes, se vão ao vento e só o perfume
Sutil, suave e frágil fica perfumando o prado, 
Assim como essa saudade que fica na alma, coitada,
Suave, frágil e sutil querendo espantar a solidão.
E uma dor que chega... e nem sei se é mesmo dor 
Traz uma ausência que me faz ser ninguém, me faz ausente
De mim mesmo em um pensar demente de não querer ser eu.
Mas em um suave vagar, como fosse uma bruma 
Leve e silenciosa, me chega aos poucos uma imagem...
Vem vindo lentamente enchendo a noite, tomando forma,
Alegrando a alma, me fazendo escrever versos
Com lágrimas, me fazendo o silêncio gritar um nome...
E o coração recitar poesias que nunca escrevi
Num pulsar eloquente como fosse um grito de dentro
De mim dizendo: Ainda estou vivo...ainda amo.

José João
13/08/2.015