domingo, 30 de novembro de 2014

O pranto de todas as horas

Tão grande foi a solidão do dia que até a tristeza
Se derreteu em prantos, chorando com meus olhos,
Tudo se fazia lento como se não quisesse passar,
A brisa se escondia entre o vazio e o calor da tarde
Que em soluços esperava a noite que não queria chegar.
O por do sol, num sorriso triste, como se não quisesse sorrir,
Como se não quisesse ser belo, ficava lá longe, no horizonte,
Entre nuvens desbotadas, tímido, como que envergonhado
De não ser o por do sol de sempre, de todas as tardes,
Com a mesma beleza dos outros dias, quando ainda não havia 
Ouvido o adeus que ouvi, sem dizer nada... só ouvir e chorar.
Os pássaros, em raros trinados, como se não fosse gorjeio,
Mas parecido com um chorar em desencontrada sinfonia,
Pareciam embalar os sonhos que me insistiam em ficar.
Tudo ficou parado, vazio, perdido, eu acho,dentro de mim,
Não me lembro de ter chorado, as vezes a dor é tão grande
Que chorar nem vale a pena, é melhor esconder-se
Dentro do silêncio e deixar o tempo fazer-se senhor...
O tempo! Que agora se fazia  lento, como se cada hora
Tivesse que esperar um dia para se fazer passado...
Porque até elas se derramavam em prantos.


José João
30/11/2.014


sábado, 29 de novembro de 2014

O fervor de minhas lágrimas

Não é porque as lágrimas molham meus versos
Que minhas poesias fiquem frias. Elas são vivas, 
Cheias do fogo da paixão, daquele amor infinito
Que, mesmo depois de um adeus, se faz verdade
Nos sonhos dos momentos vividos e na saudade
Que se faz eterna, conferindo o tempo piedosamente
Para que o esquecimento lhe passe ao largo,
Como caminho distante, ou porto sem  rota
Para se chegar. Meus poemas se molham em lágrimas
Quentes, cheias da beleza brilhante dos meus olhos
Quando refletem a  imagem dela na imensidão dos sonhos
Vivos que me deixou como se sonhar fosse viver.
É um pranto pungente, cheio de eloquentes gritos
Que correm dos olho em busca de um horizonte
Para derramar-se como se lá ela estivesse.
Prantos ou lágrimas se deitam em meu rosto,
Nele fazem caminhos, suaves veredas,
Escrevendo um nome que em minha alma, há muito,
Está escrito, como se fosse luz a faze-la viva.


José João
29/11/2.014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sou ridículo...ainda choro por amor

A tristeza, em mim é tão real, que nem nome lhe falta,
Ah! A saudade! Essa me toma em prantos quando
Lembranças de momentos cheios de sonhos me vêm,
É ela que verdadeiramente me traz os momentos
Que queria viver outra vez, me faz buscar sorrisos,
Beijos, os mais ternos que até a alma faz questão de lembrar.
O amor! Esse me invade todo em todos os momentos,
Se faz presente até nos adeus que ouvi. E por falar
Em adeus, até eles existem, vivos dentro de mim,
Em recordações, que muitas vezes não posso esquecer...
Ou talvez não queira esquecer, como fossem relíquias,
Aí me dirão louco...um adeus como relíquia!! Porque não?
Amor, saudade, tristeza. Há quem diga que sou ridículo
Por senti-los, que sou ridículo por faze-los vivos, fortes
Nas poesias e naquilo que sinto. Dizem até que as poesias,
Quando nelas falo de saudade, de amor, de tristeza,
Nem são belas, nem tristes, e nem poesias, são apenas pedaços, 
Textos sem forma, abstratos, sem começo e sem fim,
Como se o amor não fosse eterno, a saudade, infinita,
E a tristeza não existisse desde quando existe alma!
Se amar, sentir saudade e chorar um adeus é ser ridículo 
Imaginem como serão o que nunca sentiram isso.


José João
27/11/2.014








terça-feira, 25 de novembro de 2014

Qual dor deveria chorar?

Meus sonhos dementes, sem cor e carentes
Perdidos de mim, como histórias não lidas
Vão ao léu, levando os prantos que chorei
Deixando saudades dos beijos que não dei

Levam versos escritos com gosto de mim
Nas saudades sentidas ainda hoje vividas
Como se as dores não precisassem ter fim
Como se fosse na alma todas essas feridas

Sonhos, versos, saudades se fazem um só
Molhados em prantos que a alma chorou
Com restos de lágrimas da dor que ficou

De um outro adeus que  nem pude chorar
Não por falta de lágrimas, a alma confusa
É que não sabia qual dor deveria...guardar


José João
25/11/2.014






As cartas que não deveria ter escrito

Ontem  escrevi cartas para amores desconhecidos,
Para amores que senti saudade sem nunca te-los sentido,
Senti o sabor de beijos que nunca dei, abraços que não tive,
Ouvi sussurros me dizendo coisas que nunca ouvi,
E escrevi cartas e cartas, e enviei todas elas... todas...
Algumas foram escritas com lágrias e foram com o sonhos,
Outras escrevi com palavras perdidas, palavras soltas,
Que mais pareciam pedaços de pensamento que nem sei
Se pensei um dia. Mandei cartas pedindo perdão,
Por palavras que não disse, quando calei por medo de falar,
Outras iam falando do meu amor eterno, tanto amor...
Mas tanto infinito amor que só se sente em sonhos
Ou em pensamentos e na minha tristeza por não te-los sentido,
Mandei cartas reclamando de adeus que ouvi 
E que até hoje me doem na alma, me fazem prantos,
Mandei cartas para endereços que nem sei se ainda
Existem, aquele do flamboyant dos dois corações, 
Um deles era o meu, o outro...bem o outro deve estar
Em outro lugar que não sei, já talvez vazio de mim.
Não sei se as cartas chegaram, mas não importa...
Na verdade nem devia te-las escrito, voltou a saudade
E ficou essa dor tão doída dentro de mim!

José João
25/11/2.014




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Minhas poesias não são belas, são...

Sei que minhas poesias não são belas são apenas tristes,
Têm a cara dos meus olhos e o jeito de minha alma,
Mas são verdadeiras e...felizes, porque não mentem,
Seus versos sem rima não têm medo nem do começo
Nem do fim das histórias que contam, se cada verso
É uma lágrima...que seja, mas é um lágrima viva,
Que não se esconde que se derrama em meu rosto,
Fazendo caminhos como se fossem as carícias 
De uma criança que diz: Não chora, estou aqui...
Mas se queres e é preciso, choro contigo, e solidárias
Vêm outras...e outras, até se fazerem prantos.
Minhas poesias são cheias delas e de prantos,
Lágrimas, para minhas poesias, não é só uma palavra
Colocada dentro de um verso, é uma verdadeira
Expressão que minha alma encontra para gritar,
Chorar, orar...rezar orações encharcadas delas,
Como fosse um clamor, um pedido de clemência 
Que minha poesia, longe de ser bela, apenas triste 
Grita para alguém ouça e chore comigo


José João
24/11/2.014

O grito de uma alma sozinha

Tu deixaste que meus olhos gritassem desesperados,
Palavras cheias de lágrimas, que se derramavam em meu rosto
E iam ao tempo, como eco dos gemidos doloridos
De minha alma, num sussurrar de reticente clamor, implorando
Que um adeus não fosse dito. Meus olhos choraram o pranto
Dos abandonados, choraram sentindo aquela dor cortante
Que fica na alma sem querer passar, e só sabe dela 
Quem perdeu tanto, como se fosse seu próprio pedaço
Levado para sempre sem rastros para voltar.
Os sonhos ficaram vazios, escondidos, envergonhados
De serem sonhados, já não eram mais coloridos e nem belos,
Não tinham mais o gosto dos desejos e nem cor de esperança 
Para verdejar os amanhãs como fossem flores na primavera
Se abrindo, já na madrugada, quando o alvor do dia
Começa a pintar de aurora o horizonte dos amantes.
Até hoje meus olhos aflitos te procuram por caminhos
Onde só em pensamentos se pode chegar, mas vai, 
Com um olhar taciturno, perdido no nada, cheio de vazios,
Jurando ainda assim que te olham, coitados, na demência
De uma vontade que a alma nunca deixou de sentir


José João
24/11/2,014

sábado, 22 de novembro de 2014

Já fui uma história feliz

Meu Deus, agora lembro! Já tive dias coloridos,
Bordados por mãos de fadas, contado em poesias
Por poetas divinos, dias como se fossem esculpidos
Pelo artesão do tempo, perfeito no talhar os momentos,
Não tenho mais como busca-los e vive-los
A não ser nessa saudade quase infinda que me toma.
As vezes as recordações me vêm tão vivas
Que até o perfume daqueles dias  me cerca em volteios
Tão vivos que quase adormeço envolto na ilusão
De estar vivendo-os outra vez e me perco de mim,
Me deixo levar como se fosse um sonho a fazer-me
Viver tudo outra vez. Fecho os olhos para "ver"
O que ficou lá para traz, ou para minhas lágrimas
Não saírem gritando ao tempo segredos de minha alma.
Abro as mãos como se quisesse tocar o tempo
Que parece fugir por entre as dores que essas
Recordações me trazem. É uma dor sufocante,
Uma saudade sem começo nem fim, apenas saudade,
Meus olhos voam entre as paredes que nem exitem mais,
Entre as palavras e olhares que ficaram perdidos em mim,
E assim me visto de de ti e me esqueço quem sou...
Para, pelo menos pensar, que estou vivo.


José João
21/11/2.014





Recomeçar...é do que preciso.

Tenho que me fazer livre, deixar o pensamento
Solto, buscar outros momentos, outros sonhos,
Buscar verdades novas, novos sentimentos,
E se preciso, até mesmo dores novas. Preciso
Recomeçar, soltar as amarras que me deixam
Preso entre coisas antigas, dores, sonhos, desejos,
Que já se fizeram caducos, se arrastam pesadamente
Pelo tempo com barbas longas e brancas, reticentes...
Sussurros inaudíveis porque tudo se fez um distante
Passado, cheio de rugas e cicatrizes que desapareceram
Sem mesmo sarar. Preciso fazer-me livre para
Um outro amanhã, novas emoções, outros desejos...
Outras ilusões, carências novas de outros olhares,
De outras saudades que nem sei se vou sentir...
Mas preciso. Preciso refazer-me uma outra vez.
Correr por entre a vida buscando sonhos novos,
Conquistas e decepções, mas que sejam novas,
Deixar o amanhã livre para sentir o que vier,
Me entregar sem medo, e viver. Intensamente.
Vou fabricar lágrimas novas porque sei, vou chorar
Outras dores de amores que me dirão adeus...
Mas preciso recomeçar...recomeçar...recomeçar.

José João
21/11/2.014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Essa noite ri-me tanto da solidão

Ah! Já é madrugada, quase estão vindo o sol e os pássaros,
Mas essa noite, ri-me da solidão, não que ela não quisesse
Chegar, eu é que não a queria por perto, e não permiti,
Deixei que ela ficasse lá fora, perdida na sua própria noite,
Não na minha, queria e fui buscar companhia, passei a noite,
Contando histórias que vivi, de sonhos de saudades...
Lembrei até de Clarice..."Lembrar-se com saudade
É como se despedir de novo". Por isso a dor não passa,
Toda despedida é dolorida. Ah! Mas essa noite...
Essa noite não passei sozinho, enganei a solidão, 
Que insistente, batia na porta, soprava a cortina da janela,  
Mas não a deixei entrar. Vieram recordações distantes,
E com elas duvidas que nunca havia sentido...
Será que todas as lágrimas que chorei foram de amor?
E o que julgava ser amor... que perdi e não chorei?
Acho que Florbela tem razão... " Não existiu morte
para o que nunca nasceu". Então me enganei muitas vezes
Pensando ser amor o que sentia. Esta  noite 
Não me preocupei com a solidão. Deixei a luz do quarto
Acesa e minha sombra presa na parede a me ouvir...
A gesticular comigo. Ri-me tanto da solidão...

José João
20/11/2.014




Um adeus que nem eu sei.

Foi apenas um único adeus, e nem sei quando foi dito,
Quem ouviu foi minha alma, e desde esse dia
Até sempre, é uma saudade que não sei dizer,
Só sei sentir, as vezes com lágrimas,
Outras com sorrisos fingidos, afagando a tristeza,
As vezes no silêncio de uma solidão tão intensa
Que sinto a dor do vazio da ausência dentro de mim.
Um adeus que não ouvi, mas sei que me foi dito,
Não sei se com palavras, se com um olhar,
Daqueles que silenciosamente dizem tudo,
Fazem a dor  ser bem maior porque a angustia
Se faz verdadeira, (palavras enganam a angustia)
Se fazem poucas, não são eloquentes como os olhos,
Que não mentem porque a alma não deixa.
Não me lembro de nenhum rosto, nem de momentos,
Mas uma ansiedade que parece descabida,
Como se fosse uma história que não devia esquecer,
Que está ali, dormindo, escondida dentro de mim,
Me faz sentir essa saudade que só sei sentir...
Não sei dizer, só sei chorar... com a alma
E nas poesias que ela me permite escrever.

José João
20/11/2.014



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dores de outono, lágrimas de primavera.

Quando a saudade me traz lágrimas, em abundante trazer,
Como fossem flores trazidas pela primavera, meu olhos
Se perfumam, se fazem jardins, onde a alma se espraia
Em prantos, gritando no clamor de um mórbido silêncio,
A tua ausência. E como pétalas caídas em fim de primavera
Se vão, perdidas, a serem esquecidas no chão do tempo.
Foi assim antes, quando as lágrimas, como folhas de outono,
Num triste soltar-se ao mundo, caídas, moribundas no chão,
Ainda assim iam com o vento, rolando com poeira e solidão,
Num convulsivo derramar-se nas dores que tua ausência traz.
Entre a tristeza melancólica do outono e a beleza colorida
Da primavera, meus olhos se perdem em tua procura
Na busca ensandecida, ainda que por caminhos perdidos,
Encontrar teus rastros, mesmo na ilusão dos sonhos
Sonhados em vão, sonhos cor de tristeza, como flores
Que o sol se esqueceu de aquecer, a brisa de beijar,
E a garoa de molhar.Ah! Essas minhas lágrimas...
Que perderam o viçoso verde das folhas de esperança,
Perdeu a cor, o brilho de pétalas vivas, e se fizeram
Borboletas, procurando a esmo sonhos para beijar...
Ou...sonhar

José João
18/11/2.014




terça-feira, 18 de novembro de 2014

A tua tão dolorida ausência.

Sentado na porta da tarde, na melancolia de um por do sol,
Vendo o tempo passar sem me levar a lugar nenhum, 
Levando apenas meu olhar perdido por entre estradas 
Percorridas por quem nunca foi, sempre esteve aqui,
Dentro de mim, como sombra a me marcar o tempo.
Os olhos gritando em silêncio, buscando dentro da distância,
Que se abria até onde estás, até num horizonte perdido,
Onde apenas sonhos e pensamentos podem chegar,
Te procuro. Deixo a alma correr livre, solta, na certeza
(incoerente) De te encontrar como poesia escrita no tempo,
Na eternidade e na infinitude dos sentimentos que com ela vão,
Mandados por um alma carente, perdida em vãs orações
Esperando milagres que não podem acontecer nunca.
Assim faço meus dias, minhas tardes, espero a noite,
Que calmamente vem me iludindo com o brilho 
De estrelas tristes como fossem reflexo dos teus olhos
A brincarem como vaga-lumes do infinito a se fazerem
Beijos coloridos de luz que nunca em mim vão chegar.
Minha alma, coitada, implora em aflição, um pedaço 
De sonho, um resto que seja, mas que traga, 
Pelo menos uma saudade, para  quando a solidão
Chegar não me encontrar assim...tão sozinho.


José João
18/11/2.014




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O depois foi só até ontem

Por vezes parece que pra mim o tempo parou, 
Distâncias se fazem pequenos caminhos, onde o pensamento
Percorre, quando te busca na estrada que não existe mais.
Os sonhos brincam em minhas lembranças como se tudo
Tivesse sido ontem. Não há sonhos sem que neles
Não estejas. Tudo parece tão perto, tão cheio de ti,
Que chego a brincar de sentir uma saudade
Que ainda não chegou, que talvez, quando o vazio
De tua ausência tomar a forma de solidão,
Ela grite em minha alma com todas as forças da dor
Que sempre ela traz consigo. Mas não importa...
Eu preciso te sentir, mesmo nessa minha loucura
Que me faz não viver se, pelo menos, não ouvir
Do tempo, que ainda existes dentro de minha alma.
Nunca meus pensamentos foram além de ti
E nem meu coração pulsou chamando outro nome.
Parece tão perto, tão recente, tão ontem, tão hoje,
Tão sempre, que os momentos, todos eles, 
Se fizeram eternos, e até o depois foi só até ontem.


José João
17/11/2.014








 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Nem sempre amar é ser feliz

As vezes amar não é o mesmo que ser feliz,
Algumas vezes é apenas viver um sentimento
Que tira um vazio dolorido de dentro da gente
Mas deixa um outro, cheio de desejos e carência. 
As vezes dizer, te amo, é dito no silêncio da alma,
Como se fosse uma oração que só quem sente
Sabe rezar. O coração bate descompassado
Como se cada pulsar fosse um grito de angustia
Fazendo eco na alma, que em desespero, pergunta:
Porque? Porque tenho que derramar lágrimas
Por amar tanto? Amar...amar...as vezes é escrever
Uma história triste de apenas um coração, 
De um sonho que se sonha só, de um amanhã vazio,
Em que a verdade se faz apenas uma: Solidão.
O pensamento fica ocupado com apenas um pensar,
E todos o lugares ficam tristes, sufocantes, sem cor,
A saudade rói a alma, a saudade do que é impossível
Se faz maior que todas as saudades, se faz eterna,
Mais intensa, porque a esperança está morta.
E o silêncio fica cheio de palavras que não dizem
O que se quer ouvir...e o amor se faz dor...
Essa dor tão difícil de viver.

José João
14/11/2.014



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Perdi pelo medo de falar

Não sei onde se esconderam as flores, os poemas...
As tardes de brisa mansa, de canto leve, melodioso,
Balançando as folhas num dançar terno de suave valsar.
Não sei onde estão. Nem as palavras, não sei onde estão...
Se esconderam de mim, da monotonia do meu ficar
Olhando o tempo, sem buscar nada e sem nada falar.
Até minha voz se perdeu dentro de uma angustia descabida,
Minhas mãos, a esmo, acenam para uma estrada que não vejo,
Carência da alma, que dá adeus ao nada só pelo prazer
De sentir saudade. E vai, e corre em caminhos sem chão
Como se procurasse o pedaço que lhe falta para viver,
Grita para o mundo, para o tempo, para além mar, 
Sem que lhe volte o eco de sua voz, que se foi sem rumo,
Sem rota, voando com o vento, solto, sem poder voltar.
Não sei nem mais dos sonhos que sonhei...mas lembro 
Das palavras que não disse, talvez, seja por isso, 
Esse estar perdido agora...  no vazio do tempo, 
No vazio de mim, na distância que se fez infinda,
Por ter permitido que o silêncio tomasse a voz
E que os olhos não gritassem luzentes: Eu te amo.


José João
13/11/2.014

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os olhos choraram, mas...eu não.

 Hoje eu não queria chorar, queria apenas conversar...
É, conversar comigo mesmo, me buscar, 
Como se tivesse me perdido entre minhas dores,
Entre os meus anseios, entre as palavras não ditas,
Palavras que ficaram presas entre a vontade e o medo,
E se fizeram soluços, traduzindo pensamentos reticentes,
Dementes, como se solidão e angustias se fizessem
Vivas dentro da alma, do tempo e dos sonhos... mortos.
Mas não queria chorar. Não queria que minhas lágrimas
Fossem testemunhas dessas minhas aflições, não era justo,
Afinal, elas já se haviam feito palavras gritadas pela alma
E jorradas pelos olhos no desespero da própria desesperança.
Assim procurei o sorriso mais cínico que o fingimento 
Pode sorrir, me fiz artesão, e moldei os pensamentos
Que queria pensar, me sentei comodamente sobre o tempo
E fui buscar os momentos passados e intensamente vividos,
Todos eles vieram, efusivos, risonhos, cheios de história,
Falavam de abraços, de beijos, de verdade que faziam
A ilusão ser apenas uma mera pintura da verdade...
De repente, sem que eu quisesse, me vem uma imagem
Bem nítida no tempo...um adeus sussurrado quase
Sem palavras e as lágrimas me traíram, não resistiram
A tentação de chorar, mas foram elas eu não queria chorar


José João
12/11/2.014


Pelo tanto que amei.

A mim, vem agora o destino a dizer-me: Chora...
Porque a ti já não cabem sonhos ou coloridas verdades,
Dei-te, e há mais tempo que precisavas, sonhos pra sonhar,
Verdades para contar, momentos cheios de dois corações,
Agora, a ti não cabe mais - diz-me o destino - sonhos novos,
Suspiros de ansiedade e a doçura do prazer de esperar. 
Dou-te, e  se quiseres...  a companhia da saudade,
Dessa saudade que faz de história os ontens vividos,
Que faz de lágrimas, poesias, que a alma declama chorosa
E triste, fingindo com um sorriso nos lábios, a dor que sente
E que chora em silencioso chorar. Dou-te tudo isso
- diz-me o destino - como se a mim não mais fosse preciso
Ter esperança, ter vontade de sorrir esperando os amanhãs.
Continua o destino a dizer-me: Dou-te a liberdade 
Do silêncio, de nele mergulhares, sentires o vazio da solidão,
Para que a saudade te acuda, te faça buscar os momentos,
E te faça viver outra vez, no sentido da ilusão que te resta.
Dou-te até a ousadia de chorar - há quem diga que chorar
é ridículo - mas a ti, ti permito a beleza das lágrimas,
É só o que podes ter, pela tua ousadia de ter amado tanto.

José João
11/11/2.014




terça-feira, 11 de novembro de 2014

Meu mais terno segredo

Ah! Como queria te falar! Tantas coisas pra dizer...
Mas minha voz emudece, meu coração pulsa desesperado,
Minhas mãos se contorcem, tremem, suam...
Minha alma desesperada tropeça nas palavras
E o que era para sair de dentro dela, fica preso na voz.
Meus olhos gritam com um olhar que não percebes,
E te procuram, te sonham, mesmo sem dormir.
Me perco na doce ilusão de um momento...
E nessa ilusão, minhas mãos te acariciam o rosto,
Minha voz em inaudíveis sussurros diz: Te amo.
Ah! Quando te "vejo" na minha louca vontade de te ver
O mundo pára, as horas se perdem no vagar do tempo,
Fico no marasmo de uma sonolência quase divina,
Sinto até teu perfume  me envolver como brisa,
Que lentamente me abraça, me toma em carinhos
E a vida se faz de um beleza que nem a poesia
Sabe dizer. As palavras ficam poucas para tanto.
Então calo,  e em silêncio guardo esse segredo
Que um dia não caberá mais dentro de mim...
E explodirá em versos de amor declamados pela alma.


José João
11/11/2.014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A remissão dos meus pecados

 Escuta-me, por favor! Quantas vezes pedi ao tempo!
Pedi à própria vida, chorando entre solidão e carência,
Entre tristezas e sonhos perdidos, ou já quase mortos,
Quase guardados dentro do esquecimento, que aos poucos,
Ia deixando a alma vazia, demente e sem lembranças.
Sonhos antigos, aqueles que se fizeram  "relíquias sagradas",
Persistiam em sobreviver dentro de uma saudade,
Que ora se fazia em lágrimas, ora se fazia sorrisos tristes.
Ainda assim, quantas vezes pedi em orações contritas,
Em ladainhas choradas. Quantas vezes pedi aos gritos,
Ou em silenciosos e angustiantes soluços que, como lágrimas
Faladas, corriam em busca de serem ouvidos,
Levados pelo vento para horizontes distantes em lamúrias
Que ninguém queria ouvir. Assim, pedir se fez pecado,
Porque as blasfêmias gritadas pelo desespero
Que a solidão fazia nascer, era bem mais forte que a razão.
Então parei e me fiz mudo, nem chorar me permiti mais,
Deixei que tudo se fizesse por si. Sentei no tempo,
Comodamente e sem pressa, embora ainda chorando...
Quem sabe seja a solidão a remissão dos meus pecados!!


José João
07/11/2.014






segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Tua saudade vale muito mais.

Não. Não sei quantos sonhos ainda vou sonhar...
Ou se ainda, pelo menos, vou sonhar. Não sei.
Mas tenho meus sonhos antigos, meus momentos
Que nas horas de solidão vou busca-los, lá atrás,
Quando a vida me fazia viver sonhos verdadeiros,
Tenho ainda recordações que o tempo guardou pra mim,
Deixou guardado dentro de minha alma como relíquias,
Preciosos guardados que ficaram escondidos
Do esquecimento e me vêm quando a carência grita
No vazio de mim, a tua ausência, a falta que fazes.
Não me permites que tenha sonhos novos, 
Tudo dentro de mim me faz sentir que estás aqui,
Dentro de minha alma, como se o tempo tivesse parado,
Para que te eternizasses por toda essa minha existência.
E assim vou eu, sem me importar com outros sonhos.
Tenho medo de serem menos que a saudade que sinto,
Tenho medo que outros sonhos te levem de mim,
E um dia não estejas para povoar minha solidão.

José João
02/11/2.014







sábado, 1 de novembro de 2014

Onde será que estás...

Não sei onde estás, nem quem és, mas te vejo
Nos meus sonhos, nas horas vazias das noites
Quando a solidão toma conta do tempo.
Te vejo, te sinto, no desejo louco que a carência
Me  faz sentir quando me envolve todo em abraços
Sem calor, mas cheios da tristeza que a angustia
Traz, quando sozinho, sou tragado pelo desespero
De estar só. Não sei onde estás, nem quem és,
Mas me entrego a esse pensar, a esse sonhar
Que me toma de mim em ilusões que minha vontade
Faz serem sonhos verdadeiros, como se a alma
Ficasse demente por tanta vontade de ti
(Que nem sei quem é) Mas não importa...
Que assim seja, minha carência chorando por um nome
Que não sei de quem, por um rosto que só vejo
Na minha vontade de não ser só, de dividir as horas,
De me entregar, de me doar sem medo dos amanhãs,
Sem medo do depois. Não sei onde estás,
Se perto, naquela esquina por onde ainda vou passar,
Ou lá longe, depois daquele horizonte, onde meus olhos
Te buscam lacrimejantes na melancolia do por do sol.


José João
31/10/2.014