sábado, 10 de agosto de 2013

Qualquer carinho me serve

As vezes sou poesia, em outras sou um verso
As vezes sou uma rima que não tem com que rimar
Pois como verso inacabado, sem história pra contar
Me faço de um poema que ninguém quer escutar

As vezes sou saudade, em outras sou solidão
Cantando no fim da tarde uma canção sem melodia
Espero a inspiração nas estrelas que vão chegar
Mas chega a madrugada e a poesia é um chorar

As vezes sou um jardim que o jardineiro podou
Também as vezes sou galho  que o jardineiro cortou
Fico no chão caído, galho seco, sem ter flor
Aos poucos vai se quebrando por tão seco que ficou

Até  folha também já fui, um dia verde robusta e bela
Mas com o tempo passando, fiquei fraca e amarela
Um dia um vento do norte, do galho me arrancou
Entre leves volteios teimosos no chão ele me atirou

Já fui pedra que na estrada, entre flores já morou
Sentindo o perfume delas que em mim não se pegou
Cruel sina a de uma pedra, que todos julgam sem vida
Mas com certeza um dia uma pedra também chorou

Já fui um raio de luar, muito elegante, majestoso e belo
Que com a estrela mais brilhante brincava de namorar
E a estrela, bela e vaidosa, se enfeitava para brilhar
Numa tentativa de, eu por ela, uma noite me apaixonar

Hoje, coitado sou um pedaço, o menor pedaço de mim
Andando pelas estradas, por veredas sem ter onde chegar
Procurando por migalhas, tão difíceis de encontrar
O pedaço de um sorriso, quem  perdeu para eu achar?

Ou até mesmo um abraço, mesmo velho e já vencido
Um beijo! Não peço tanto, este nem mesmo sonhando
Um resto de olhar perdido que esqueceram de dar
Qualquer carinho me serve...até um ombro pra  chorar.


José João
10/08/2.013







Um comentário:

  1. Olá José João
    A tua sensibilidade poética me encanta. Parabéns por mais este belíssimo poema.
    Um feliz dia dos Pais
    Um cordial abraço
    Gracita

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