terça-feira, 30 de abril de 2013

Minha dor? Essa é de menos

As vezes o tempo volta tão amargo, tão dolorido,
Que lágrimas, como se fossem gritos, marcam o rosto,
E o silêncio que toma a alma se faz cruciante dor,
Se faz espaço a ser preenchido com saudade infiinda,
Dessas saudades que vão buscar os momentos mais divinos
Para que a dor seja maior, e o coração pulse mais forte,
Como se cada pulsar fosse uma dor e cada dor sentida,
Uma saudade, tão diferentes são as dores de cada saudade!
E tantas são as saudades que a alma ajoelhada risca o tempo
Nomeando cada dor, cada angustia, cada saudade,
Não fosse eterna a alma, não teria tempo para tanto.
Assim chegam os porquês, os tantos e tantos porquês
Que sem respostas se fazem outras dores, mais novas,
Não dores de adeus ditos entre silêncio e lágrimas,
Mas dor de um adeus que nem se pode dizer, 
O tempo volta nas imagens, nos sonhos, tudo fica distante,
Não se pode preencher um vazio que o passado deixou
Se não sabemos a medida certa de seu tamanho
Dentro da nossa alma...ou da alma de quem magoamos,
Pois lá, também ficou um vazio e é esse que dói
Dentro de nós... é esse que dói dentro de mim.


José João
30/04/2.013







sábado, 27 de abril de 2013

Minha divina loucura

...Está bem, nos encontraremos amanhã. Naquele por-do-sol?
Sim. Sei onde é. Naquele daquela praia que nunca fomos?
Vou estar lá. Não, não se preocupe vou estar lá.
Mas como vou reconhecer você? Nunca nos vimos!
Como? Sim, estou ouvindo. Diga. Sim, sim. Entendi.
Você vai estar com uma blusa da cor do sol nascente,
Uma saia cor do mar quando o sol nele se banha,
Um adorno feito de estrelas e raios de luar
Preso nos teus cabelos cor da noite. É isso? Está certo?
Não, não. Com certeza não vai ter ninguém vestida assim.
Mas por via das dúvidas, como vais estar calçada?
Pode falar, estou ouvindo...sim ouvi, são muito bonitas,
Sandálias feitas com pétalas de orquídeas e...o quê?
Ah! Sim. Ouvi. Enfeitadas de açucenas e jasmins.
Eu? Como vou estar? Fácil, muito fácil me reconhecer...
Sou aquele que esfrega as mãos suadas e tremulas
Por tão nervosas, que anda de um lado para o outro
Do tempo perguntando as horas para o sol.
Sou aquele com o olhar perdido na estrada, ao longe
Querendo te ver chegar. Vou estar com um bouquet de lírios 
Que colhi no jardim de D. Primavera, um jardim mágico.
Ah! Sim. Meus olhos estão cheios de lágrimas...como?
Não, não são lágrimas tristes, é pela felicidade 
De te ver chegar. Até ensinei meu coração a sentir prazer
Na arte de esperar, mas de esperar por você.
Então, está certo? Está bem. Nos encontraremos amanhã...
Naquela praia que nunca fomos e... naquele por-do-sol
Que... não existe. Até amanhã.


José João
27/04/2.013


sexta-feira, 26 de abril de 2013

As lágrimas escolhem a dor que vou chorar


Não sou triste, minhas lágrimas é que são teimosas,
E ... vaidosas. Se enfeitam todas para vir aos olhos
Mas escolhem a saudade e a dor que querem chorar
Não é por qualquer dor ou saudade que vão brilhar

Se preparam por muito tempo, se fazem experientes
Não querem ser enganadas e chorar um dor qualquer
Dor que vale a pena ser chorada, a alma chora também
Dizem elas. Então elas chegam, como pra dor convém

A dor da saudade que minhas lágrimas teimosas choram
São dores de adeus que sem palavras os olhos gritaram
Quando os lábios tremeram e por tanta dor se calaram

São dores de saudades vindas lá de dentro do coração
Deixando a alma prostrada, deitada pedindo  perdão
Por achar que viver já não tem mais nenhuma razão


José João
24/04/2.013








quinta-feira, 25 de abril de 2013

Não sei quem és mas sei que existes


Não sei quem és, não sei teu nome, nem onde estás
Talvez estejas em uma das tantas esquinas do tempo
Na sombra de uma vontade que não sabes explicar
Até angustiada por não saber o que estás a esperar

Talvez sejas Beatriz, Maria, Antônia, Josefa, não sei,
Sinto tua falta, sento na tarde te esperando ver chegar
Olhar triste no horizonte, ansioso, querendo te buscar
Coração batendo forte, louco, sonhando te encontrar

Ainda não sei quem és mas imagino a cor do teu olhar 
Não sei ainda o gosto do beijo, nem teu jeito de falar
Mas sei que existes, só não sei onde e como te achar

Será que estás perto? Quanto tempo ainda vais custar?
Em cada rosto te procuro, cada sonho é uma fantasia
Enquanto não vens te faço eterna, te faço minha poesia 


José João
25/04/2.013




Essa tão angustiante espera

Minha alma grita aflita, corre entre jardins, desesperada
O enebriante perfume que perfumava o tempo, se foi
Como se fosse preciso apagar os rastros, nada deixar
Só a solidão deitada dentro da alma se deixando ficar

Queria agora  declamar os versos que nunca declamei
Sentir o gosto dos beijos perdidos, aqueles que nunca dei
Á! Amor, que não sei quem és, me põe no colo, te clamo
E por favor diz baixinho, por favor me diz... eu te amo

Se eu pudesse agora não sentir essa dor que me devora
Se eu pudesse ouvir pelo menos um sussurro a me dizer:
Acalma teu coração, estou aqui, já chega esse tanto sofrer

Mas minha alma arde na febre incontida de tanto querer
De buscar-te onde nem sei se existem caminhos para ir
Me angustia essa espera e o medo de que não possas vir


José João
24/04/2.013





quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cada verso uma lágrima

Horas? O que elas importam pra minha vontade?
O universo é tão pequeno quando se está sozinho!
Juntas, dor e solidão ficam como maior verdade
E assim as lágrimas, no rosto, encontram um caminho

Quando a dor se faz mais (e maior) que qualquer dor
Uma vontade das lágrimas se faz bem mais forte.
E tudo fica triste, elas correm aos olhos, revoltas
Ruminam a dor como se chorassem a própria morte
O mundo se abre, elas voam, lindas, brilhantes e soltas

Caem dos olhos e vão ao vento, doces lágrimas carentes!
Hora se vão ao vento, hora se vão ao tempo, mas vão
Os olhos se abrem, ardem, mas as lágrimas ali estão
Reluzentes, cheias de vontade, de saudades e de paixão
Assim como se fosse um grito da alma dado pelo coração
Razão para tanto: Um adeus dito sem nenhuma compaixão


José João
24/04/2.013

Minha alma...meu pedaço mais triste


Dos pedaços que hoje a vida me fez, de todos eles,
É minha alma... o pedaço mais triste de mim...
Cabisbaixa, lamuriosa, sentada num canto do tempo,
Olhando o vazio infinito que dentro dela se fez,
Chora, e entre soluços de doloridos ais, se entrega toda
À vontade de gritar o que não sabe mais falar...
Mas o silêncio, desses das almas quando ficam tristes,
Lhe toma a voz, e muda, se faz de sombra a esgueirar-se
Por entre as dores, cada uma se fazendo mais dor que a outra,
Parece que as dores, por vaidade, querem ser sempre mais
E disputam entre si um gemido da alma como troféu.
Ah! Esse pedaço de mim! Tão sofrido! É, e me faz tão carente
Que falo com o tempo e respondo como se fosse eu,
Me fazendo outro, engano a alma dizendo que não estou só.
Mas ela conhece a voz do tempo e me diz: O tempo não chora
E pergunta: De quem são as lágrimas nos teus olhos?
- Ela mesma se desculpa e responde - 
Desculpa, sei que são minhas, só sei chorar com teus olhos...
Mas por que és tão passivo às minhas vontades e dores?
Não sei responder e o silêncio dela me toma todo,
Tenho pena de minha alma, dessa tanta tristeza que ela tem!
Assim, por solidário, empresto meus olhos e choro também.


José João
20/04/2.013



As vezes chorar é preciso

Quero chorar. Preciso chorar. Não com essas lágrimas 
Que todos choram, que até se fazem vaidosas 
Brilhando nos rostos tristes. Quero chorar no silêncio,
Sem que ninguém veja, como se fosse uma oração...
Que se reza sozinho, escondido num canto, contrito,
Só, com a alma, sentada no nada chorando comigo.
Chorar sem que ninguém saiba, nem mesmo a poesia
- Minha poesia não guarda segredos -
Ela conta nas linhas, nas entrelinhas dos versos
O que não quero contar, se escrevesse agora ela diria:
Não é dor alheia é dor dele mesmo que está a chorar.
Por isso quero chorar sozinho todas as minhas dores.
Quero chorar sozinho, as lágrima são minhas, só minhas,
Não precisa que lhes vejam, nem a tristeza, nem a beleza.
Minhas lágrimas são tristes mas são tão  belas!
Talvez até deixe, na noite, a solidão chorar comigo, 
Na verdade ela sabe até o gosto de minhas lágrimas,
Chorar as vezes é preciso. É como se a alma gritasse
Ao mundo todo seu desespero por tão só se sentir,
Assim como se fosse um despertar pra verdade,
Como se descobrisse que o tempo não lhe pode mais iludir


José João
20/04/2.013












terça-feira, 23 de abril de 2013

Sem rotas e sem caminhos

Estou só, num batel perdido em furiosa tempestade,
Frágil lastro, velas rotas, trapos pendurados num mastro
Sem amarras, a balançar-se sob o peso do vento.
Sou naufrago a ir a deriva, sem rumo, sem porto pra chegar,
A tempestade escondeu as estrelas e sem elas, traçar rotas,
É perder-se mais e mais num oceano de águas desconhecidas,
- Quem sabe até onde a solidão pode levar? -
O vento inclemente fustiga o rosto, o frio lhe rasga a carne, 
Mas a dor da alma lhe rompe em pedaços perdidos, soltos,
E a voraz solidão, por maldade e risonha por ironia
Se faz dona, se faz viva, se faz mar, se faz rota sem rumo.
Lá distante, num horizonte que não se pode mais sonhar,
Nele estão todas as esperanças que um dia existiram,
Mas agora nem lembranças podem ser, o vento mudou,
Virou a correnteza e o horizonte se perdeu entre as lágrimas.
As ondas se contorcem em espasmos tão violentos!
E um rugido rouco se faz ouvir na fúria do mar revolto
Como se fosse a vida gritando que para viver...
Não é preciso ser feliz, basta apenas...viver


José João
23/04/2.013



Os Sonhos! Vagueiam por aí perdidos

Meus sonhos ... vagueiam por aí como fantasmas perdidos
E minhas lágrimas caem dos meus olhos querendo segui-los
A alma desesperada reza orações ...gritando torpes heresias
Por que todas as verdades, todas, se fizeram meras fantasias

As tantas promessas que um dia, sob juramento, foram ditas
Eram apenas palavras vazias, palavras que se fala sem sentir
Assim como folhas caídas, rolam ao tempo levadas pelo vento
Indo sem nunca chegar mas se deixando ficar como tormento

Até minha voz emudeceu como se um vazio lhe tomasse toda
Os poucos ais e suspiros que consegui que de mim saíssem
Foram se diluindo na imensidão do nada e nem o eco voltou

Talvez tenha se tornado uma lágrimas de minha própria voz
Quando até a tristeza, por pena de mim, comigo chorou,
Solidária, dizendo que sozinho ninguém chora dor tão atroz


José João
16/04/2.013







Meu pensamento e eu

As vezes o pensamento vai buscar momentos tão distantes!
Momentos coloridos, repletos de mim, de vida e de sonhos
Alguns guardados como doces relíquias a se fazerem história
Ficam acomodados, latentes, mas vivos dentro da  memória

Ah! Esse meu pensamento! Cheio de tantas saudades infindas
Lá de quando a musica se fazia voz a buscar dentro de mim
Poemas escritos em versos de sublime e perfeita incoerência
Porque neles só a solidão gritava perdida na própria carência

Meu pensamento as vezes parece criança sonhando ser feliz
Faz por inocência da última pétala sempre um bem-me-quer
Faz do amor seu caminho, indo, sem medo, onde ele quiser

Mas as vezes, como agora, se faz de um senhor, que perdeu
Os sonhos, a meiguice de um olhar colorido de esperança,
Um  triste, por saber que a felicidade nunca mais lhe alcança


José João
17/04/2.013










sábado, 20 de abril de 2013

A amiga das horas...certas

Vem, cuida de mim, me põe no colo como um menino.
Vem, me deixa cariciar teu rosto que ninguém conhece,
Deixa que durma no frio da noite deitado em teu silêncio
Desde a primeira estrela até quando o dia vem, amanhece

Vem e me deixa sonhar no aconchego dos teus momentos
Sempre cheios das saudades que fazes questão de trazer
Cheios de sonhos que se fizeram apenas pedaços do tempo
Marcados por cruel perda, tanto, que faz ser tão doído viver

Entra, não precisa que peças, nem dizer nada, apenas fica
Preciso muito de quem me queira, de quem me afague
Preciso de quem me faça coisas que o tempo não apague

E só você com esse jeito de ser, de saber a hora de chegar
De adivinhar a dor da alma e a necessidade e um coração
Só você, que tantos temem. Vem, sou teu... minha solidão


José João
20/04/2.013


quinta-feira, 18 de abril de 2013

O perfume dos sonhos


Quero gritar, todos os gritos profanos que aprendi,
Quero correr entre saudades, dores, adeus e ausências.
Hoje quero chorar, fazer de minhas lágrimas uma chuva,
Que caia, que encharque o chão, que se faça rio e vá
Entre as pedras pontiagudas e cortantes como se fazem
A solidão e angustia para uma alma que chora sua dor.
Hoje não é permitido sorrir, nem ter esperanças olhando o céu,
Não é permitido cantar, nem fazer versos, nem poesias,
O dia, hoje, se abriu bom para lágrimas, para prantos e saudades,
Para todas as dores que andam por aí procurando corações
Que se fazem carentes como a carência da chuva nos desertos.
Vou andar por aí, por estradas perdidas, sem margens, sem chão.
Buscar rastros perdidos pelas ilusões que se perderam no nada,
Tentar ouvir pelo menos o eco das palavras que um dia ouvi
Como se fossem canção, ainda devem estar em algum lugar do tempo
Talvez até as encontre nos pedaços de mim que se fizeram restos
De sonhos que até ontem sonhei. Sim eram sonhos de ontem
Que a noite, sem a menor cerimônia, me deixou acordado...
E os levou. Foram por caminhos perdidos entre nuvens,
Para não deixarem rastros, nem sombras, nem  perfume,
Sim. Alguns sonhos são perfumados, sim. Não como as flores
Mas com o cheiro do céu que nunca ninguém sentiu, 
Mas tem até  gosto... o gosto dos anjos. Quem já amou...
Sabe o perfume e o gosto dos sonhos


José João
18/04/2.013






Preciso de um tempo


Preciso de um tempo. Estou cansado, dolorido, faminto...
De um olhar, de uma palavra. Nem sonhos, nem abraços e beijos,
Um olhar já basta, já me faz pensar que existo. Vou parar.
Vou parar de fazer versos por uns tempos, de chorar na poesia.
Meus versos molhados de lágrimas ainda se faziam vivos,
Mas hoje, morreriam afogados no tanto pranto que me vem.
Estou triste, perdido dentro de mim mesmo e muito mais,
Sou como um naufrago sem rumo, sem horizontes,
Indo ao sabor das ondas que não levam a porto nenhum.
Não posso mais fazer poesias, elas sentiriam vergonha de mim,
Das palavras reticentes, perdidas, atropeladas por soluços,
Das rimas descabidas por querer rimar dor com saudade,
Das letras trocadas, das palavras incompletas que só fazem
Versos vazios, nas estrofes deselegantes e sem sabor,
Nem ao menos o sabor de um adeus, quando a alma
Sente o gosto das lágrimas. Pensava que na despedida
A dor do adeus fosse maior que todas as dores, mas não...
Essa dor que sinto agora, essa dor que não sei nomear
Que deixa a alma demente, uma dor tão forte que...
Nem permite chorar! É ela que deixa os olhos carentes.
Vou parar de fazer poesias, para ver se consigo chorar...
Todas as lágrimas que há muito venho guardando em mim.
Vou chora-las todas, para que nenhuma caia mais na poesia. 
E talvez... quando essa ausência doer apenas um dia...por dia.
... Eu volte a ser ...eu


José João
18/04/2.013










terça-feira, 16 de abril de 2013

Será que chegas nessa primavera?

Vem, entra, entra bem dentro de mim e te acomoda.
Vem, me faz de teu mundo que te faço de minha vida
Te apossa dessa alma carente, pedinte de um pouco de ti
Já és dos mais belos e doces momentos que um dia vivi

Que falta para que chegues? Se dentro de mim já estás!
Se te ouço na voz do vento! Se estás no perfume da flor!
Por que ainda me mandas recados pelas ondas do mar,
Pela voz do sol poente, pelos olhos perdidos da luz do luar?

Vem, vem logo que a  primavera já está trazendo as flores
Já está pintando o mundo com os mais diversos sabores
Desses que se sente o gosto na alma por tão tentadores

Vem que os lírios já se abrem nos campos inocentes e nus
E serão vestidos por açucenas, verbenas. Esperam por ti
Vem. Vem, sai desses sonhos onde até agora contigo vivi.  


José João
16/04/2.012





segunda-feira, 15 de abril de 2013

Um outro champanhe

Viva. "Champanhe. Champanhe, para brindar um encontro"
Com minhas lágrimas que se derramam na taça, se misturam
Com saudades, com sonhos perdidos e com...champanhe...
Para brindar teu encontro, teus beijos, para brindar que... 
Me esqueceste. Brindo o sabor de outros lábios que agora beijas.
Brindo comigo a raiva de mim no beijo da taça de ...champanhe
Viva. Viva o brinde de um bêbado. Viva a angustia... e a dor,
Viva o beijo frio que a solidão troca comigo com gosto de...
Saudade de...champanhe, derramada no chão a se fazer
Rastro para recordações que se fizeram feridas na alma.
Um brinde. Um brinde para minhas lágrimas teimosas
Que saem ao mundo, loucas, gritando desejos perdidos,
Gritando com a alma teu nome como oração. Um brinde,
Um brinde às vãs tentativas de esquecer os momentos,
Os dias vividos, os dias sentidos, molhados com gosto de ti.
Quero brindar. Champanhe. Champanhe para os beijos moribundos,
Para meus sonhos, agora como vagabundos, andarilhos do tempo
Por falta de ti. Champanhe para um bêbado de passos trôpegos,
De voz reticente, buscando na noite um sonho qualquer.
Champanhe para brindar teu encontro, esse teu novo amor.
Champanhe, por favor, muita champanhe para brindar minha ...
...minha (                         ) dor.


José João
15/04/2.013




Sonhos que não sonhei

Cada lágrima que chorei por sonhos que não sonhei
Se fizeram, em meu rosto, desesperadas lembranças
Dos momentos que perdi nos sonhos que não vivi
Apenas sonhar me faria uma verdade dentro de ti

Não importa que enganasse a alma e também a mim,
Não importa que fingisse sentir o prazer de teu sentir
Não importam noites em claro te esperando em vão
Um sonho, um sonho apenas, aquietaria meu coração

Um sonho, mesmo desses que se sonha acordado
Que se vê, entre lágrimas, um impossível acontecer
Ainda assim, esse sonhar me poria perto de você

Esse sonho seria sempre o melhor pedaço de mim
Um pedaço completo, com teu gosto e repleto de ti
Sonhos que não sonhei! ... momentos que não vivi


José João
15/04/2.012






domingo, 14 de abril de 2013

Há de haver uma razão.



As vezes chorar a dor alheia é como chorar nossa dor
Por serem tão parecidas, ficam dentro da gente sentidas
Que as mesmas lágrimas, choram as duas dores vividas
Como se a mesma dor fosse por duas almas paridas

Como  tempo e  distância se fazem assim de tão menos
Quando uma força desconhecida às duas não dá sentido!
Uma mesma dor é chorada sem os olhos se encontrarem
Mas com a mesma angustia faz os prantos se derramarem

Chorar a dor que se sente, essa que fica dentro da gente
Dor que nos chega da alma, por tristeza, sofrer ou carência
Dor que nos enche de vazio, nos deixa uma certa demência

Se é dor nossa, se tem que sentir, mas uma dor de tão longe
Que parece vem com o vento e até não se sabe de quem
Não importa, pelos segredos da vida, choro contigo também.


José João
14/04/2.013






Um sonho cabisbaixo, diferente


Havia um janela aberta por onde os sonhos passavam,
Brincavam, voavam, até sorriam, entre noites e dias
Uma janela sem grades, livre, que dava para o céu
Pintura tão perfeita que foi feita sem  precisar de pincel

Uma janela por onde os sonhos corriam soltos pelo tempo
Iam alegres entres os ontens distantes, hoje e os amanhãs
Amanhãs que custariam tanto chegar mas já eram sonhados
Por que as janelas faziam os sonhos virem aos punhados

Mãos, olhos, coração, vida, alma, tudo cheio de sonhos
Sonhos antigos, sonhos criança, sonhos caducos, embrião
Todos eles cheios de vida, de esperança, cheios de emoção

Menos um, sempre escondido atrás da janela sem querer sair
Era um sonho cabisbaixo, um sonho sempre triste, diferente,
Era um adeus que saiu, fechou a janela e se foi indiferente.


José João
14/04/2.013





Sonhos, apenas sonhos antigos


Bela senhora que me esconde o doce rosto divino
Atrás de um lenço de linho bordado com a cor do sol
Quisera eu gentil donzela, poder-lhe mostrar meu apreço
Tecer lenços coloridos e finos com as flores do arrebol

Roubar as estrelas mais belas, as mais brilhantes do céu,
O raio de luar mais dourado que ainda ninguém não viu
Buscar um anjo artesão cheio de toda e divina inspiração
Fazer um diadema e nele pendurar esse humilde coração

Senhora divina e bela essa tão profunda beleza no olhar
Me deixa que a alma se tome de todo um inocente desejo
Como pássaro que por tão sozinho canta saudoso chorar

Quem dera meus versos levassem pra dentro de sua alma
Esses desejos, esses sonhos que lhe afirmo a minha tem
De lhe ser gentil escudeiro servo fiel, isto se lhe convém


José João
13/04/2.013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os acordes do meu pensamento

Meus pensamentos vão como acordes musicais
Em notas perdidas. Fragmentos de uma sinfonia.
Uma sinfonia que só o autor pode e sabe entender.
Partituras escritas com lágrimas apenas ele sabe ler

Os sons mais graves, cópias do som de seu coração
Que batia descompassado, rouco com gosto de pranto
Os agudos, gritados por um barítono lá dentro da alma
Como uma Ave Maria cantada entre tristeza e encanto

Os pensamentos? ... Sinfonia perdida sem compasso
Caiu a batuta do maestro que se perdeu na regência
E a orquestra de sonhos já se perdeu desde o prefácio

Como pensamentos perdidos por entre saudades e dores,
Uma sinfonia sem tom, a tristeza lhe roubou a harmonia
E de gemidos se fez o canto. Triste, choroso, sem melodia


José João
12/04/2.012








Soneto do silêncio

Quero contar entre prantos, contos e cantos
Uma história, que talvez nem minha seja
Mas que ao meu olhar enche de tanto brilho
Tanto quanto uma alma triste sempre almeja

Um brilho que nos olhos confunda luz e pranto
Que se faça na alma, um reflexo do momento
Se não de uma dor atroz a romper frágil peito
Que seja pelos sonhos mortos, esse tormento

A abrir-se em torpe espaço no seio da alma
A buscar-lhe nas estranhas essa dor tamanha
Que tão forte se faz angustia e a ela engana

Dar de beber a alma, a solidão, em turvo cálice
Vê-la, embriagada entre ilusões, voar confusa
A ouvir a própria dor, gritar bem alto: Cale-se


José João
12/04/2.012











quarta-feira, 10 de abril de 2013

Com a alma choro, com os olhos minto

...E eis-me aqui, não para chorar a minha dor
Ou mostrar nos olhos as lágrimas que choro
Mas pra dizer que tudo na vida tem um sabor
Até mesmo a dor que dentro de mim, afogo

- São tão poucas as lágrimas que derramas!
Quem me vê chorar não sabe... e diz assim.
São lágrimas perdidas caídas nos meus olhos
Mas o pranto verdadeiro cai dentro de mim

Lágrimas nos olhos não mostram o que sinto
Minha alma se desfaz em prantos, ninguém vê
Choro com a alma, com os olhos apenas minto

Pra que chorar nos olhos essa dor ensandecida?
Que apenas a alma chore no silêncio de nós dois
Pra que mostrar uma dor pra eles tão descabida?


José João
09/04/2.013








domingo, 7 de abril de 2013

Milagres são coisas do amor

Amor é essa coisa linda que quem nunca amou acha ridículo
É a alma se entregando sem reservas ao momento mais intenso
Da vida. Um momento que não pode ser descrito, só vivido.
Dá, ao coração, uma história, faz viver ter razão, ter um sentido

Amor é aquilo que não se sabe explicar, cada um tem um sentir
Mas faz o coração bater mais forte, faz sonhar ser mais gostoso.
Dá aos olhos brilho novo, incrível, até a pele muda de perfume
E as noites, os dias, as vidas se deixam viver num novo costume

O amor faz da alma uma casa plena, cheia de infinita beleza e luz
Faz a gente gritar, voar nas nuvens sem sair do lugar, faz viver
Faz tudo mágico, faz se inventar poesias sem precisar se escrever

O amor é essa coisa que fica dentro da gente, brincado de encantar
De nos fazer leves a correr entre caminhos cantando como o vento
Amor, faz duas almas ocuparem o mesmo espaço ao mesmo tempo


José João
07/04/2.012







sábado, 6 de abril de 2013

Uma dor que só sei sentir

Te amei como se minha vida fosse tua existência,
Respirava o ar que me permitias respirar, eras tudo
Me fiz sempre e todo teu, até sonhava teus sonhos...
Meu coração! Se mandasses calar, logo ficava mudo

Paixão louca a dominar-me, a me tomar até a alma
Que louca te venerava como essência da própria vida
Ficava a me tomar os olhos  para apenas  admirar-te
E dizia, em oração solene, que nasceu só para amar-te

Eu a te fazer bem mais que tudo, minha maior verdade,
Mundo infinito, cheio de sonhos, onde até a eternidade
Vendo tanto amor pensava que tivéssemos a sua idade

Mas as tormentas, elas também assolam sonhos e vidas
Um adeus, até perguntam se é grande essa dor que vivi
Não sei, como vou explicar uma dor que só sei sentir?


José João
06/04/2.013 





 


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ninguém ouve um pecador?

Rezei, muito, joelhos feridos, braços estendidos
Olhar perdido entre o tempo e a distância do céu.
Rezei as orações que sabia, orações que aprendi
Mas tão pecador, acho que ninguém quis ouvir

Rezei nas noites de frio lá fora, e dentro de mim
Rezei nas noites de chuva, meus prantos rolaram
Por ruas, por becos, por onde a chuva os levassem
Como sombras iam sem que ninguém os olhassem

Minhas orações se perderam, eram tantos pecados!
Heresias, gritadas nas noites de angustia, como oração
Gritos, insultando a vida, saiam alto do meu coração

Pecador, como réu confesso, sou. Que posso fazer?
Pedi por milagres que nenhum reza fez acontecer
Rezei para ser feliz, e me permitiram apenas viver


José João
05/04/2.012










quinta-feira, 4 de abril de 2013

Brincado de mal-me-quer

Queria fazer uma poesia que não fosse triste
Que cada verso fosse um sonoro gargalhar
Uma poesia alegre, risonha, sem angustias
Dessas poesias que fazem o coração brincar

De pular dentro do peito como se fosse pulsar,
Dessas poesias que a alma ri sem saber explicar
Uma poesia como o canto alegre de um pássaro
Que escolhe a flor mais bonita e a ela vai gorjear

Uma poesia em que cada palavra fosse uma flor
Cada letra um pétala pra se brincar bem-me-quer
Uma poesia sem dono que fosse de... quem quiser

Mas nessa poesia em que cada palavra é uma flor
Nessa poesia sem dono, que fosse de...quem quiser
Nas suas pétalas... só sei brincar de mal-me-quer


José João
04/04/2.013



Um "fazedor" de sonhos

Não sou poeta, apenas troco meus versos por sorrisos ou lágrimas
Sou um contador de ilusões, contador de histórias alegres ou tristes
Sou "fazedor" de sonhos que começam com os sonhos que não sonhei
Aqueles sonhos de ternura contados na poesia, são sonhos que inventei

Os poetas inventam dores verdadeiras e fingem que não são suas dores
Fazem das palavras lágrimas, dos versos fazem prantos, choram a poesia
Feita de dores que ainda vão sentir ou de saudade que ainda está por vir
Eu conto a dor de ontem, vivo a dor de hoje a de amanhã quero fugir

Vêm? Não sou poeta, sou um contador de casos, desses  que choram,
Por que treinou os olhos desde quando aprendeu fingir ser um poeta
Aí encho uma bolsa invisível, de letras, de versos, de poesias completas

Saio mentindo, inventando angustias, inventando solidão, invento tudo
Um dia inventei a história de uma estrela que caiu perto da minha janela
Era mentira, é claro, ela só veio mostrar o brilho que roubou dos olhos dela


José João
04/04/2.013










quarta-feira, 3 de abril de 2013

A solidão não precisa de palavras

Caminhei por ruas desconhecidas, vi outro céu, até mais azul,
Ouvi corações, em diferentes idiomas, chorando a mesma dor,
Prantos caindo na noite misturando-se com o orvalho no chão
Até quem não se conhecia, de joelhos, rezava a mesma oração

O adeus, em qualquer idioma, se faz agustia, a solidão entende
Pra ela nem precisa falar, só uma saudade, uma lágrima, bastam
Em qualquer coração o pulsar é forte, o adeus maltrata, sufoca
Deixa triste vazio na alma perdida, sacrificada e quase morta

Procurei por muitos lugares distantes, paisagens desconhecidas
No meio da multidão ou por estradas desertas, sempre busquei
Um lugar pra me esconder da solidão, mas não, nunca encontrei

Em quantos idiomas rezei esperando milagres que nunca senti!
E só um idioma, fala a tristeza, a saudade, a angustia e a solidão,
Um idioma que não precisa de palavras... é a voz do coração


José João
03/04/2.013

O anel do papel de bombom

Quantas maneiras existem de viver intensamente o amor!
Não preciso do brilho dos diamantes, rubis, esmeraldas
Preciso de um olhar macio, um sorriso de cumplicidade.
Dois pés que se roçam sob a mesa, um sorriso aberto,
Um olhar farto, um grito de desejo esbugalhado no olhos.
Uma noite contando estrelas deitados na relva, sonhando,
As mãos se tocando, uma ansiedade inocente, um tremor
Uma vontade de apenas olhar, sorrir e dizer: Te amo.
Um banho gostoso, um ensaboar malicioso, um toque,
Um sorriso, a malicia do brincar, a doçura do querer.
A mesa colocada para dois, um: Posso servir você?
Um gosto de mais tarde, um gosto de amor no ar.
Quantas maneiras existem de se amar intensamente!
"Adivinhar" o pensar, aquele, "nem sabia que você gosta"
Ah! São tantas as maneiras de se amar intensamente!
Eu tenho a bijuteria mais cara de todo o mundo,
Um anel que veio num papel de bombom, mas...
Meu Deus! Nunca mais esqueci aquele sorriso!
E o olhar que até hoje me faz tremer quando lembro,
O anel está guardado, até esqueci a cor da pedra
Mas o olhar, o sorriso e o beijo, até hoje lembramos,
E sempre tentamos, sentir nos beijos de agora,
O mesmo sabor do beijo do anel do papel de bombom.


José João
03/04/2.013


terça-feira, 2 de abril de 2013

Escombros

O tempo correu entre meus sonhos e minhas vontades,
Fez-se viajante em minha vida, fez-se verdugo,
Desmanchou meus castelos, reescreveu minha história,
Foi passando por sobre minhas verdades, sentimentos,
Como um mar revolto, furioso a se fazer dono do mundo,
Destruindo até mesmo as ilusões que guardava em segredo.
Tudo ficou triste, sem cor, em silêncio, como resto. Escombros,
Frios, caídos como nada, tão pequenos eram os fragmentos
Que se faziam, como trapos rotos de sonhos mortos, apenas pó.
O chão se molhava em lágrimas que regavam sementes secas
Por que a dor, por ser apenas dor, fez murchar a esperança
Que se atrofiava cada vez mais escondida num canto da alma
Que soluçava em murmúrios rezando orações desconhecidas.
Escombros, apenas isso, escombros a se fazerem chão,
A se fazerem estradas onde ninguém pode passar,
Por que a angustia se fez pedra, pontiagudas, cortantes,
Afiadas navalhas a cortar até os sonhos que iam nascer.
A tristeza, como limo, subia, crescia,  cobria os escombros,
A se fazer carinhosamente de adubo ao que ali nasceria.
O tempo queria mostrar que sobre os escombros
Pode nascer até uma flor. E a fez nascer, forte, vaidosa
Arrogante, prepotente, cruel e triste. Uma flor que o tempo,
Chama de solidão.Única flor que pode nascer sobre sonhos...
Que se fizeram, pelo tempo, apenas... escombros.


José João
02/04/2.013