domingo, 31 de março de 2013

Revoada de sentimentos

A aurora acabou, o silêncio entornou em mim sua melancolia
Na palavra que não foi dita  por falta de voz. O som morreu
Desde quando a saudade, brincando com a noite acordada,
Fazia vir de dentro do tempo os sonhos que me acordavam
Brincando de fazer de mim apenas um pedaço do passado.
Tomara que um amanhã chegue passeando entre as noites,
Que o frio da solidão de cada uma se aqueça com o dia
E minha alma se refaça do susto que a solidão se faz ser.
Tomara que um verso novo possa nascer, e se fazer poesia
Como se fosse um renascer ardente, uma labareda viva
A queimar tristezas, angustias, a queimar os tantos nãos
Que se fizeram montanhas de quase intransponível subida.
A alvorada vai mandando a noite embora, e sem alarde,
Mas parecendo não querer ir, ela vai, e vai também levando
Tudo que sobrou da noite, o que sobrou dos meus restos.
Mas não sobraram para a noite levar, ficaram completas
Aqui comigo, a saudade, a solidão e o medo dos fantasmas,
Trazidos pelo remorso que em revoadas voam dentro de mim.


José João
31/03/2.013







sábado, 30 de março de 2013

Uma outra história

Há dores que se fazem vivas como se fosse preciso,
E talvez  sejam, para que a alma possa ter uma história.
Nem todas as histórias de amor têm que ser repletas
De sonhos dourados, se feitas também de tristezas,
Nem por isso deixam de ser histórias completas.
Lágrimas, prantos, soluços até, se fazem de palavras
E todos eles falando em uma só voz, em silêncio,
O que só a alma pode ouvir, sentir e entender.
Um sentimento que se faz dor, rasga o peito num golpe,
Profundo, que vai até o infinito como chama ardente,
Fazendo, dele escorrer, um rio revolto e borbulhante,
De saudade que escoa por entre os olhos como lágrimas.
Uma mistura de solidão e angustia brincam no tempo,
Sem nenhuma pressa, ou vontade de chegar logo,
Parece que elas sentem prazer na espera do chegar,
Sabem que o peito carente vai estar disponível,
Hoje, amanhã ou até quando... nem a alma sabe.
Por isso vão chegando bem devagar por saber
Pelo prazer de fazer ser mais difícil viver.


José João
30/03/2.013




sexta-feira, 29 de março de 2013

Não tenho medo de sofrer

Nunca tive medo de dizer adeus, aprendi a sofrer
Não me nego às dores, nem à solidão e nem ao pranto
Já me acostumei até mesmo com a ausência de mim
Com esse vazio que faz pensar estar tudo perto do fim

As lágrimas me enchem os olhos, a alma me grita aflita
As dores que sente. A saudade me acompanha na noite,
Os sonhos se perdem, se vão em pedaços, fragmentos
E a solidão se permite ficar no vazio de cada momento

É só isso, já senti outras vezes. Quantas vezes chorei!
Quantos adeus. quantas perdas.! Me acostumei e vivo
E se outras dores vierem, a elas, apenas ficarei  cativo

Sempre guardei as lágrimas, sempre as deixei nos olhos
Afinal nunca ninguém sabe o que o amanhã  pode dar
Se for outra dor, outra saudade, é só viver, é só chorar


José João
30/03/2.013













quarta-feira, 27 de março de 2013

À tua procura

Se for preciso corro entre os montes e quintais,
Corro por caminhos nunca percorridos, perdidos,
Atravesso rios entre ventanias, mares enfurecidos
Para buscar teu menor sorriso, um olhar distraído

Faço caminhos por entre nuvens, vou até o horizonte
Me faço de herói a cavalgar o vento pra te encontrar
Pulo por sobre cercas erguidas da altura da distância
Qualquer que seja, qualquer que esteja a nos separar

Seguindo comigo vai a saudade meus passos guiando
E teu perfume! parece o eco do vento que vem vaidoso,
Faceiro, vestido de ti, tudo em volta feliz perfumando

Eu? Até entre espinhos, se for preciso, vou caminhando,
Fiz entre estrelas, caminhos sem curvas, rotas infindas
E por eles vamos, minha alma e eu teu nome chamando


José João
27/03/2.012






terça-feira, 26 de março de 2013

Pelo gosto de um beijo

Ele vai, cabisbaixo, alma triste, passos perdidos,
Cansados, trôpegos, embriagados, sem querer ir
Lá, pra muito distante, onde só ele pode chegar
Como se fosse preciso, como se fosse procurar

Os pés vagueiam como se não pudessem pisar,
Os olhos se perdem nos prantos de um só chorar
A saudade grita a toa num não querer se calar
Mas o eco desse grito é o silêncio a reclamar

Que não ouve da alma um só gemido, um lamento,
Um suspiro de angustia...um mais forte soluçar
Assim, diz, como pode a solidão se acomodar?

Nessa andança, o andarilho a fazer-se peregrino
Esmoleu de sentimentos de um sorriso no olhar
Sente o gosto dos lábios que nunca pode beijar


José João
26/03/2.013




Foi o amor

Foi o amor, sim, que me deixou tantas cicatrizes na alma,
Me deu tantos sonhos e de repente me deixou sem nenhum
Me deu sorrisos, lembranças, momentos de infinita beleza
Agora me arrasto entre sombras, dores e essa eterna tristeza

O amor se fez em mim, sonhos coloridos ao fazer-se luz
Mostrou horizontes pintados de desejos, de fulgor ardente
A queimar-me a carne numa profusão de tantas vontades
Que até breves momentos vividos se faziam de eternidade

Me fez flutuar, leve, na ansiedade dos anseios incontidos
A buscar-te dentro de mim onde, confortável te escondias
A procurar-me quando te fazias de todos os meus sentidos

Foi esse amor que me deu os momentos que nunca esqueci,
Foi o amor que me fez viver a vida entre prazer e encanto
Mas agora... é ele que me faz derramar todo esse pranto


José João
26/03/2.013

segunda-feira, 25 de março de 2013

Agora sei porque sou triste

Acho que sei agora de onde vem a tristeza que sinto
Talvez da saudade de um mundo que nunca existiu
Talvez da saudade daquele sorriso que não pude ver
Ou saudade de um amor que morreu antes de nascer

Saudade dos que nasceram para amar e não deixaram
Dos adeus que em silêncio foram dados antes do tempo
Saudade de um mundo que existe em minhas poesias
Saudade dos que queriam sentir o amor e não amaram

Saudade de minhas tristezas que agora se fazem alegres
Por que o adeus dito foi só até a alma amar outra vez
Não esse adeus que se faz sempre, que de eterno se fez

Saudade das vidas que muitos queriam e não puderam ter
Saudade dos que nem sei se ainda existem, dos que amam
Sou triste por todos os que não podem mas querem viver


José João
25/03/2.013





sábado, 23 de março de 2013

Esses meus loucos olhos!


Vem. Gritavam meus olhos aflitos, desesperados, a tua procura,
Esmiuçavam nuvens e horizontes, iam além mar, até o infinito.
Gritavam em desespero, abriam-se, loucos, em busca incessante,
Fechavam-se quando, também as lágrimas, queriam te procurar.
Irrequietos, lacrimejantes, coloridos das tantas dores e saudades
Refletiam o brilho opaco da tristeza, embora o por-do-sol
Lhes mudasse o tom, lhes dava um brilho cor de esperança
E um vermelho, que se confundia, com a agonia do sol poente.
Mais tarde seria noite, e em mais desespero ficavam os olhos,
Agora já não eram apenas lágrimas, era também o pranto,
E mais tristes ficavam, logo o horizonte ficaria perdido no nada,
E os caminhos que o sol deixava no mar, a noite apagaria,
E sem rumo, o pobre olhar, se perderia nas ondas tão parecidas.
Os olhos se fecharam como se quisessem, pelo menos, sonhar
Como se  pudessem ir lá dentro da alma buscar alguns momentos
Que ficaram escondidos dentro de uma saudade que continuava viva,
Mas tudo se fazia distante, o tempo e a distância fizeram dos sonhos
Fragmentos avulsos, pedaços repletos de lembranças vazias.
Vagarosamente, pelo peso da solidão, cansados, os olhos se abrem.
A noite apagou os caminhos, e o olhar só chega até onde está a saudade.
Como se buscassem orações, buscam o céu, e lá estão as estrelas.
Entre um olhar de esperança morta e de vontade vã da alma
Os olhos buscam entre as estrelas, a mais brilhante...de repente...
Sorriem, gritam, alegram-se, o olhar se faz vivo, brinca de brilhar
Ali está ela, nossos olhares se encontraram no reflexo daquela estrela
Que como o pulsar de um coração está dizendo: Te amo...
Esses meus olhos! Será que enlouqueceram?!


José João
22/03/2.012






Não entendo essas lágrimas

Saudade e não sei de quê, até as lágrimas perguntam,
Por vezes se recusam vir aos olhos, querem motivos,
Na verdade não os tenho, nem sei se é mesmo saudade
Talvez seja alguma carência, ou coisas de minha idade

Não essa idade de vida, a que se diz que já se viveu
Mas a idade da alma, que por tanto amor já  sofreu
A idade da própria dor que de mim nunca se esqueceu
Comoda dentro da alma, desde que a esperança morreu

As vezes até penso não ter motivos para tanto chorar
Até um dia pensei ser fingimento dos olhos, do pranto
Uma desculpa descabida para ter um brilho no olhar

Não sei. Não sei se verdades que estavam escondidas,
Segredos que agora me vêm, ou se saudade de alguém
Alguém que nem sei se existe mas já não é um ninguém


José João
22/03/2,013



Amor sem medidas

...Te amo, e na tua ausência é que sei o que é amar
Te amo com um amor que não existe, que inventei,
Um amor tão simples que... se faz maior que tudo
Maior que a vida que fiz ser tua quando te encontrei

Te amo assim como se venerar não fosse loucura,
Fosse um simples respirar esse sentimento que criei.
Fosse te fazer que minha alma se fizesse toda nua
Ao vestir-se da divina inocência e fazer-te toda tua

Esse amor sem tamanho, sem margens, sem medidas
Que criei, assim fazendo que o mundo se completasse
Se fez que, em mim, tua presença se eternizasse

Não hei de amar-te sempre do tamanho que hoje amo
Assim não seria um meu amor, seria um amor qualquer
Seria até profano, pois foi tu que fiz de um anjo-mulher


José João
23/03/2.013








sexta-feira, 22 de março de 2013

Amar também é sacrifício

Adeus, me disseste sem me olhar nos olhos,
Como se tivesses medo que eles falassem
Que diriam? Talvez até fosse maior a dor
Sem me olhar fizeste com que calassem

E mudos ficaram, olhando tristes o chão.
Duas lágrimas, como tinham caído as minhas,
Gritaram uma saudade que em nós chegava
Até o adeus, nesse momento, por nós chorava

Era tanto a dor em nossas almas, que as duas,
A tua, e a minha, se abraçavam a distância
Uma  tentativa desesperada e vã de não irem,
De ficarem e amantes que eram se sentirem

Mas a vida traça os caminhos e as distâncias
As vezes é terna em buscar o rumo dos amantes
Outras, cruel, faz que se diga adeus sem querer
Como nós dois agora, que nada podemos fazer

Não fomos nós, e isso sabemos, os culpados
Parte de nós, aflita, grita: Por favor fiquem
A outra parte de nós diz adeus por ser preciso
A vida diz: Amar também é sacrifício. Acreditem


José João
22/03/2.012








Serão apenas restos...

Pobre de mim. Meus beijos na ausência de teus sentimentos,
Ficaram como cruéis pedaços vazios a ferir-me a alma triste
Tua sempre tão distante presença, que só eu não percebia
Agora se fez de muito mais, a certeza que não me querias

Toda essa distância de agora, só agora sei, é bem menor,
Dói menos, que teu olhar vazio de alma, quando me vias,
Falavas, e eu nem notava, que eram coisas que não sentias
Palavras, momentos, carícias, até sentimentos que não vivias

Mas não há de ser nada, minha alma está juntando os pedaços,
O tempo vai fazendo das feridas cicatrizes, e já quase saradas.
Ficarão marcas profundas, eu sei, mas não serão lembradas

Como o adeus de um amor que se foi, serão apenas restos
De momentos que se farão de pesadelos distantes, perdidos
Vestígios, e nada mais, de sonhos já hoje quase esquecidos.


José João
22/03/2.013





quinta-feira, 21 de março de 2013

Quero ser um poeta assim

Não quero ser mais que um poeta simples, um poeta rude
Que com palavras fáceis escreve a vida e suas tantas dores
Que anda descalço, brincando na areia, banhando na chuva
Poeta de apenas um sonho outros sonhos sonhar eu não pude

Quero ser um poeta que os apaixonados consigam lembrar
De uma estrofe, um verso, e na noite de lua possam declamar
Lembrando de amores perdidos, de dores que também já senti
E mesmo chorando, olhando as estrelas possam dizer: Eu vivi.

Quero ser um poeta que componha versos até sentado no chão
No ônibus, na fila, faça rascunhos no papel de embrulhar o pão
Desses poetas que trocam os palácios pela poesia da solidão

Quero ser um poeta simples, desses que escrevem com o coração
Que fazem versos sem rima, quando as palavras se fazem ilusão
E a poesia dentro da alma gritando em silêncio se fazendo oração


José João
21/03/2.013



O que o destino deixou.

Sinto-me tão pouco, em perene vazio sem fundo
A flutuar entre as tantas lembranças que perdidas
Se fizeram retalhos de sonhos mortos, sem cor
Sentindo na alma o que a vida fez por mero rancor

Deixou que a saudade se fizesse dor, só pra mim
Guardou, entre meus travesseiros, a cruel solidão
Deixou que as noites me fossem clara companhia
E me disse baixinho que ela, a vida, era só ilusão

O destino me olhou como um olhar de desdém,
A vida, por tantas perdas, me deixou um ninguém
Um sonâmbulo que sonha e não sabe com quem

Deixou um caminho perdido que não sei onde vai
Um horizonte distante sem estradas para chegar
No peito...uma vontade tenaz de apenas chorar


José João
21/03/2.013






quarta-feira, 20 de março de 2013

O rouxinol e eu

Hoje voei na poesia que um rouxinol cantou pra mim
Parecia brincar de declamar um canto perfeito e belo
Como se a poesia fosse notas musicais brincando soltas
Como se pétalas levadas pelo vento alegres e revoltas

Cantou canções em trinados com notas desconhecidas
Se fez poeta de versos completos de evidente perfeição
Não sei se os rouxinóis têm alma, se podem se apaixonar
Mas esse rouxinol mais que um canto parecia um chorar!

Pela triste beleza do canto, talvez fosse um chorar saudoso
Um lamento uma lamúria, dessas que um adeus faz sentir
Mas tão parecida comigo que parei e até sentei para ouvir

O rouxinol irrequieto, como se fica quando chega a solidão
Que nenhum lugar nos cabe, até a vida parece nos sufocar
Assim ficamos os dois, ele a cantar e nós dois a...chorar


José João
19/03/2.012


terça-feira, 19 de março de 2013

É a carência que traz a dor...

As vezes choro de saudade de dores que já chorei
As vezes elas se fazem tão pequenas perto das dores novas... 
Que se tem vontade fossem agora pra se chorar outra vez.
A dor quando se faz saudade, não é mais dor, e só saudade,
É até gostoso de sentir, de lembrar, de viver outra vez
Dor, é essa dor de agora, que ainda não se fez saudade,
É ainda só mesmo dor, Ainda não se fez de passado,
Como aquela dor que se fez saudade, e hoje saudade
Se faz sonho gostoso de sonhar, faz até sorrir.
As vezes tenho saudade das lágrimas que chorei,
Passado tanto tempo não lembro por que chorei, e as vezes
Acho, não devia te-las chorado, mas sinto saudade delas,
Na verdade sinto saudade de tudo, é bom sentir,
Saudade dos sorrisos que dei ontem, dos abraços, dos beijos,
Até dos que ainda não dei, da brisa que me beijou ontem,
Hoje é outra brisa, certamente amanhã vou lhe sentir saudade.
Sinto saudade da saudade que ainda não senti, 
Mas que não seja dor nem carência, seja apenas lembrança,
Ser uma saudade sem dor, até o tempo conspira a favor
Isso é fácil de se ver, mas não existe saudade sem carência
E nem carência sem dor. Então a saudade...


José João
19/03/2.013

Um amor sem nome


Não sei, talvez tivesse sido aquele amor esbaforido,
Que chegou correndo sem ter tempo, nem de falar
Nem de dizer seu nome, ou o meu me perguntar,
Talvez tivesse sido esse amor sem nome, sem rosto
Sem motivo e até sem gosto, do olhar que não se deu
Talvez tivesse sido aquele amor, o amor que esperava.
Quem vai saber? Talvez tivesse sido aquele amor
Sem abraços e sem beijos, que chegou só por chegar
Sem dizer de onde vinha, que veio sem demorar
Que se foi sem um adeus, sem nem tristeza no olhar
Aquele que veio como vento e não sabe pra onde vai
Talvez fosse esse amor que nem podia imaginar.
Um amor que vem do nada, sem licença pra chegar,
Talvez viesse de longe, de perto, viesse de qualquer lugar
Amor que não se sabe como pode a alma da gente encontrar.
Talvez tivesse sido esse amor sem rosto, amor sem nome
Esse amor que nada disse mas nem precisou falar,
Que entra no coração da gente sem licença para entrar.
Talvez tenha sido esse amor que chegou ontem
E ontem mesmo partiu, sem dizer uma palavra
E nem sabe o que ele viu. Talvez tenha sido esse amor
Que deixou essa saudade ...
Num coração que ainda nem sabe o que sentiu.


José João
19/03/2.013



Triste colheita


Dizem que a colheita depende de como se plantou
Do adubar a terra, do se entregar, do como se fez
De deixar florar primeiro, lá de dentro da gente
Com todo o amor que se dá à pequenina semente

Dizem até que as plantas, nossa alma podem ouvir
Devolvem o que lhes damos o que podemos sentir
Dizem, assim ser o universo, nessa troca por viver
Sendo assim me pergunto: por quê esse meu sofrer?

Me entreguei de corpo e alma, fiz do amor infinito
Nem perguntei por prantos, me doei como oração
Tirei de dentro de mim, sem medo, meu coração

Entreguei, toma, aqui está, é todo teu pode pegar
Reguei esta semente com tanta ternura, tanto amor!
Agora nesta colheita, triste, o que colho é só dor


José João
19/03/2.013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Soneto do amor cigano

Por tanto ir a lugar nenhum me fiz cigano
Por caminhar entre os nadas me fiz dono
Das dores vindas desse louco amor profano
Que um dia vivi. Por esquecer agora clamo

Saber-me assim, agora vil prisioneiro
Das mórbidas lembranças que me vêm
Como algemas que me prendem o pensar...
Os medos que não me deixam nem  sonhar

E a noite nua a fazer-se louca, desvairada
Deixando a alma entre os sonhos acordada
E eu... andarilho a fazer-me um quase nada

De que me fiz, ao fazer-me torpe pecador
Ousando dizer que na vida nenhum deus
Assim, como eu, te deu a vida e tanto amor


José joão
18/03/2.013


sábado, 16 de março de 2013

Lágrimas e saudades


Minha saudade vai como água corrente que busca o mar,
O mar que minha saudade busca é um horizonte distante
Além de qualquer lugar, muito além de qualquer olhar.
É um horizonte com gosto de adeus e cheiro de saudade,
Até o mar se ergueu em estrada sem rota para chegar
Onde o céu, por encanto, ou pena de mim, se fez mais belo
Até se deixou moldar  por lágrimas que sorrindo, chorei...
E uma chuva mágica, dessas magias que só o amor sabe fazer,
Levou-as como se fossem pingos  dourados de saudade
Contando para o mundo o quanto amei, e minha dor de agora.
Lá se vão minhas lágrimas como água corrente que busca o mar
Água corrente que desliza solta e leve num leito macio, 
Lá se vão minhas lágrimas deslizando soltas em meu rosto,
Livres, a vontade para serem lágrimas e até mesmo pranto.
Que se possam fazer palavras, versos e até encantos
Que conte uma história, que conte um sonho e uma dor.
Minhas lágrimas e minha saudade... mar e horizonte,
São minha poesia voando, voando, para bem distante
Lá onde minha dor faz de eterno aquele breve instante
                    ... do adeus que ouvi


José João
16/03/2.013







quinta-feira, 14 de março de 2013

Meu dia (eu, a poesia)

Eu? Sou criança inocente, sou jovem eterna senhora
Sou a essência da perfeição da alma que seja pura
Sou de um grão de areia ao mais perfeito universo
Sou pedaço e sou completa na linha de cada verso

Sou teu coração pulsando forte quando falas de amor
Sou a ternura de um olhar quando pousa em uma flor
Sei teus sonhos mais escondidos, conto a tua saudade
E a cada momento, se quiseres, faço dele eternidade

Sou essa tua luz no olhar, posso até ser tua história
Pensamentos e segredos, posso ser também teu pranto
Mas se me entrego a um poeta já me faço de encanto

Sou desde os sonhos mais lindos ou até tua alma vazia
Quando acontece uma perda, um adeus que não querias
Mas hoje só quero ser alegria: Viva a mim...a POESIA


José João
14/03/2.013


Uma alma pra nós dois

Em teu coração, qual espelho a refletir-me, me  vejo
Entre nossos sorrisos e afagos. Teu amor me permite
Que minha alma se faça inocente criança a adorar-te
Como se toda minha vida fosse apenas para  amar-te

Minha alma, tua alma, tão juntas, se fazem de uma só
Carinhosas se abraçam, se entregam em um só coração
Sussurram nossos segredos mas não nos é dado ouvir
Mas por nosso tanto amor se entregam ao nosso sentir

Talvez nem nos amemos, talvez sejamos o próprio amor
Como se almas gêmeas criadas na essência de nós dois
A se fazerem de sempre sem um antes e nenhum depois

Contigo, amor, cada momento se faz mais que eternamente
Fazes minha alma a de inocente criança, sem pecado e nua
Para que possa em te caber, meu amor, sem macular a tua


José João
14/03/2.013







quarta-feira, 13 de março de 2013

A dor de quem ouve um adeus

Por favor não diga que não podemos mais...adeus, não
Nossa história ainda vive dentro de nós, de nossas vidas
Veja quantos sonhos ainda temos pra sonhar, pra viver,
Não se vá, lhe pedi, ainda temos muito para acontecer

Meus olhos gritavam em prantos, a voz saia em suspiros
Desses que insistem em se fazer voz mas se tornam soluços
Um suor forte me encharcou a fronte minhas mãos tremiam
Se entrelaçavam, meu todo desespero parece que sentiam

Quanta dor! Quando quem se ama nos diz adeus e se vai!
É como se tudo para traz  ficasse perdido por não se fazer
E os sonhos, até parece, que na saudade querem se esconder

A solidão, que silenciosa espreitava, mas ansiosa pra chegar
Não espera até amanhã, nem ao menos espera a noite acordar
Se aninha comoda no peito, paciente, esperando a alma chorar


José João
13/03/2.013








terça-feira, 12 de março de 2013

Uma poesia que ainda não fiz

Teu nome, uma oração que rezo chorando com a alma
Que se faz pedinte, tropeçando em versos embriagados
Que escrevo com gosto do vinho amargo de dor e fel.
Poeta sem sonhos. Perdido, só, num horizonte sem céu

Poeta das noites perdidas, dos sonhos sem luz e sem cor
De histórias nas ruas caídas como pedaços completos de dor
Que saíram vivos de dentro do nada, como fantasmas perdidos,
E se encheram com um adeus que a saudade, chorando, gritou

Teu nome, heresia gritada como oração que não se quer rezar
Mas é preciso, como se fosse pranto quando é preciso chorar
Como se fosse lágrima quando é preciso, com os olhos, gritar

E eu, entre louco e poeta, gritando na noite escura, toda nua,
Uma poesia que ainda não fiz, uma poesia que não sei o que diz
Mas me diz a razão da loucura que é teu nome que grito pra lua.


José João
12/03/2.012

V Antologia de Poetas Lusófonos

Esta alegria tão grande que sinto agora, quero dividi-la
com todos que, por me honrarem com suas visitas, têm
uma grande participação nessa conquista. Obrigado e
um terno e carinhoso beijo no coração de todos.

Capa
Poesias selecionadas:
A poesia que a tristeza escreveu
 Soneto da Saudade

Lançamento: 23 de março de 2013
Museu de Imagem em Movimento
Largo de São Pedro
Leiria-Portugal

Prefácio
V Antologia de Poetas Lusófonos

 O Mundo acaba sempre por fazer o que sonharam os poetas.
George AGOSTINHO Baptista DA SILVA (1906-1994)

 Deambular pela Lusofonia complementa o pensamento, exalta a imaginação e arremessa a idealidade ao solo cultural que fortifica as estirpes do povo. Faz-nos lançar ao vento lusófono a poesia que existe em nós, enquanto o impulso da inspiração nos remete ao paraíso do sonho.
Por isso, escrever é algo mais do que espalhar letras, entornar palavras ou construir frases. Escrever é transmitir ideias, é concretizar desejos, é realizar sonhos, é prolongar a firme voz de comunicar. Escrever é cunhar identidade pela diversidade cultural que une países, regiões, cidades e aldeias.
O Padre ANTÓNIO VIEIRA (1608-1697), exposto por FERNANDO António Nogueira PESSOA (1888-1935) como o Imperador da Língua Portuguesa, deixou gravado na sombra do oceano da Lusofonia que um “Livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive”.
A Lusofonia que se espalhou ao longo dos séculos e inundou continentes, continua bem viva através das sementes que todos os dias se lançam ao vento, na esperança de um dia germinarem e darem os seus frutos.
Foram imensos os homens e mulheres que muito deram às Letras da Lusofonia, que espelharam as suas palavras e as suas frases no reflexo de oceanos de letras.
A V Antologia de Poetas Lusófonos é como uma esbelta e simples trança de uma criança, onde poetas dos vários cantos do mundo vão entrelaçando a estrofe, a rima ou quadra transmitindo ideias, pensamentos, desejos, esperança e sonhos.
São 147 Poetas, oriundos de 15 países. São quase 500 Poetas de mais de duas dezenas de países, em cinco antologias. São Poetas que deveras defendem e erguem a voz da Lusofonia naquela que é uma das maiores antologias do mundo da Língua Portuguesa.
A todos os poetas participantes se deve este feito. Foram eles e têm sido eles, que unidos conseguiram e vão conseguindo lançar o grito da Lusofonia para além das amarras dos interesses, para além dos interesses amarrados.
Durante esta V Antologia recebemos muitas palavras de incentivo, de coragem e de congratulação de imensas pessoas, entidades, instituições, desde Presidentes da República ao mais simples e humilde cidadão.
Estamos orgulhosos – peço desculpa pela fatuidade – por todo este simples e humilde trabalho desenvolvido em redor da promoção da Poesia, da Palavra, dos Poetas, da Lusofonia e principalmente da Língua Portuguesa.
É uma Antologia com poemas simples e outros mais eruditos, mas todos eles com mensagem, seja ela de amor, de tristeza, de angústia ou de experiência de vida.
Desde o início que esta Antologia foi identificada e assumida como de todos os Poetas participantes. Assim foi e assim será. É a voz de todos que interessa difundir como um projecto de união, porque “ser poeta não é apenas dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras”, como defendeu o sonho e redigiu o punho do Poeta brasileiro MÁRIO de Miranda QUINTANA (1906-1994).
Assim, iremos, paulatinamente, caminhar nesta vereda da Lusofonia – por vezes turbulenta e inquieta – por entre rios e mares, serras e planícies, sol e chuva, dia e luar, palavra e voz, Língua e Lusofonia…
Porque, afinal de contas, “vivemos de palavras”, como redigiu RAÚL Germano BRANDÃO (1867-1930).
Adélio Amaro
Leiria, 11 de Março de 2013
Dia de Jacinta de Jesus Marto (1910-1920)



segunda-feira, 11 de março de 2013

Divina perfeição

Amor, não devia ser palavra, talvez uma oração
Que só os apaixonados soubessem rezar
Devia ser um sacro hino, desses hinos de anjos
Vindos do céu e só o coração sabe cantar

Devia ser uma relíquia que se tem medo de pegar
Que se pega com cuidado com medo de quebrar
O amor é a única luz divina que ainda se pode ver
É como um sopro de vida fazendo a gente viver

Amor, não devia ser palavra, podia ser uma pintura
Dessas que nenhum artista tivesse tinta para pintar
Uma poesia, que poeta nenhum pudesse declamar

O amor não devia ter sinônimos nem antônimos
Não ser palavra de gramática, ser coisa do coração
Por não ter palavra que explique toda sua perfeição.


José João
11/03/2.013







Pode até ser uma mentira

Deus, Deus, onde estás que não ouves as orações rezadas?
Chorei todos os prantos e lágrimas, chorei em meus versos
Que se fizeram ladainhas levadas pelo vento pra perto de ti
Chorei em poesias contando as dores com as quais eu vivi

Gritei blasfêmias, eu sei, mas como calar com toda essa dor?
Deus, Deus, será que  não me ouves por eu ser pecador?
Dizem, canso de ouvir, que sanas as dores com o teu amor
Então por que por amor me faças que seja esse tão sofredor?

Me deixa que o tempo, esse tempo que nunca mais vai voltar,
Que levou os meus sonhos, e em mim deixou tanto desprazer
Me faz que se faça amigo, e deixe comigo esse não esquecer

Talvez quem sabe a saudade, dessas que a vida se faz de viver,
Me finja ser um sonhar, não ser uma dor, talvez até eu prefira
Enganar a mim mesmo fingindo verdade essa tanta mentira.


José João
11/03/2.013



domingo, 10 de março de 2013

Uma história desconhecida

Não me fiz canção, nem me fiz poesia, me fiz história,
Dessas que a vida esconde por que ninguém quer ler,
História desconhecida, como tantas por aí perdidas
Escritas com dores, com prantos e nunca são lidas

Se um dia fui saudade, não sei. Acho que nunca fui
Se tivesse sido não seria uma história desconhecida
A saudade se escreve em versos, de sempre se faz
E eu, sou um pedaço do ontem que não volta mais

E nem deveria. Que importam os ontens sem sonhos?
Se fariam de amanhãs bem mais mortos do que tristes
Como se o tempo tivesse parado e nada mais existisse

Assim me fiz história que se escreve em qualquer papel,
Que caído, despercebido, é jogado num canto do tempo
Se um dia um sopro lhe bate, vai ao léu rolando no vento


José João
10/03/2.012







Minha vida


Minha vida se fez um mar por onde ao largo os amores passaram
Se foram, seguindo o caminho que o horizonte deixa nas águas
Seguiram os rastros do sol e foram se consumindo na distância,
Deixando doloridos guardados, como dores, prantos e mágoas

Fiquei com os sonhos que a saudade não deixou que fossem
Também com alguns segredos que a vida precisa para ser vivida
Embora seja a solidão, nesse momento, meu mais precioso ter
Esperança, alegria, todos fugiram, ela ficou como meu merecer

E se a mereço, não sei. Mas o que agora me permitem querer?
Nunca fui dono de meus sentimentos, nem mesmo dono de mim
Tudo era, e eu não sabia., uma mera ilusão me gritando um sim

Amores que tão intensamente vivi, hoje sei, foram casos apenas
Minha vida se fez um mar por onde ao largo os amores passaram
Mas  também se fez tão real  que até hoje essas dores ficaram


José João
10/03/2.013





quinta-feira, 7 de março de 2013

08 de março


Falar das coisas belas, dos sonhos divinos,
Falar de flores, do perfume e maciez de suas pétalas,
Da brisa meiga , de seus carinhos envolventes,
Enfim falar da conjugação natural de todas as belezas.
Falar de força, de coragem, de ousadia, do dia-a-dia
Que se faz uma batalha a ser vencida com garra.
Expressar na doçura da voz, um sentimento, um momento,
Ser tantas e ser verdadeira em cada uma que se faz,
Só uma divindade, só um ser único, só mesmo...uma mulher.
Que ser humano pode ser doce e forte, ousada e terna,
Meiga  e guerreira, fera feroz e ...parceira,
Que se permite uma entrega sem pedir troca, só por prazer?
Vocação natural para a entrega, por amor, até da alma
Indulgente quando o sentimento lhe toma toda
Vai, entre risos ou lágrimas, buscar seus momentos
Arma-se de doçura e carinho, faz que o amor seja tudo
Maravilhosas, essas mulheres, criação que se faz criatura,
Universo onde nascem os sonhos, amanhã verdadeiros,
Lá dentro do corpo, lá dentro da alma, lá dentro da vida
Harmonia humilde da criação, orgulho do criador
Estrada e horizonte, por serem caminho e chegada 
Relíquias poderiam ser se quisessem... mas são só mulher

Uma homenagem a essas maravilhas que adoçam
e alegram nossas vidas.(dos Homens)

José João
07/03/2.012






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quarta-feira, 6 de março de 2013

Um espaço qualquer

Qualquer espaço se faz pequeno para tanto sofrer 
Campos, jardins, montes, até mesmo o horizonte 
Tanto que os ais se vão como  nuvens ao vento
Mas o eco dos lamentos comigo ficam no tempo

As flores parecem sentir minha dor e choram comigo
Até os espinhos escondem suas pontas e não me ferem
Quando procuro com os dedos o carinho de cada flor
Tentando assim fazer a carência ir embora com a dor

Parece que todos os caminhos não levam a nenhum lugar
Pois se fizeram parecidos, perdidos, sem rumo ou direção
Apenas se fizeram veredas, pequenos pedaços de chão

Sem marcas, sem margens, vazios, cheios apenas de nada
Esse nada, cruel, que faz um peito carente desejoso de gritar
Mas a garganta, pela alma tomada, só pode e só sabe chorar.


José João
06/03/2.013


Metade de mim foi contigo

Amei. Não com esse amor de apenas abraços e beijos
Mas um amor intenso e vivo a cada instante, a cada olhar,
Um amor que fazia viver ser uma magia. Tão belo se fez
Que nosso mundo se vestiu de nós e tudo se fez alegria

Te amei, não só com palavras ou com gestos do dia a dia
Te amei tanto que nem me percebia mais, me vesti de ti
Numa entrega total e plena, de pensamentos, alma e vida
Deixei de viver por mim, e assim, de mim mesmo esqueci

Hoje sou história que o tempo conta e ninguém quer ouvir
Ficaste dentro de mim e meus restos foram todos contigo
Me desfiz de mim, me fiz de ti, e onde fores ainda te sigo

Agora já não sei mais o que seja razão, vida ou loucura
Na verdade não sei mais nem se vivi ou mesmo quem sou
Metade de mim foi contigo, a outra morreu, só você ficou


José João
06/03/2.013

terça-feira, 5 de março de 2013

Ridículos, tempo e destino

Lá longe, naquele horizonte distante, onde te sonho
Sorrindo entre jardins de estrelas, brincando de brincar
Com os pensamentos que te buscam entre as saudades,
As tantas que deixaste - de cada momento ficou uma saudade -
Cada uma mais terna que a outra, de cada beijo uma lembrança,
Que fica dentro da alma guardada como eternamente relíquia.
Lá, nesse mundo distante, onde te escondeste das dores,
Daquelas dores que tuas lágrimas gritavam em teu rosto,
E tua voz se perdia no silêncio da palavra que se fazia muda,
- As palavras eram tão poucas, tão pequenas -
Nesse mundo perdido, mas vivo na verdade dos sonhos
Que ainda hoje povoas como se todos fossem teus,
Será que existe recordações que te façam lembrar de nós?
Te guardo entre meus guardados como história ...
A história mais perfeita que a vida escreveu, e o tempo...
Mesmo a fazer-se eterno, sucumbe à vontade da alma
De te fazer, a cada momento, a cada instante, uma verdade
Onde o esquecimento em nenhum momento pode acontecer.
Que pensou o tempo ao querer se fazer tão pouco?
Como se pra nós muito fosse preciso se fazer de tanto?
Que fez  o destino pensar que ausência é o mesmo que distância?
Tempo e destino, coitados, se fizeram tão ridículos
Segundos se fazem infinitos e eternos, se fazem de sempre
Quando tudo é mais que apenas estar ou ficar...é ser.


José João
05/03/


Um amor para se viver

Quero viver um amor que seja eterno, romântico e belo,
Um amor em que até a espera se faça prazerosa de sentir
Que tenha o gosto de infinito e o perfume da primavera
Quero viver um amor assim, que faça valer  a pena existir

Um amor que me faça sonhar entre suspiros delirantes,
Que o fogo ardente da paixão me tome todo, me queime
Me faça flutuar entre horizontes coloridos e neles voar
Ir sem rumo, apenas ir, sentindo na alma o gosto de amar

Deixar-me enternecer entre abraços e neles adormecer
Sem medo de acordar, pela tanta certeza de um amor
Que faz pulsar no coração e na alma esse gosto de viver

Um amor em que eternidade se faça sempre a cada instante
A cada olhar, que se faça de eterno no gosto de cada beijo
E que a cada dia se façam novos, até os mais velhos desejos


José João
05/03/2.013




segunda-feira, 4 de março de 2013

A poesia perfeita


A poesia não se apressou
Para se fazer poesia,
Queria ser coerente e bela,
Queria ser terna e plena.
Pediu desculpas à rima, à métrica
E deixou os versos mais completos,
Exuberantes pela beleza da liberdade.
Escolheu verbos. predicados, metáforas,
Escolheu as pausas e o pronomes
E se deixou fazer lentamente.
A poesia não se apressou
Para se fazer poesia,
Queria ser apenas perfeita
Mais perfeita que qualquer...
E a poesia ficou quase perfeita
Apenas menos que Deus
Pois mesmo sem ter verbo,
Deus, é uma oração...
Infinitamente completa.

José João
07/04/2.011

Um sorriso e uma lágrima

Ontem encontrei um sorriso teu guardado dentro de mim
Pensava te-lo perdido quando te foste sem nenhum adeus
Mas estava lá, escondido, disfarçado, se fazendo de poesia
Um sorriso, que como um verso, me repetiu o que me dizias

Lágrima e sorriso em mim se juntaram como se fossem gêmeos
Teu sorriso, minha lágrima, milagres que só o amor pode fazer,
Ficaram versos em poesia sem rima, mas falavam nas entrelinhas
Das coisas que não se esquece o que só a saudade pode dizer

Um sorriso?! Quem diria? Lembrando tudo aquilo que se fez
Foi até buscar sonhos que quase caducos me vinham reticentes
Falando de beijos que não foram dados...de lágrimas carentes

Lágrimas que nem choramos! Sonhos! Pobres sonhos caducos!
Não se lembram mais do passado, de nada do que aconteceu
Esqueceram até que no adeus tu sorrias e quem chorava era eu


José João
04/03?2.013








A dor

Há distância maior que aquela feita por um adeus?
Há coisa mais triste que dizer adeus a quem se ama?
Há uma dor maior? O coração bate desesperado,
Tudo perde a cor, tudo morre, até a alma reclama

O ar parece condensar-se, respirar fica tão difícil...
Os sonhos se perdem dentro da tristeza do mundo
Onde tudo se faz  pequeno, qualquer sorriso é triste
O tempo pára, os olhos calam, o universo fica mudo

Nenhum lugar é diferente, todos servem para chorar
A solidão fica maior que tudo buscando as lágrimas
E um brilho demente nos olhos deixa a alma tão aflita,
Tão perdida que até blasfêmias como oração ela grita

O peito arfa, a vontade de chorar se faz mais forte
A consciência, confusa, pergunta em rezas perdidas
E a resposta que vem é: Meu Deus que foi que eu fiz?
A pergunta se faz resposta. A dor não sabe o que diz.

O tempo pára dentro da gente... tudo fica tão nada...
Que se confunde com o vazio, desse que até faz morrer.
Tudo por um adeus que se disse sem querer se dizer
E tudo isso se precisa sentir quando... é preciso viver


José João
04/03/2.013



sábado, 2 de março de 2013

Dor que é mesmo dor...

Uma lágrima, e apenas uma lágrima, rolou em meu rosto,
Apenas uma lágrima que, descuidada, caiu de meus olhos
Mas parece nunca ter secado, se fez um desenho perfeito
Contando a história de um adeus eternizado em meu peito

Nunca mais chorei porque nunca mais foi preciso chorar
Não houve mais nenhuma dor que pudesse me fazer pranto
Assim, em toda minha vida, chorei apenas uma única vez
Se hoje choro não é dor nova é que de eterna aquela se fez

Não iria derramar tantas lágrimas por me darem um adeus,
Que dor choraria  tão copiosamente em tão pouco tempo?
Não seria dor, seria  um tão passageiro e simples lamento

Dor, que é mesmo de saudade, para ser dor, dor de verdade,
Tem que ficar guardada bem dentro da alma infinta e ternamente
E ser chorada apenas um vez desde que se faça de eternamente


José João
02/03/2.013

Procura-se


Alguém que:

Fale tudo sinceramente sem magoar.
Ao ver as consequências dos erros não diga:
Está vendo? Eu não disse?
Mas diga: Estou do seu lado vamos corrigir isso
Não espere que peçam ajuda, ajude sem perguntar
Diga, não o que se quer ouvir, mas o que seja preciso escutar
Saiba ouvir, saiba calar nos momentos que o silêncio é preciso
Com ternura no olhar possa encher um coração de emoção
Dê o que se precisa, nem sempre o que se quer é o que se precisa
Que possa emprestar suas lágrimas e chorar a dor do outro
Que não saiba odiar...mesmo depois de ouvir um adeus
Saiba chorar a dor que sente, mesmo parecendo ridículo
Ande lado a lado com o mais humilde sem ligar para comentários
Não se sinta feliz como o insucesso do outro, ajude-o a acertar
Reconheça que seu sucesso teve a contribuição de outros
Saiba reconhecer seu erro e, humilde, pedir desculpas
Saiba que a vaidade é o alimento dos fracos
Não se faça o centro das atenções, mas saiba se fazer útil
Aprendeu e ensina os bons exemplos com ações e não com palavras
Mesmo não acreditando em Deus reconheça que o bem existe
Saiba estender a mão para quem um dia lhe negou a sua
Não saiba o que é egoísmo, saiba partilhar o que seu
Saiba culpar-se pelo seu fracasso, sem acusar os outros
Seja justo o suficiente para dizer, se for o caso. A culpa é minha
Por conhecer sua fragilidade tornou-se forte
Dê ao outro o amor que queria para si, sem reclamar
Ame sem querer troca, mas conquiste para ser amado
Talvez nem exista...impossível de encontrar! Será?


José João
02/03/2.013