domingo, 30 de setembro de 2012

Porque não nasci poeta?



Ah! Pudesse eu ser assim como as flores, todas elas
Que mesmo no dia mais triste conseguem nascer alegres.
Ser como os pássaros que voam alto, lá perto do além
Mesmo chorando, cantam, não contam tristeza pra ninguém

Mas eu? Eu grito minhas dores, até grito em clamores
Rezo orações, faço louvores, faço promessas, até choro
Grito ao mundo, ao tempo, grito todas meus dissabores
E de joelhos rezando ao tempo, me humilho e até imploro

Imploro por um sorriso, um abraço, um carinho, um olhar
Imploro por um:  Eu te amo. Mesmo que não queiram dar
Na verdade, imploro até por um adeus, motivo para chorar

Mas nada, por mais que peça, ninguém me dá, nem me diz
Que vida! Viver pedindo migalhas! Uma vida que nunca quis
Porque não nasci poeta? Que mesmo  triste ainda é feliz.


José João
30/09/2.012



Viver? Não é apenas estar vivo


Meus gritos voam no espaço como notas musicais perdidas
Meus sonhos se vão ao tempo como poesias inacabadas
Sonhos de momentos perdidos, gritos de dores vividas.
Quem dera se fizessem doce canção gritando a vida!

Que mesmo em prantos por tantas saudades sentidas
Que mesmo chorando uma solidão sempre tão doída
Que mesmo sendo triste por tantos adeus e partidas
Que mesmo regada a prantos vale a pena ser vivida

Nela estão todos os meus sorrisos, até sorrisos tristes
Todas as emoções que me permitiram serem sentidas
As lágrimas que muitas vezes em mim se fazem incontidas

Sorrisos e prantos, dores e cantos, coração batendo forte
Gritando amores, gritando dores de histórias acontecidas
Todas essas emoções que sem vida... nunca seriam sentidas


José João
30/09/2.012

Um dia essa dor passa


Noite. A  cama maior e mais fria do que sempre
Não fosse o frio, até diria um pequeno deserto
A engolir-me todo, até os sonhos que não sonhei
E a solidão buscando prantos, me faz desperto

A casa vazia... as sombras gritando em silêncio
Gritos que só a alma escuta, e eu como fantasma
Andando a esmo pelos cantos com minhas dores
Sem saber  buscar o que passe esses dissabores

As vezes um soluço que nem sei de onde vem...
Talvez de dentro da alma ou de dentro de mim
Quebra o triste silencio da noite e me diz assim:

Chora, deixa que tudo se faça agora de prantos,
Chora essa dor que te rasga o corpo e a alma.
Chora, que outro dia virá e tudo se fará encantos


José João
30/09/2.012




sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Nem sonhos restaram



Nossos sonhos foram se perdendo pelos caminhos
Que percorremos juntos, uns ficaram para traz,
Se fizeram realidade, talvez antes do tempo.
Outros correram em nossa frente, talvez fugindo
Do nosso medo de vive-los. E nós fomos nos perdendo.
Deixamos, quem sabe pela nossa juventude,
Muitas coisas para fazer depois, sonhar sonhos
Que queriam ser sonhados, viver momentos
Que queriam ser vividos logo e intensamente,
Mas sempre achamos que tínhamos tempo, muito tempo
Sem saber que ele não era nosso.
Nunca nos apercebemos que do tempo somos passageiros
Assim os sonhos foram se perdendo pelos caminhos
Foram fazendo nossos passos mais apressados
Para o fim de uma estrada que pensamos infinita.
Nossas palavras iam se perdendo no vazio de nós,
Nossos passos pouca a pouco iam se desencontrando,
Nossas mãos já não faziam as mesmas carícias,
Nossos olhos não se encontravam mais, fugiam.
Nossos olhares se perdiam em paisagens diferentes
E já não tínhamos mais apenas um horizonte.
Nossos sonhos foram se perdendo pelos tantos caminhos
Que juntos um dia passamos, deixamos nossas marcas,
De pés correndo alegres, de sorrisos atirados pelo tempo,
E por último, de lágrimas, fecundando a tristeza
Que já se fazia de nossos rastros. Nossos sonhos!
Se fizeram nuvens levadas pelo vento, sem rumo.
Nossos caminhos se dividiram em veredas perdidas...
E nós... não sei. Só sei que não restaram mais sonhos.


José João
28/09/2.012


Minha vida


Minha vida! Feita de tantos momentos inesquecíveis,
Momentos alegres, tristes, felizes. Foram tantos...
Que a vida se fez completa, se fez sem vazios.
Os momentos inesquecíveis ficaram guardados,
Carinhosamente guardados dentro da alma.
Momentos de lágrimas, de saudades, até de dor.
Dores,. saudades, prantos, até a dor de um adeus
Pode se fazer inesquecível. Há quem pense
Que só os momentos felizes devem ser inesquecíveis.
Se fosse assim a vida era cheia de vazios,
Não se faria completa, não se faria história.
Minha vida! Nela andei por tantos horizontes!
Estreitas veredas, largos caminhos, caminhei tanto!
Caminhei até por sonhos perdidos, não sonhados.
Algumas vezes me fiz passageiro do tempo,
Quase sempre indo sem paradas, mas cheio...
De recordações, algumas alegres, outras tristes...
Mas nunca vazio. Até a saudade de momentos
Que desejei ter vivido me acompanhavam, iam comigo
Enchendo a alma de esperanças, mesmo vãs,
Mas ficavam a aquece-la, e ela, ora sorrindo
Ora chorando, mesmo copiosos prantos, se sentia
Orgulhosa por ver-se sem nenhum vazio.Plena.
Em toda sua exuberante história. Isto é, minha vida.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As lágrimas não dariam conta


Meus olhos se debruçam vazios sobre teus retratos
Que ficaram naquele álbum  antigo que esqueceste
Teu sorriso, de tantos anos, ainda parece o mesmo
E aquele papel. Uma poesia inacabada que não leste

Na outra página, outros retratos, e um sonho antigo
Escondido nas páginas desbotadas, atrás da saudade
Que insiste em se  mostrar viçosa como flor de ontem
A buscar prantos que me chegam agora sem  vaidade

Há velho álbum! Tantas lembranças assim guardadas!
Tantos sorrisos, segredos, quantos desejos calados!
Que se fazem agora tristes momentos no chão jogados

Se as histórias, aí escritas, um dia fossem contadas
Como histórias vivas, de coração, de almas apaixonadas
Quantas lágrimas, meu Deus, teriam que ser choradas?


José João
27/09/2.012

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Silêncio da alma




Esse barulho infernal do silêncio
Me deixa como se estivesse surdo
Sem nada ouvir, como se o mundo
Estivesse louco, ou estivesse mudo

Meu grito, que também não é ouvido
Nem cria eco, se perde entre noites
Mal dormidas, consumidas por sonhos
Que agora já nem fazem mais sentido

O barulho infernal do silêncio continua
Faz companhia para a devassa noite nua
Que namora despudorada um raio da lua

Que me olha cínico, irônico, em zombaria
Dizendo que pela lua, sem medo, ele jura
Que minha alma é triste por ser ainda pura


José João
26/09/2.012



Voa meu grito



Voa meu grito. Voa.
Que o silêncio se fez de mudo.
Fecunda as pedras que elas vão parir teu eco,
Estupra o vento, se for preciso, mas vai.
Voa meu grito, que o espaço é todo teu
E está aberto, são tantos os caminhos, e tu,
Meu grito, antes de longe estiveste perto
Até te vi quando do meu peito saíste.
Vai, meu grito, como o pranto que te fiz ser,
Como a dor que me faz chorar. Não pára.
Vai, até ao infinito se for preciso.
Vai, meu grito, gritando a angustia
Que se faz verdade dentro de mim e da alma,
Como se as tantas perdas estivessem vencendo
A vontade de não chorar, mas os olhos...
Em límpidos clarões reluzentes
Se enchem de um brilho demente, carente
E as lágrimas já tanto choradas
Neles se fazem presentes, como presentes da dor
Desse dor que faz o meu peito gritar,
Se prendendo na alma e querendo ficar,
Como se fosse parte de mim.
Não sei se tenho outro grito para gritar,
Talvez o silêncio desperte e só me faça chorar
Buscando lembranças ou sonhos distantes
Que o tempo, por displicência, esqueceu de apagar.
Vai, meu grito, que o espaço é infinito
E o tempo é eterno, talvez um dia possas chegar
Até onde, sinceramente... não sei.


José João
26/09/2.012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Por amor


Meu olhos muitas vezes perguntavam chorosos
Para onde iam aqueles rastros perdidos na areia
Minha saudade corria na frente querendo chegar
E o eco de um soluço triste sufocava um gritar

Que ficava preso no peito como um murmurio
Que não sabe se deve crescer, ser um grito e gritar
Aquela dor que um adeus insiste em deixar ficar
Ou ser só mesmo um soluço, um quase chorar

Mas os olhos insistem em mirar os rastros perdidos
Plantados na areia qual planta sem poder florescer
Ou como semente que na areia não pode crescer

A alma, para os rastros, de tapete alegre se fazia
E  a si se dizia: Quem dera pudesse eu ser uma selva!
Se não posso ser, mas por amor, feliz, serei tua relva.


José João
24/09/2.012





sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sempre estarás perto



Ontem não esqueci de sonhar contigo
Apenas fizeste com que não pudesse dormir
Me fizeste passar, de saudade, toda a noite
Em claro, como se sonhar fosse pouco para ti

Acordado fiquei comparando com as estrelas
O brilho de teu olhar, que tantas vezes senti,
Sem surpresa, percebi que não existe nas estrelas
O brilho que nos teus olhos, de anjo, um dia eu vi

Se sonhar contigo todas as noites ainda é pouco
Não dormir, não importa, desde que estejas aqui
Em meus pensamentos, com os momentos que vivi

Como se todos se fizessem de sempre, de eternos
No sonhar, no viver, nessa vida, a toda te sentir
Desde que não te oponhas a existir no meu existir


José João
21/09/2.012      

Apenas amei!




Oh! Doce e querida musa de olhar ardente
Que faz de flagelo esta tão pobre alma
Que a mim, me faz de enfermo, de doente
Que rouba minha paz e até me rouba a calma

Que queres que te faça, que a mim não deixas
Nem um pensar que pra ti, amor, não seja?
Que deixa em minha alma eternas queixas...
Se me abrem os olhos é apenas pra que te veja!

Porque dos meus dias, deles me tomas todo
E só a ti, disponível, deixas o meu pensar?
Assim me deixas essa tristeza como soldo
E como saldo, me deixas esse  meu chorar.

Porque me fazes, amor, tanto bem e tanto mal?
Com se em mim te fizesses meu mel e meu fel
Me untas de mel a um lírio me deixas tão igual
De fel me cobres como se fosse escuro véu.

Em mim conflitam: alma, sonhos e coração,
Sutil, sugas de mim todos os pensamentos
Me roubas  minha já quase nenhuma emoção
E me atiras em profundo mar de tantos sofrimentos.

Oh! Doce musa de minha poesia assim tão triste
Que de lágrimas frias pensa em enfeitar o tempo
Porque em mim, assim, em ficar, insistes tanto?
Porque deixas em minha alma todos esses tormentos?

Que te fiz? Te amei, te adorei, até te fiz rainha
Todos os meus sonhos, minha vida, todos te dei
Até o pranto, dele ao te chorar fiz ladainha
E jamais, como por ti, por ninguém eu já chorei

Por tanto, sem pretensão, acho que não mereço
Tão cruel punição que à alma tanto maltrata
Devia tua saudade me tratar em outro apreço
Não achas essa dor um muito elevado preço?


José João
21/09/2.012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A primavera começa amanhã


A primavera começa amanhã,
Mas o perfume das flores já chegou nos jardins,
Vieram carinhosamente carregados pela brisa da aurora.
As flores? Estas vêm pela estrada da beleza
Feita pela fada dos Sonhos-Lindos.
Tudo se prepara para a chegada da primavera,
Que chega amanhã.
Os passarinhos estão ensaiando novos trinados
No Jardim dos Mistérios. Dizem até que
A orquestra sinfônica dos Querubins
Vai acompanha-los nessa primavera.
Beija-flores, borboletas com coraçãozinhos agitados
Nos jardins, ouvi um murmurinho, que até os anjos
Virão para fazer coro aos pássaros tenores.
Essa primavera deve ser linda.
As estrelas estão sendo lustradas pra brilharem mais,
Dizem para servir de espelho para as flores
Retocarem a beleza à noite, e nas manhãs
Acordarem ainda mais belas.
O orvalho da noite será especial, terá um pó mágico
E divino para aumentar o perfume delas.
O sol se fez mais risonho, preparou raios especiais,
Mais brilhantes, para refletirem em suas pétalas.
Até eu me preparei para a primavera!!
Coloquei minha tristeza em baixo  do tapete
Que fica no terraço, em frente ao jardim,
E sobre ele coloquei um jarro, todo florido
E um pé de Corda-de-Viola para alegra-la.
Ainda assim sei que vou chorar...mas de alegria,
E com as lágrimas alegres, como crianças traquinas,
Vou regar o jardim para que as flores bebês,
Os botõezinhos, possam brincar de fazer travessuras
E crescerem felizes.
Tomara que essa primavera, que chega amanhã,
... Toque o coração dos homens.


José João
18/09/2.012



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Noite, sonhos e vazios


Por que a noite se faz tão longa com a solidão por perto?
Lentamente me  vêm de longe os sonhos inesquecíveis
Que,  por serem inesquecíveis, se fazem como de ontem
E me chegam galopando a saudade por caminhos invisíveis

Sonhos! Despertam a alma na noite  triste a faze-la chorar
Com novos prantos as mesmas dores já tanto choradas
E ela, a noite, se deixa ficar mais noite, alongando as horas
Se fazendo mais lenta para que não chegue a madrugada

O silêncio grita dentro de mim como afiada lâmina viva
E o eco de outros gritos ou gemidos me chegam também
Como se todos quisessem dizer que não sou mais ninguém

Sento no vazio denso de mais uma noite em claro pensar
Nos momentos de ternura que um dia vivi e eternos pensei
Mas logo percebo, eles se foram no tempo e... sozinho fiquei


José João
17/09/2.012







domingo, 16 de setembro de 2012

As estrelas nos enganam?


O sol, timidamente, começa a nascer no horizonte
Aquele horizonte que deitado sob o mar se faz tão perto,
As estrelas correm procurando outra noite em algum lugar
E lá vão elas correndo antes de mesmo da lua chegar

Se fazem caminhos de luz correndo, brincando na noite
Umas caindo como pedaços de esperança se fazem pedidos
E se deixam que pensem serem estrelas-fadas-madrinhas
Como se pudessem trazer amores há muito tempo vividos

Essas estrelas meninas, mocinhas, há tanto tempo nascidas
Tanto que falam todas as línguas, entendem os momentos
E com tantos pedidos talvez até chorem os nossos tormentos

Doce angustia, chorar a dor da alma pensando ser ouvido
Por uma estrela distante, que como amiga no universo caminha
Consolando alma que sentiria dor maior se se soubesse sozinha.


José João
16/09/2.012









sábado, 15 de setembro de 2012

Você... A poesia perfeita






Ontem quis fazer uma poesia,
Que fosse bonita, só pra você.
Uma poesia que juntasse todas as belezas,
Que juntasse todas as palavras belas,
Que juntasse todas as flores, estrelas,
Enfim, que mostrasse um por-do-sol único.
Ontem quis fazer uma poesia assim,
Que se declamasse com a voz do vento,
Que se ouvisse com a inocência da criança
Que se cantassem fosse com a beleza
E ternura do gorjeio mais perfeito.
Ontem quis fazer uma poesia
Que fosse bonita, só pra você.
Uma poesia perfeita, que até tivesse perfume.
Com o perfume do lírio, do jasmim da camélia,
Na verdade com o perfume das flores
De um jardim divino, celestial...
Tentei, querida, juro que tentei
Até pedi inspiração aos anjos, mas...
Mas quando chegaste que te vi...
Amor... Qual poesia mais bela pode existir
Que essa poesia que é você?!


José João

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A poesia e o poeta


A poesia voa na liberdade dos sonhos do poeta
Voa em horizontes distantes coloridos de saudade
Traz o gosto de beijos que ficaram guardados na alma
Pedaços de versos que falavam de amor, de eternidade

Os sonhos do poeta se fazem caminhos para a poesia
Ir buscar em qualquer pedacinho do céu uma história
Que nunca foi contada ou escrita, que ninguém sabe
Mas tão bonita que só no coração do poeta ela cabe

Lágrimas, prantos, solidão, angustia tudo se faz verso,
Na liberdade dos sonhos o poeta inventa uma poesia
Verdadeira, cheia de fingimentos mentirosos e heresias

As poesias se fazem caminhos para os sonhos do poeta
Se fazem de rastros, se fazem de vida, de rimas corretas
As poesias, para os poetas, dobram curvas em linhas retas.


José João
14/09/2.012




terça-feira, 11 de setembro de 2012

Há sempre uma troca


Choro dias, noites, como se para viver fosse preciso,
Escrevo minha história com prantos, com soluços e ais
Não importa o que pensem ou digam, são minhas lágrimas...
Nas horas vagas deixo que se criem para chorar ainda mais

Digo injúrias por tantas dores sentidas. Deixo a alma nua
Gritar no frio da solidão, todas as angustias que pode sentir
Deixo a tristeza como cruel açoite, cortar minha carne crua
Deixando cicatrizes no corpo e na alma por tudo que já sofri

Mas há uma  troca, vida ou destino não se permitem existir
Sem que se façam em trocas, idas e vindas, chorar ou sorrir
Cantar, pensar, sonhar, viver as escolhas de ficar ou partir

Me acham triste? Acham essa dor maior do que posso sentir?
É uma dor tão dolorida! Como é grande a dor que sinto agora!
Não reclamo, maior que ela, foi a felicidade  que senti outrora.


José João
11/09/2.012


Para contar minha história...


O mundo se faz silêncio em minha volta, escuto o vazio
Que de dentro de mim conta histórias já esquecidas,
Escritas em pedaços de papel como poesias inacabadas
Ou como fragmentos soltos voando em folhas perdidas

Dentro de um sonho antigo, um pedaço de pensamento
Insiste em ficar lembrando palavras que dissemos um dia
E de todas elas um adeus ainda grita alto parado no tempo
Como um eco atrevido que vai ao nada e volta com o vento

O silêncio me faz  mudo, me faz surdo, a dor me faz demente
Os sonhos se fazem filmes vencidos que a alma não quer assistir
Perdida nas lágrimas que contam momentos do que já vivi

Dores me chegam, até a saudade faz que esqueça um canto
Que teimoso insistia em se fazer de consolo, se fazer acalanto
Mas para cantar minha história, a alma só precisa de prantos.


José João
12/09/2.012







segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Que importa o lugar!


Meus olhos se perdem buscando um horizonte sem cor
Meu peito se enche de solidão e saudade, e um grito
Que quer sair, desesperado, se faz um suspiro triste.
Sento no chão, vou dentro do vazio de mim, nada existe

Tua ausência toma conta do mundo, onde quer que vá
Ela está. Me sufoca, choro em silêncio, grito em silêncio
Sofro sem que ninguém veja, deixo o pensamento voar à toa
Ou talvez te buscando sem te buscar, mas minha alma voa

Aflita, ao léu, sem rumo, vai por caminhos desconhecidos
Onde até os rastros da tristeza se perderam dos prantos
E são os ecos distorcidos do passado que se fazem cantos

Sigo na noite entre sombras e saudades mas  indo sempre
Na direção de qualquer estrela que se faça luz ou estrada
Que se faça caminho para quem um horizonte já não é nada


José João
10/09/2.012




Será que minha alma é...


Minha alma é poeta, escreve saudades, dores e cantos
Escreve com lágrimas a beleza da primavera sorridente.
Brincando de criança, escreve a inocência das estrelas
Acreditem, chorando tristes prantos, se faz até de contente!

Minha alma é artista, pinta o tempo. Sem tinta pinta o vento,
Pinta dores e saudades em belos quadros sem moldura
Pinta corações sangrados, chorando, gritando as amarguras.
Minha alma eterniza uma lágrima na mais perfeita escultura

Minha alma é artista, as vezes é palhaço outras é malabarista
Faz malabares com a  tristeza, com a solidão, com a angustia
Mas entre dor e saudade, um vazio no meio ela se faz trapezista

Minha alma é artista, pinta sorrisos e até sonho que já morreu
Escreve versos inacabados, escreve poemas que ninguém leu
Será que essa minha alma é louca... ou é triste como eu?


José João
10/09/2.012










De repente...


Quando um dia, o amor brincando, em mim chegou
Fez flores se abrirem e me fez ver o sol sorrir contente
Me fez ouvir a brisa cantar hinos dantes nunca ouvidos
Até os pássaros, mais alegres, cantavam comovidos

Cantavam canções novas como se estivessem apaixonados
Eu? Sonhava sonhos que se faziam verdades e encantos
Brincava de contar estrelas, de trocar olhares e beijos
De sentir no corpo o fulgor de tantos e tantos desejos

Um dia quando o amor chegou contando lindas histórias
Entre risos e cantos, histórias coloridas de ternura
Dessas que a vida deixa sempre guardada na memória

Me senti dormindo, sono solto. num perfeito paraíso
Entre nuvens, na boca, o gosto do beijo que troquei
De repente... a solidão grita. Era um sonho. Acordei


José João
10/09/2.012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um desconhecido



Deixa... Deixa teu adeus cravado em meu peito
Como pontiagudo espinho a sangrar-me
O coração moribundo pelo vicio de te amar,
Pelo vício de tanto te querer sem nunca ter.
Deixa que se apaguem dos meus olhos
O brilho refletido do horizonte,
De qualquer horizonte que minha alma ingenua
Tenha ido te procurar, sem te encontrar.
Deixa que meu grito seja sufocado
Pelos soluços que a dor me faz chorar
Fazendo do silêncio  minha oração mais rezada.
Me deixa aqui, deitado sobre tua saudade
Com os olhos a chorar meus prantos,
E a alma a ir buscar sonhos, que também levaste
Ou nunca me deixastes sonhar.
Vai, deixa que o tempo apague teus rastros
Para que não saibas um dia voltar, não precisa.
Vou até mudar meu nome, para qualquer nome
Um que ninguém saiba, que ninguém ouça nem diga
Assim vou mentir para mim, dizendo: Não me conheço!
Não vai passar minha dor, isso eu sei
Mas ninguém vai saber que chorei tanto...
E um dia na lápide fria, estará apenas:
Aqui jaz um desconhecido, sem nome e sem história.


José João
07/09/2.012






Nem só o céu é infinto.


Deus, Deus. Onde estás? Não ouviste minhas orações?
Te rezei com  ladainhas, com prantos e orações novas,
Com orações antigas que pensava esquecidas. Mas ouviste?
Te rezando, senhor, minha pobre e triste alma ainda insiste

Olhaste minhas noites de agonia? Quando ela se fazia sonhos?
Viste, senhor, minha angustia, que desde sempre está comigo?
Ouviste quando meu primeiro chorar foi gritando o nome dela?
Desde o começo, tu sabes, tudo, até viver, eu fiz por ela

Deus, Tu vistes quantos jardins reguei com minhas lágrimas!
Viste que desde o começo, busco pelos tantos horizontes
Encontra-la, gritando feito louco por planícies e por montes

Deus. Tu vês toda essa minha angustia! Essa solidão infinda!  
Que dizes, Deus, dessa alma triste e desse pobre coração aflito?
- Desculpa, filho, desculpa. Pensei ter feito apenas o céu infinito


José João
07/09/2.012                                  


O frio do corpo e da alma


Noite, chuva, vento forte, frio que dilacera o corpo
Como navalha afiada marcando a carne em finos cortes
E a solidão vindo com o vento, querendo chegar primeiro,
E como guilhotina, fazer-se verdugo da alma em cativeiro

A angustia corre entre as horas, olhar fito apenas na dor
Que chega com o frio, com o vento, expulsando um sonho
Que apesar de tanto ainda restou para fazer-se de saudade,
Querendo, talvez, acalentar a alma por toda essa maldade

Lá fora, como canção de uma só nota, a chuva cantava triste
O vento, não se sabia, se era melodia, ou um uivo atrevido
Daqueles que na noite traz  fantasmas, até os já esquecidos

O corpo cortado pelo frio da chuva e do vento, sem abrigo,
A alma a render-se ao frio da solidão, fazendo-a tão carente,
E eu, como louco gritando ao mundo, instindo que sou gente


José João
07/09/2.012









quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Um dia a gente desperta e...


Um dia a gente desperta, olha para os lados e vê
A solidão te abraçando, um sorriso chorando triste,
Um horizonte perdido, uma sombra entre as lágrimas
Um sorriso que há muito nem se sabe se ainda existe

Um dia a gente desperta sem nada dentro da gente...
Um vazio que se faz na alma, um soluço de carente,
Até um sonho que tanto se guardava perde o sentido
E a gente por ser tão pouco do mundo se sente ausente

Tudo se vai ao tempo, como fosse levado pelo vento
Ficaram, talvez por alento, alguns sonhos não sonhados
Mas logo se fizeram rotos trapos tristemente remendados

Com pedaços completos de saudades rasgados da alma,
Pedaços de sorrisos, de olhares que se fizeram súplicas
E o mais dolorido, o nefasto remorso por tantas culpas


José João
05/09/2.012




terça-feira, 4 de setembro de 2012

Talvez seja apenas solidão


As vezes, como estive ontem, na madrugada,
Não estou em lugar nenhum.
Talvez estivesse  num espaço distante,
No tempo do nada, ou talvez...
Não me pusesse nem dentro
Dos meus próprios pensamentos
Que insistem em pensar apenas em saudade.
Não estou só, apenas meu lugar era único para mim.
Sorria, como se meu sorriso espantasse
A dor, mas uma dor que eu não sentia,
Que não doía, que talvez, não fosse nem mesmo dor.
As vezes estou assim, sozinho dentro de mim
Como seu eu fosse minha própria angustia...
Ou... como se esta fosse eu mesmo
Por não ser pensamento de  ninguém.
As vezes me sinto assim. Vazio, vagando no silêncio
Profundo dos meus pensamentos que não sei
Nem o que pensam, como se fossem fora de mim,
Ou talvez tão dentro de mim...
Desse meu eu desconhecido, que até penso ser dor
O que não sei definir, ou apenas uma ilusão
Se é momento de sorrir, isto por não saber
Quando é o momento de chorar,
E assim, essa dor, que não sei se realmente é dor,
Me diz, que na verdade, entre tantos talvez...
O que sinto seja apenas solidão.


José João
04/09/2.012



Amante do amor



Que amante a vida, por destino, me fez ser!
Amo tudo, até os momentos quaisquer que já vivi
E me entrego todo e pleno à vontade do meu ser
Que por tanto amante amo o amor que já senti

Se não me resta dela o corpo, nem a alma para rezar
Dela amo a saudade, que em mim, ficou em seu lugar
Até o adeus que me foi dito, dele, juro, nunca esqueci
Amante desperto ao amor. Um utópico sonhador

As caricias que em meu corpo o tempo não apaga
Por mãos tão frágeis que ardentes me marcaram
Me fizeram venerar esses meus pedaços  marcados
E se por tanto assim  pequei, amo até os meus pecados

Sou eterno amante,  mesmo só como agora estou
E ao amante não importa que tanto lhe dêem amor
A mim, me contento simplesmente, querida, a amar-te
Tanto que, sem que saibas, vivo nos sonhos a beijar-te

Sou amante, eterno amante, e por amar  não me nego
Os prantos, que por amor, a eles até me entrego
Se é por destino que tão só um amante viva...
Vivo. Se sou ou não sou triste, minha alma que o diga


José João
04/09/2.012






Mais que só


Mais que saudade, bem mais que tristeza...
Mais ainda que solidão,
Estou só, sem mim e sem vontade.
Na verdade só o vazio
Que de dentro de mim explode
Me cerca e me consome lentamente.
Se por acaso sentisse saudade...
Se sentisse, pelo menos, tristeza!
Espantaria o vazio que sinto
Por recordar o que tive ou que fui,
Entretanto me sinto nada,
Tomara seja apenas a letargia de um momento
E que passe logo.
Não consigo pensar, nem mesmo sonhar
No que ainda poderia ter ou ser.
Estou preso... dentro do quê? Não sei.
A solidão antes não me assustava,
Até brincava comigo, tão inconstante era,
Agora, constante e cruel, como se dona de mim.
Quem me dera saber cantar uma canção...
Ou... escrever uma poesia.
Talvez se o fizesse, quem sabe,
O vazio iria embora, mas por não saber
Continuo assim, mais que triste,
Mais que apenas só. Simplesmente vazio.


José João
04/09/2.012

O amor nunca cansa


Que sonhos haverei ainda de sonhar!
Se os perdi quando de mim me perdi
Ficaram comigo naquele que fui
Num passado distante que um dia vivi

Perdidos os sonhos e a alma tão triste
Cantando um canto que nem sei se existe
Devaneios, coitados, perdidos no tempo
Em profundos abismos de dor e tormento

Espaço perdido em dores e prantos
Trazidos, que foram, por meus desencantos
Na vida vazia em que os dias se perdem
Que nem as lembranças em vir se atrevem

Seguindo sozinha em tristonhos caminhos
Segue minha alma em prantos e ais
Que até parece com a triste amante
Esperando seu sonho na beira do cais

Sentada na areia em prantos molhada
Se enganando na espera que nunca é demais
E os olhos perdidos nas ondas distantes
E o tempo dizendo que ela não volta mais

Que haverei de fazer se a alma insiste
Na louca espera de vã esperança?
Me diz sussurrando que ainda ela volta
Que paciente... o amor não se cansa


José João
04/09/2.012

domingo, 2 de setembro de 2012

...A alma? Em viver insiste


No silêncio da noite, a solidão atrevida gargalha alegre,
Irônica, se deita no vazio em que a alma toda se tomou
E a saudade com acordes tristes, uma canção balbucia
Em solene tristeza  dentro da angustia que a vida se tornou

A noite, se pinta toda em cores frias, e de pintura se faz
Um quadro frio, sem brilho, guardando dolorosos prantos
E os gemidos e ais que a alma triste soluçando grita
São orações não ouvidas que a deixam bem mais aflita

O eu te amo que acendiam as vontades e as madrugadas
Se foram ao tempo, se fizeram distantes, se fizeram nada
Agora só o silêncio faz sentido, faz até a noite ficar calada

Cantigas se perdem na voz do vento que com a aurora vem
O dia nasce, o sol se acende e a alma? A alma em viver insiste
Ainda sabendo que noite ou dia, na vida, será sempre triste.


José João
02/09/2.012




Hoje... prefiro essa saudade



Amei, como se apenas amar fosse preciso para viver
Entreguei a alma, os sonhos, a vida, todo me entreguei
Sem reservas, fiz de duas vidas apenas uma história
E amei... tanto e só a ela, como nunca a ninguém amei

Nossos olhos falavam por nós em carinhos eloquentes,
Nossos corações sorrindo, brincavam de pulsar juntos
Numa terna conversa que só quem ama pode entender
Na certeza infinita de quem nunca... nunca vai se perder

Um dia, não sei, por simples desejo ou inveja do destino
Tudo se fez triste, ela  se foi, não deixou rastros... sumiu
Talvez com um raio de luar perdido na noite ela partiu

Não deixou nada que me desse uma luz a procura-la
Até o perfume terno e embriagador se perdeu de mim
Hoje, até prefiro essa saudade que mesmo encontra-la.


José João
02/09/2.012