sexta-feira, 30 de março de 2012

" Você! "

Te quero com um querer ardente
Te desejo como se fosses vida
A fluir, a ser, a viver intensamente
Te quero por querer, não por carente

Fitar teus olhos e sentir teu corpo
Ouvir tua voz em sussurros contantes
Sentir o tremor do desejo em doces caricias
Ou loucas vontade que me povoam os instantes

Calar, até tentei, mas a vontade forte
Que me leva a te desnudar do corpo à alma
Me fazendo apenas um homem que tanto te quer
E por tanto se faz ousado perdendo até a calma

Quero te dar muito mais do que possas pensar
Imagina o que mais queiras que tudo posso
e mais, muito mais do que possas imaginar
Até o maior prazer que sentiste, muito mais
                   AINDA POSSO TE DAR...

José João

Quero apenas amar



Rastros bêbados, trôpegos, deixados no tempo
Como caminhos marcados por uma alma cansada
Onde a solidão brinca em volteios num triste valsar
E o silêncio, com a alma caminha, e a manda calar

Marcas apagadas no chão por ser um sutil caminhar
Tão leve é o passo quando não se tem nem onde chegar
Tão pouco é a vontade de ir, ou também de ficar
Se as lágrimas podem ser choradas em qualquer um lugar

Caminhos, veredas, horizontes, ou mesmo o destino
São percursos perdidos quando não se pode olhar
Se belezas existem por que a vontade é de apenas chorar

Um grito se cala, o eco é mudo, o andar se faz mais cansar
E o peito arfando, descompassado num querer respirar
Em sussurro quase inaldível diz apenas: Quero amar.


José João


terça-feira, 27 de março de 2012

Quem as estrelas pensam que são?



As estrelas desapareceram, fugiram se esconderam,
Se esconderam entre nuvens, talvez por vergonha,
Vaidosas como são, com seu brilho de azul estrela
Não permitem brilho maior, ficam raivosas e tristonhas

E eu? Ra! Eu fico a lhes ouvir seus tantos queixumes
Também as flores, como as estrelas, reclamam. Invejosas
As flores, coitadas, invejam teu tão doce e meigo perfume
As estrelas invejam esse teu belo olhar de rainha majestosa

Ah! Essas estrelas se fazem belas, mas existe beleza maior
Se lustram tanto se fazem luz, se fazem no espaço brilhar
Mas coitadas quem são elas ante a luz celeste de teu olhar?

Ah! Essas estrelas, coitadas! Choram sobre a própria beleza
Se fazem distantes, inacessíveis, se fazem inalcançáveis até
Mas sabem que de ti elas são súditas e delas és a... princesa.


José João




segunda-feira, 26 de março de 2012

Procurando estrelas



Procurando estrelas num céu, que a chuva pinta de cinza, 
Cor que não é cor, do céu que procuro.
As estrelas se escondem, talvez por medo do frio
Que o vento cantando, como se nada quisesse
Vai esfriando, dançando em volteios sem querer parar.
As nuvens de chuva se contorcem em espasmos
Como se um peso do céu, que escuro, a elas sem dó,
Espremesse com força fazendo o espargir,
Como se de pó elas fossem, gotas pequenas,
Na noite sem cor, caem atrevidas brincando na luz.
E como flechas douradas se deitam no chão
Correndo entre as pedras e como lágrimas se vão.
Procurando estrelas num céu desenhado por nuvens
Que nuvens não são, é  a chuva caindo, fingindo,
Sorrindo, dizendo ao mundo que está brincando
Mas talvez. quem sabe, seja o próprio mundo chorando.

José João





domingo, 25 de março de 2012

Contando estrelas





Uma, duas, três, quatro... mais duas seis
Aquela do horizonte, e mais aquela do norte
Somando aquelas outras agora dá trinta e seis
Quero chegar nas mil duzentas e noventa e três

O resultado de ontem no último verso escrevi
Isto por que não queria desse número esquecer
Já pensou se esquecesse os números que conferi?
Mas a última estrela que contei ontem? Me esqueci!

Mas porque tanto sacrifício contar estrelas do céu?
Se aqui eu tenho estrelas num céu que é todo meu 
Este céu é o teu rosto, amor, e as estrelas os olhos teus 

Pra que contar estrelas se o brilho doce de teus olhos
Brilha mais que qualquer uma que se possa admirar
Essas estrelas servem mesmo só pra refletir teu olhar.


José João





Se não temos mais sonhos

Morrem os sonhos quando as ilusões se vão embora
Partem no frio vento que  triste sopra as dores sentidas
E a alma, na madrugada sozinha, seu pranto chora
Dores antigas e dores novas pela solidão agora paridas

Cicatrizes que se fecharam se abrem em feridas novas
E as novas dores se fazem verdadeiras chagas abertas
As velhas dores que enterradas  foram  em rasas covas
Se juntam se fazem uma e como fino dardo à alma acerta

Morrem os sonhos, as ilusões se fazem nada e ao nada vão
Num espaço vazio, de vazio se fazem ocupando um coração
Que descompassado bate como se rezasse uma nova oração

Quando morrem os sonhos a vida triste fica sem querer viver
Tudo é nada. Em preto e branco que história se vai colorir?
E num vazio denso sem luz e sem cor quem vai querer existir?


José João



sábado, 24 de março de 2012

Até a saudade quer ir...





Diz que minto quando digo ao tempo
Que te perdi em cruel tormento
Diz que minto quando digo ao vento
Que meu canto é um sutil lamento


Diz que voltas e que te espere
Diz que a alma não desespere
Ou então diz o que tu preferes
Me chama louco se assim quiseres


Que louco ontem e amanhã serei
Ao lembrar tua boca que já beijei
E louco sempre eu ficarei
Ao recordar do beijo que não ti dei


Minha alma chora esse desencanto
Em tristes ais ou em tristes prantos
Até chora se eu mesmo canto
Reticente fica nos entre tantos


Então me entrego no chorar de agora
Até a saudade quer ir embora
Então a alma tristonha implora
Perdida ao tempo sem saber a hora


Se entrega toda aos meus devaneios
Não te busca pois perdeu os meios
E assim morrem os seus anseios
Por tão forte serem os meus receios.


José João

Deus, me responde?




Assim como louca no espaço perdida,
Como folha que o vento não deixa cair
Vai minha alma em sofridos prantos
Procurando por sonhos há muito perdi

Qual sombra apagada em noite escura
Escondida que está em sua amargura
Na lua de uma estrela a coitada procura
Um pouco de luz que lhe negue a loucura

Em voz reticente de mais pranto que canto
Sussurra um soneto que ainda não esqueceu
Murmura alguns versos mas no último grita
Deus, me responde? Que alma sou eu?

Pra rezar abre os braços, esqueceu a oração
Desespero incontido, se agita, se perde aflita
Na dor que lhe impõe a cruel solidão
Então cabisbaixa, olhos perdidos e deita no chão

Não importa que o tempo lhe pise, sem compaixão
Nem que a vida lhe tenha tomado qualquer ilusão
Ou que a sorte lhe vire as costas ao que há de vir
O que importa... Ficou guardado no seu coração.

José João 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Minha culpa?


As vezes me pego pensando
Em tudo que fiz ou não fiz,
O arrependimento que sinto
É não ter feito o que não fiz.
Talvez sentisse outras dores
Ou quem sabe eu fosse feliz
Talvez contasse outra história
Dos momentos que pude viver
... E não quis
Não sei se a culpa foi minha
Ou se se foi o destino quem fez
Dizer os tantos nãos que eu disse
Por medo de sofrer outra vez.
Mas quem pode me dizer agora
Se foi errado o que fiz?
Se a dor que sinto é maior
Ou se eu seria feliz.?


José João

Brincando com as estrelas





Ouvir estrelas cantarem alegres ao por do sol
Vindo aos bandos como pássaros voando ao léu
Talvez, como crianças brincando de brincar
Ou inocentes anjos com ternura enfeitando o céu


Ouvir estrelas chorando tristes ao nascer do sol
Indo aos bandos como pássaros voltando aos ninhos
Talvez, como crianças que triste pra casa voltam
Ou inocentes anjos que ao céu voltam sozinhos


Assim, das estrelas, conheço os tantos caminhos
Do por ao nascer do sol com elas passo a noite
Tanto é a dor que me aflige... da alma cruel açoite


De todas que aqui vêm de todas eu sei seus nomes
Conheço a cada uma posso até lhes traçar a rota
Quando elas se vão após brincarem na minha porta


José João



quarta-feira, 14 de março de 2012

A rosa e o rouxinol





Ao por-do-sol, triste rosa a chorar sozinha
Em sutis soluços na rubra face, pétalas macias 
Caiam lágrimas como gotas de doce orvalho
Que lhe deixava pendente, inerte, no frágil galho 


Febris sussurros como se a brisa lhe emprestasse a voz 
Permitindo à rosa contar ao mundo seu desencanto,
Mas denso silêncio, ao seu redor, se fazia tanto
Que a pobre rosa não ouvia o tão terno e mavioso canto


De um rouxinol que a vendo triste lhe trinou belo gorjeio
E no gorjeio perguntava:  Bela flor porque estás tão triste?
Tão belo rosto, rosadas pétalas, beleza de Deus divina
Porque estás tão triste, meu anjo? Bela flor  menina.


A flor surpresa, levantando os olhos meigos, mas ainda tristes
Ao rouxinol, com meiga voz, entre soluços lhe contou a dor
Que sentia por ser sozinha, embora bela, ninguém lhe via,
Nas noites frias dormia só e nas manhãs nenhum bom-dia


Calado, o rouxinol ouvia da bela flor a tristeza do seu queixume
E num trinado mais belo que qualquer um que já tenha dado
Olhou a flor bem nos olhos, olhos meigos de um rouxinol poeta
E à flor cantou a canção que só cantaria se estivesse apaixonado


De felicidade a rosa toda se desfez em lágrimas, e sua rubra cor
Mais rubra ficou ainda e... mais viçosa, e mais bela, brilhante até,
E o rouxinol por tão feliz deixou nos olhos duas lágrimas rolar
E todas as manhãs acorda a amada  com seu  mais belo gorjear.


José João









Outros caminhos





Outros caminhos, a percorrer, minha alma me impôs
Como se aqueles já percorridos de nada mais valessem.
Fez-me procurar outros horizontes, até desconhecidos
Na doce ilusão de viver momentos ainda não vividos


Pus-me a caminho, ia sozinho mas sempre indo sem paradas
Ia sobre passos ligeiros, devia haver algum lugar para chegar
Na pressa não deixei rastros que me mostrassem uma volta
Caso chegasse onde apenas  lágrimas tivesse para chorar


Minha alma me impunha mais rapidez no meu buscar
Talvez por medo de aos velhos caminhos voltar a caminhar
E ela ainda mais cansada e mais tristonha ter que  lembrar


Velhos guardados na lembrança, sonhos tristes, tristes  cantos
Que a fizesse sentar no nada buscando espaço e procurando
Lá dentro dela, da própria alma, velhas dores e novos prantos


José João



terça-feira, 13 de março de 2012

Partes de mim





Parte de mim é viver
Outra parte de mim é sofrer
Parte de mim é apenas lembrar
Outra parte de mim é chorar


Parte de mim é, entre sonhos, voar
Outra parte de mim é apenas buscar
Pedaços de mim que não sei onde estão
Ou pedaços de vida que se fizeram ilusão


Meus pedaços se foram em versos perdidos,
Poesias que se fizeram de histórias não lidas
Nas muitas lembranças das tantas dores sofridas


Parte de mim é a caça fugindo do predador
Outra parte de mim é a flecha do arco partindo
Buscando a caça que em mim vai fugindo.



José João

segunda-feira, 12 de março de 2012

Meus sonhos




Meus sonhos se foram nas águas dos rios,
Rios perenes que no mar se perderam
Meus sonhos se foram como lágrimas vivas
De sonhos, coitados, que nunca nasceram

Sonhos que um dia em nuvens perdidas
Se fizeram desenhos de tantas feridas
Que sangram na alma por tão fortes dores
Como se isto lhe fosse, do destino, favores

Esses favores que a vida diz ser menor o sofrer
Dizendo que dor bem maior poderia acontecer
Quem poderia saber? Calo, nada posso dizer

Assim os meus sonhos em tristes volteios se vão
Uns voando com o vento, outros os rios levando
Uns perdidos no tempo outros no tempo chorando


José João

Tatuagem



Há quem me dia que meu rosto é triste
Que de há muito não sei mais sorrir
Até me perguntaram com velada ironia
Se entre tantas tristezas um dia vivi


Calado me ponho pra não responder
Deixo que digam o que me queiram dizer
A mim só importa o que quero sentir
Se ser feliz é um sonho só quero viver


Dizem nunca me viram sem uma lágrima no olhar
Que em meu rosto, cativa, ela sempre estará
Que meu pranto é constante e não posso parar
Que é um tributo por tanto e apenas amar


Só chorei uma vez, se dizem mentira, não sei
A tristeza em obra de arte deixou as imagens
No rosto pintada, perfeitas me enganam também
Tão bela é a arte, que lágrimas viraram tatuagens.


José João

Um grito que seja



Grita, que importa que outros ouçam tua voz
Maldito seja o silêncio que ao mundo deixa mudo
Grita, deixa que pelo menos ouçam tua fala
Sem tua voz para ouvir em mim o mundo se cala


Grita, um canto sutil que seja, ao vento
Que atento com a alma ouvirei teu canto
Diz, por favor, se ainda algum dia te encontro
Diz o que queira mesmo que o dito cause pranto


Não importo que haverás de me dizer
Qualquer dizer que digas só quero te ouvir
Se de teus lábios incompreensível sussurro sair
Vou pensar que dizes dos momentos que vivi


Oh Silêncio atroz! Assassino que não fala
Não é tua a culpa é do silêncio que me cala
Oh! Temor que em desespero me toma o sentir
E o medo de pensar que não mais estejas aqui!


José João 

domingo, 11 de março de 2012

Intensamente




Amo e vou  amar sempre
E sempre mais intensamente
Que se por tanto ou de tanto
E após tanto vir a chorar
Será esse apenas o inicio
De um  pranto que virá
Entre os amores que ainda
Haverão de ser sentido.
Vou amar a cada amor
Tanto e tão intensamente
Que as lágrimas deixadas
Pelo outro em minha face
Não saiam totalmente. 
E a cada um darei bem mais
Tanto mais, que ao primeiro
Restará o esquecimento
Que a um outro que virá
Ao segundo apagará, e assim
Continuarei amando intensamente
E sempre. E para sempre
Terei a esperança
De que será mais forte o amor
Que ainda haverá de ter.
Tão forte que não seja intenso
Não seja infinito nem eterno
Seja apenas perfeito.


José João

As quatro estações





Quem mais que meu coração
Para as flores entender
Escolado pelo pranto
Pela vida do sofrer


Jamais dividiu o ano
Por meros meses passados
Mas pela beleza do tempo
Em sua alma guardados


No outono caem as folhas
Caídas no chão como eu
E então choramos juntos
O tudo que se perdeu


Primavera também choro
Embora nascidas as flores
Suas belezas me lembram
A perda de meus amores


Sol ardente, é verão
Ainda meus olhos choram
Minhas lágrimas não veem
Porque logo se evaporam


No inverno muita água
Até orações lhe devotam
Mas essa chuva é apenas
Minhas lágrimas que voltam


José João

Eu e o mar





Em ondas mortas, a clamaria, meu barco dorme...
Vela caídas no lastro triste, banhado em prantos
E a brisa leve brinca com as gaivotas
Enquanto procuro no mar sereno venturosas rotas


Em mar bravio com velas soltas até navegue
Mar como vida, velas de sonho e eu naufragueii
Em ondas gigantes que a mim sugavam até que nadei
Em porto perdido de um mar revolto eu aportei


Hoje o mar tão sereno, até me assusta; até já não sei
Se devo partir, se devo sonhar o que já sonhei...
Se devo ficar, ficar e lembrar o que já chorei


Que rota eu tomo, em que  horizonte vou navegar?
O medo me toma de outra vez poder naufragar
Também já não sei se revolto sou eu ou se é o mar.


José João

Eu ou Você?





Eu? Eu sou o que nunca quis ser
Ou o que não sei que sou
Talvez eu seja a nata do resto
Talvez eu seja um príncipe
Talvez eu seja o resto do resto
Ou quem sabe eu seja um rei?
Se sou o dono do lixo, não sei
Se fui uma estrela cadente, morri
Se fui uma história alegre, sorri
Se fui um amante do tempo, vivi.
Talvez eu seja uma saudade perdida
Uma saudade que ninguém percebeu
Ou quem sabe eu seja o brilho do sol
Ou uma mosca brincando de pirilampo
Talvez eu seja um verso sem nome
Uma estrofe sem rima
Ou a poesia que ninguém ensina
Talvez eu seja você
Que chora escondido pra ninguém lhe ver
Que se faz de zangado pra poder se esconder
Que tem medo de amar porque diz que é sofrer
Que admira quem ama e diz que é viver.


José João

sábado, 10 de março de 2012

Que sentindo teria...





Que sentido teria minhas poesias
Se não falassem de dor, solidão e vazio?
Que nelas, então, seria maior verdade?
Não é isso o melhor produto da humanidade?


Como falar de sonhos ou de terna inocência?
Como falar da meiguice de olhares apaixonados?
O sonho, hoje, é apenas mera carência
E a terna inocência, pensamentos atrofiados


Os olhares apaixonados se perdem na solidão
As lágrimas se fizeram muito mais lágrimas
São gritos estridentes gritados com o coração


A dor? Voa por ai livre em pleno e eterno cio
Os pensamentos se perdem em vontades indecentes
E o amor?! Coitado, se afoga num mundo vazio.


José João

Teu perfume





Dá-me , oh flor um beijo apenas que seja
Pra que dela, os lábios, eu me lembre
Como tu, rubros, macios e perfumados
Ou como orvalho pela madrugada chorado


Deixa que te adore em êxtase infinito
Embora de mim ouças prantos e queixumes
E tão bem me fazes dela me lembrar
Que direi igual ao dela o teu perfume


Se de tão triste em tuas pétalas chorar
E uma lágrima, que seja, te molhar
Desculpa, mas não foi por meu querer
Tanto te pareces que me lembro de viver


Se um dia o tempo te fizer fenecer
Deixa teu perfume solto ao vento
Embora saiba que efêmero o teu será
E que o dela sempre em mim existirá


José João

sexta-feira, 9 de março de 2012

O rouxinol





Aquele rouxinol 
Que canta em tua janela,
Foi ele que roubou minha voz
Me deixou apenas o pensamento
E a vontade de te dizer
Tudo que agora ele diz.
Ouve. Que belo o seu canto
Entretanto são minhas palavras
Que ele com sutileza transformou
Em belas notas musicais.
Admiras certamente do seu cantar
A beleza, mas é que neste canto
Estão as mais belas palavras
Que um dia sonhei te dizer.
Ouve. Escuta do rouxinol
A maravilha do seu canto. Mas olha
Sempre ele se vira para o lado, 
É lá onde estou escondido
É que ele sempre repete
O que quero te dizer.
Como minhas palavras são únicas
As mais belas que poderia imaginar
Que pudesse traduzir 
Tudo que sinto por ti,
Mas para embelezar o momento
Pedi que ele cantasse
Enfeitando com música a poesia
Para que jamais esquecesses.
Mas os outros rouxinóis
Ao ouvirem este canto, 
Estas minhas palavras, 
Também quiseram aprender
E com a beleza aprenderam.
Então, por onde andares, 
Se ouvires o canto de um rouxinol
Sorria e sonha comigo, pois são
Minhas palavras, que esse 
Rouxinol amigo está te dizendo outra vez.


João João





quarta-feira, 7 de março de 2012

Doce encanto





Doce encanto é tua imagem em meu pensar
Quando me vens sem que eu peça, sem esperar
Tão forte é tua presença ainda dentro de mim
Que penso ser verdade e me ponho a te chamar


Grito teu nome ao mundo como oração que aprendi
Até o vento, teu perfume, e por inveja, nele se vestiu
E passa orgulhoso entre ruas provocando nos jardins
Rosas e jasmins dizendo: Perfume assim nunca existiu


Nessa hora minha alma se alvoroça em tristes prantos
Soluça suas dores como se fossem tristes cantos
E ao vento tenta abraçar lhe contando os desencantos


Nesse momento me sinto apenas um pobre coração
Indo ao tempo procurando todos os momentos que vivi
E voltando sobre as lágrimas pelo tudo que perdi.


José João







terça-feira, 6 de março de 2012

Monólogo de Deus





Deus, sentado sobre uma pedra 
em  frente ao pôr-do-sol, 
o pôr-do-sol  mais belo 
que Ele  havia   criado.  
Para pensar... meditar...
Com a fronte entre as mãos  
revivia tudo de belo 
que havia feito 
Lembrava dos pássaros, 
das flores, árvores, 
os rios caudalosos, 
 sabia que tudo era belo mas...   
Deus não se  sentia  feliz, 
Faltava  alguma  coisa,  
e  Deus  pensava   e perguntava: 
O que falta na minha criação?
Ah! Falta ternura,  
mais  beleza,  mais candura.
Falta um ser que  saiba dar  vida,  
que  faça da   bondade  uma  existência. 
Tudo que fiz, disse Deus, 
é belo mas não está completo.
O que falta? 
Amor, amizade, ternura, 
solidariedade,gratidão, 
paz, carinho, paixão, dedicação,
Falta a conjugação natural 
de todas as  belezas... 
E num sopro da mais divina inspiração...
... Deus criou a MULHER!


José João

segunda-feira, 5 de março de 2012

Onde estão meus momentos?





Doces sonhos que me trazem de tão longe
Lembranças que me deixam a alma triste
Pois do sentimento que a vida iluminava
Ficou a dor que morar em mim insiste


Quantos sonhos perdidos no meu pranto
Mesmo a saudade acalentando minha alma
Minhas lágrimas, dos olhos, sem licença
Me escondem o mundo e me levam até a calma


O horizonte sem sentido em mim se fez
Quando o sol sonolento a ele busca
Da beleza que um dia extasiava meu olhar
Hoje triste, baixo os olhos pra chorar


Onde estão meus momentos? Minha vida?
Se perderam de mim, não os encontro
O olhar, o perfume que doce me envolvia
Me abrindo a vida pra viver um outro dia


Que tempo, que destino, a mim cruxificou
Em invisível cruz de solidão cruel e triste
No peito a lança fria da dor de uma saudade
Nos olhos o pranto por tão dura realidade


Me perco no tempo em devaneios que me levam
A alma adormecida cantando seus desencantos
Em sutis sussurros que só ela mesma ouve
Quando me permite os espasmos do meu pranto.


José João

Como a nuvem





Qual nuvem solta ao vento indo embora
Sem vontade apenas indo sem saber
Que rumo lhe dá o vento que lhe faz
No espaço, do tempo, se perder


Que desmancha no infinito sem chegar
Onde ela pensava o vento lhe deixar
E se divide em pedaços que se perdem
Como se fossem lágrimas a chorar


Pobre nuvem cruelmente, pelo vento, dividida
Como se fosse apenas pedaço dela mesma
Que não chega, que morre, que esquece
Da própria dor de que tanto ela padece


Como a nuvem, minha alma também vai
Perdida ao tempo em pedaços e em prantos
Em chagas rubras de tanto sangue perdido
Como se a morte lhe tivesse esquecido


Que dor minha alma sente e agora chora
Em prantos tão doídos que implora
Ao destino que lhe deixe onde está
Ou que de uma vez lhe mande logo embora.


José João

Cálida alma




Gélido silêncio que à alma silencia
Que a deixa inerte em perdidos sonhos
Já quase mortos em lembranças tristes
Que até esquece de que a vida existe


Atoa ao mundo, moribunda ao tempo
Cantando ais de prantos em lamentos
Ouvindo em agonia o eco do seu grito
Como se voltasse de além do infinito


Pálido som que agoniza em sussurros
Em cálida alma que tropeça em seus martírios
De tantos prantos que nos campos em estio
Encharca a terra se fazendo de um rio


Assim minha alma como nuvem em forte vento
Que vai ao léu se desfazendo lentamente
Na agonia seu grito morre amordaçado
Porque pra ela amanhã já é passado.


José João



Devaneios que sonhei





Não te busco nunca mais em meus sonhos
Pois estás em cada um dos meus momentos
Nas lembranças também não te busco mais
Percebi que sempre estás nos meus pensamentos


Na brisa, sinto teu perfume e me envolve
Me toma, me extasia como se fosse a vida
Me deixo ser levado mansamente pelo tempo
E me volta o eco te chamando de querida


Voo em pensamentos que me levam e me deixam
Em algum lugar que penso tu estás
Sem teu rastro apenas pelo sentir da alma
Te sigo pela esperança que a ela tu me dás


Por vezes me perco de mim mesmo sem saber
Me perguntando o que a alma pode fazer
Que emoção sentiria ao te encontrar
Te diria: Eu te amo? Ou me poria a chorar?


De repente dos sonhos a saudade me acorda
Espanta os devaneios que sonhei, e agora?
Que fazer do pranto que guardei para chorar?
Que fazer da vida se não posso te encontrar?


José João

domingo, 4 de março de 2012

Que o tempo me ouça



Em frente ao tempo sento calado
Me pergunto em silêncio onde estou
Calo meu grito em desespero contido
Por não saber nem mesmo quem sou

Solto o pensar a toa no mundo
Pensamento cavalga em espaço profundo
Vago o olhar num horizonte perdido
E sinto no peito um leve gemido

De dor que não mata entretanto não vivo
De dor que maltrata e me deixa cativo
Da solidão que chega e que fica
Com uma saudade que me deixa passivo

Não luto, me sento e espero do tempo
Que me traga de volta o que há muito perdi
E se hei de esperar que o tempo me ouça
Tomara que o tempo se lembre de ti.

José João

Te ouço com a alma





Vem em mim da brisa leve tua voz
Em sussurros que me deixam dor atroz
Porque o vento fielmente não traduz
A beleza que havia em tua voz


Me torno atento em todos os sentidos
Na tentativa de ouvir o teu gemido
E me entrego todo e pleno ao ouvir
Mas o vento me chega deveras tímido


Aguço o sentido a ti escutar
Um lamento é o que penso então ouvir
Mas o sussurro todo se perde em vão
Então tento te ouvir com o coração


Aí ouço palavras fortes e ardentes
Num pulsar trepidante que até então
Não sabia ainda puder sentir
Este triste e magoado coração


Assim a mim me propus e sem reservas
Me entregar todo, pleno e intensamente
A ouvir o vento com expressiva calma
Pois certamente te ouço é com a alma!


José João





sexta-feira, 2 de março de 2012

Minha voz





Quero ficar só comigo mesmo...
E me ouvir.
Contar a história dos amores 
Que já vivi
Ouvir da minha própria voz 
Que fui feliz
Dizer pra mim mesmo
Coisas que ninguém diz
Quero me ouvir falando
Dos amores que senti
Quero me encontrar
Com as saudades que perdi
Quero entender o que me aconteceu
Dos tantos amores que tive
Nenhum sobreviveu...
Será que é meu destino viver só?
Ninguém me respondeu...
Mas pra enganar a solidão
Finjo que minha voz sou eu.


José João