quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Eu e a solidão


Um dia eu e a solidão conversando...
Admirados? Somos velhos camaradas!
Ela contou histórias que escutou do tempo
Histórias de amor e lágrimas derramadas

Contou de amores perdidos e sonhos vencidos
Desencontros de corações que um dia viveram
Dentro de histórias contadas entre sonhos
Sonhos que se fizeram tristes e logo morreram

De repente a solidão me olhando triste
Pôs suas mãos macias sobre meus ombros
E disse: Amigo, ainda bem que você existe!

Não tem coração melhor pra mim neste mundo
Dentro dele sou viva não preciso nem ter voz
Te entendo, te escuto mesmo se estás mudo.

José João

Assim sou eu

Qual folha rolando triste com o pó do chão
Qual ave que chora um canto por ser tão só
Qual um náufrago abraçado pela solidão
Ou uma planta num canto murcha por não ter sol

Assim sou eu, caminhando lento sem horizonte
Seguindo longos caminhos que nunca vi. E ter
Meu canto indo com o vento por sobre os montes
Deixando lágrimas se fazerem rios e no chão correr

Assim vou seguindo estradas que o destino fez
A noite contando estrelas de mim me esqueço
Choro, e cada soluço é uma dor que talvez mereço...

Se durmo meus sonhos teimam em não chegar
E se vêm, chegam confusos sem um começo
Chegam no fim do sonho quando já vou chorar...

José João

Ter por apenas ter...


Ter por apenas ter, sem amor não é viver
É o mesmo que estar só, com um vazio dentro da gente
Com se tudo fosse tão pouco ou mesmo nada fosse
Até a alma chora triste por se sentir tão carente

Ter por apenas ter, sem amor não é viver
É como ter um livro sem ter aprendido a ler
É não falar nada daquilo que se quer dizer
É estar fingindo risos estando a alma a sofrer

Quero ter, mas amando, ainda que chore depois
Ter pelo menos uma história do que fui
E se sentir saudade um dia que seja por dois

Assim fico a esperar gritando dentro de mim
Que venha alguém com amor para dar e receber
E por mais que se tenha  mais ainda possamos ter

José João

Paixão terna e louca



Queria poder te abraçar, te beijar os lábios
Sussurrando poesias pra te fazer dormir
Te contar  histórias de desejos, de amores
Histórias inocentes que te fizessem rir

O que, querida, não faria pra te botar no colo,
Te olhar nos olhos e deixar que eles falassem
Que gritassem em tua alma ternamente: te amo!
E que nesse instante as palavras calassem...

Como se não existissem, como se fossem poucas
E nossas mãos nos tocassem vendo nossos corpos
Sentindo o desejo dessa paixão terna e louca!

Nesse instante minha alma aberta te abre os braços
E meu coração desperta vibrante sem nenhum cansaço
E nossos corpos com sede nos cingem num abraço!

José João

Sonhos de ontem



Meus sonhos de ontem tão distantes
Me vem todos sem deixar um vazio
Vêm trazidos por lembranças constantes
Como se minha saudade estivesse no cio


Sonhos de barbas longas e brancas, caducos
Tão caducos que se acham sonhos de ontem
Brigam quando digo que até estão surdos
E por tanta carência até eles mentem


Os sonhos de hoje que insisto em sonhar
Ficam por ai como se não fossem preciso
Os de amanhã, pobre de mim ficaram indecisos


Por isso me vem sonhos caducos, distantes
Sonhos sonhados quando ainda era criança
Sonhos que hoje não são nem mais esperança!


José João



Quem já viu?





Quem já viu minha dor chorar?
Minha carência pedindo afeto por ai?
Quem já viu minha solidão pedir companhia?
Ou minha tristeza por ai pedindo alegria?


Quem pintaria um quadro retratando meu desencanto
Monet?! Talvez se houvesse tinta para tanto
Quem faria um poema para essa angústia toda?
Ninguém! Para ela qualquer palavra é pouca


Um dia já viu minhas lágrimas soltas
Como se fossem vadias brincando em meu rosto?
Ou minha saudade chorar por desgosto?


Quem nesta vida já viu minha aflição?
Correndo em desespero entre mágoas e prantos?
Quem a mim já viu macambúzio pelos cantos?


José João

Pedaços infinitos





Ah! As flores! Pedaços infinitos de Deus,
A meiguice terna e a beleza doce das violetas
Que se fazem inocentes, se fazem crianças
E se deixam acariciar pelas frágeis borboletas

Meu Deus! As orquídeas! Frágeis fadinhas divinas
Coloridos anjos do céu, por descuido, na terra caídos,
Na verdade, são pedaços completos de Deus
Pedaços dos céu que nunca serão colhidos

Cravos, antúrios, azaleias, margaridas e jasmins
Chegam aqui na terra por um suspiro de Deus
Pois todas elas um dia foram anjos e querubins

Ah! Essas flores que nos dão alegria e calma!
Esses maravilhosos pedacinhos infinitos de Deus!
Bem mais que os homens, elas tem amor e alma

José João

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Poesia sem nome


Porque a poesia tem que ter um título
Se a dor não tem um nome?
Tem apenas um começo, sem fim,
Sem sobrenome.
Porque a poesia tem que ter um título
Se das minhas lágrimas apenas eu sei.
E essa dor só eu chorei?!!
Porque nomear com título uma dor
Se nem eu sei se é mesmo dor,
Pode ser uma carência atrevida
Que a alma diz ser desamor?
Que título daria a uma dor,
Uma dor que vem de longe
Se perguntada desde onde
Ela cala e não responde?
Que título daria a uma dor
Que me faz chorar em poesia,
Me faz gritar duras blasfêmias,
E me faz ser oração, injuriosas heresias?


José João
18/02/2.023